Clima afeta soja, e produção deverá ser inferior à do ano passado
AgRural refaz previsão, e produção brasileira poderá recuar para 117 milhões de toneladas.
As expectativas de que o Brasil viesse a se tornar o maior produtor mundial de soja, desbancando os Estados Unidos, não devem confirmar-se nesta safra 2018/19.
Estimada inicialmente em até 130 milhões de toneladas por algumas consultorias, a safra poderá ficar próxima de 117 milhões, inferior à do ano passado, que foi de 119 milhões.
A AgRural é uma das consultorias que estão revisando para baixo os números da produção. Até o final de novembro, a agência previa uma safra de 121,4 milhões de toneladas. Refez os cálculos para 116,9 milhões nesta quarta-feira (9).
A irregularidade das chuvas e o calor do mês passado em algumas das principais regiões produtoras, como Paraná e Mato Grosso do Sul, tiraram do Brasil a chance de ter mais uma safra recorde, segundo avaliação da AgRural.
A consultoria mante a previsão de plantio de soja em 35,9 milhões de hectares no país, mas reduziu a estimativa de produtividade de 56,4 sacas por hectare, estimada em novembro, para 54,3 atualmente.
As altas temperaturas afetaram também a produção de milho, agora estimada em 21,3 milhões na região centro-sul. Assim como ocorrerá com a soja, as maiores perdas de milho estarão no Paraná, prevê a consultoria.
As notícias de quebra de safra de soja no Brasil vêm movimentando lentamente para cima os preços em Chicago.
Daniele Siqueira, analista da AgRural, diz que essa alta se confirmará apenas se houver uma redução de safra mais consistente nas próximas semanas.
"A safra ainda está aberta e muita coisa poderá acontecer", diz a analista. Tanto o clima poderá melhorar, e garantir uma boa produção, como piorar, afetando outras regiões produtivas.
A produção de soja dos Estados Unidos atingiu mais um recorde, ao somar 125,2 milhões nesta safra 2018/19. Com as portas da China praticamente fechadas para as exportações dos EUA, devido à guerra comercial entre os dois países, os americanos terão estoque recorde de 26 milhões de toneladas no final de agosto, quando termina o ano-safra.
Só se o Brasil, segundo maior produtor mundial, tiver uma quebra muito acentuada para uma movimentação maior dos preços no mercado (Folha de S.Paulo, 10/1/19)