22/11/2017

Brasil precisa de um governo 4.0 – Por José Ricardo Roriz Coelho

 Dados do sensor laser 3D do Carina (Carro Robotico Inteligente para Navegaçãoo Autonoma), desenvolvido pela USP de São Carlos

Neste momento em que as atenções se voltam cada vez mais para as eleições presidenciais de 2018, os brasileiros deveriam colocar na pauta de debates a necessidade de o Brasil adotar um governo 4.0, que privilegie a eficiência e a tecnologia na implantação da indústria 4.0 em benefício de toda a sociedade.

Tal prioridade é clara para quem, como eu, acaba de chegar de uma exposição tecnológica na Rússia com presença significativa de países europeus e asiáticos e de uma visita a empresas do Vale do Silício.

Os Estados Unidos e a Alemanha, referências globais em alta tecnologia, têm produzido soluções para empresas na vanguarda da indústria 4.0. Também têm ampliado os investimentos nos últimos anos.

O Brasil, infelizmente, vem sofrendo quedas consecutivas da taxa de investimento e corre o risco de chegar atrasado para a quarta revolução industrial.

A indústria 4.0 abrange várias tecnologias e soluções que se integram na organização de uma empresa. É um universo em que têm lugar conceitos como big data, inteligência artificial, internet das coisas, manufatura aditiva, realidade aumentada, robótica, sensores inteligentes, entre outros.

A combinação de um ou mais deles promoverá um salto na competitividade dos setores que os incorporarem. Para a maioria dos empresários brasileiros, esse é um mundo de ficção científica. Para seus pares nos países mais desenvolvidos, no entanto, essas já são questões do dia a dia.

Em diversos países, o Estado e o setor privado têm desempenhado papel importante para desenvolver essa indústria. Desde 2012, o governo dos EUA já investiu pelo menos US$ 600 milhões na criação de uma rede de institutos para inovação e manufatura avançada.

Já a Europa planeja investir US$ 1,4 trilhão em 15 anos e a China, US$ 1,1 trilhão nos próximos anos. No Brasil, as iniciativas para promoção da indústria 4.0 ainda são muito tímidas, e a taxa de investimento, que já era baixa, caiu 5,3 pontos percentuais desde 2013, chegando aos atuais 15,6% do PIB, menor nível dos últimos 20 anos.

É preciso reverter essa tendência. Caso contrário, há risco de a economia brasileira se especializar ainda mais nas atividades de baixo valor agregado. É fundamental que o próximo governo se qualifique como moderno, integrado, eficiente e comprometido com o desenvolvimento da indústria 4.0.

A melhor maneira de se corrigir seu deficit orçamentário não é aumentando a carga tributária, e sim melhorando sua eficiência, reduzindo custos e melhorando a qualidade do serviço público.

Para a indústria do plástico, perder essa oportunidade gerada pela indústria 4.0 é especialmente lamentável, pois ela requer muitos produtos feitos a partir do plástico, como drones e embalagens inteligentes. É necessário que as empresas estejam preparadas para investir na modernização das suas fábricas, fomentando o ciclo virtuoso de geração de empregos, investimentos e inovação, rumo à quarta revolução industrial (José Ricardo Roriz Coelho é presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) e um dos vice-presidentes da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo); Folha de S.Paulo, 22/11/17)