05/12/2017

O 'café especial' brasileiro é um mercado em plena expansão

colhe café de propriedade familiar em Forquilha do Rio, município de Dores do Rio Preto, no Espírito Santo.

No ano passado, a produção de cafés brasileiros de qualidade superior chegou a 8 milhões de sacas, 54% a mais que em 2015.

Brasil produziu 51,37 milhões de sacas de 60 kg, 85% de café comum, apreciado pelas grandes companhias de torrefação.

Mas agora está se firmando no mercado dos cafés especiais, produzidos com um cuidadoso processo de seleção e tratamento dos grãos de tipo arábica.

Na escala internacional de qualidade estabelecida pela Speciality Coffee Association of America (SCAA), que avalia o aroma, a acidez, a suavidade e a homogeneidade da infusão, os cafés especiais brasileiros recebem pontuações de mais de 80 pontos em 100.

No ano passado, a produção de cafés brasileiros de qualidade superior chegou a 8 milhões de sacas, 54% a mais que em 2015, segundo dados da Associação Brasileira de Cafés de Especialidade (BSCA).

Em 2018, o Brasil deve superar a Colômbia como primeiro produtor mundial deste tipo de grão, de acordo com a entidade.

A ABSCA organiza desde 1999 concursos regionais e nacionais - entre eles o Cup of Excellence, convertido uma referência mundial - que reforçarão o prestígio dos cafés especiais do país.

Um número crescente de cafeicultores e, em particular, de plantações familiares, entrou neste nicho do mercado, com uma demanda mundial que cresce cerca de 15% por ano, enquanto que a de café comum só registra um aumento de 2%.

O trabalho é mais exigente, mas acaba recompensado: a saca de café especial é vendida por mais que o dobro do preço do café tradicional.

Os produtores apostam, além disso, na valorização das indicações de origem geográfica do grão.

Atualmente, essa classificação abrange apenas cinco regiões brasileiras, entre elas a do Cerrado Mineiro, a única beneficiada por ela desde 2014 (G1, 4/12/17)

 


Problemas climáticos reduzem apostas pessimistas no café

Excesso de chuva na Colômbia, muito pouca no Brasil. As safras de café da América do Sul foram afetadas pela confluência de extremos, sinal de que a oferta será mais restrita que o esperado.

O clima adverso está abalando a confiança dos hedge funds, que há menos de um mês mantinham aposta recorde na queda dos futuros do café arábica. Em vez disso, os preços registraram dois ganhos semanais consecutivos, atingindo a maior alta em dois meses em 30 de novembro. A recuperação inesperada forçou gerentes de recursos a desistirem das apostas negativas.

“Considerando os fundamentos atuais, a mudança no arábica está justificada”, disse Ben Ross, um dos gerentes de estratégia para portfólios de commodities em Nova York da Cohen & Steers Capital Management, que administra US$ 61,6 bilhões. Os traders haviam “se tornado complacentes demais porque todos esperavam uma safra monstruosa no Brasil e muitos desconsideraram o fato de que não tivemos o clima perfeito. A demanda também tem sido boa, especialmente nos mercados emergentes. As pessoas se apaixonaram pela história do bear market, mas há defeitos em seus argumentos de defesa.”

No período de uma semana que terminou em 28 de novembro, os gerentes de recursos reduziram as posições compradas líquidas, ou seja, a diferença entre as apostas no aumento e no declínio do preço, para 40.766 futuros e opções, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA divulgados três dias depois. O número contrasta com 47.229 da semana anterior.

Veja o que os traders observarão:

Safras da América do Sul

A produção deste ano será inferior às previsões na Colômbia, país que é o segundo maior produtor de arábica, atrás do Brasil, porque a chuva em excesso prejudicou o florescimento, e não está claro a que ponto os dilúvios afetarão a colheita de 2018, segundo Roberto Vélez, CEO da Federação Nacional dos Cafeicultores do país.

A safra brasileira 2017-2018 foi menor que o esperado porque o clima seco prejudicou as plantas, segundo a Ecom Trading, a segunda maior trader de café do mundo. Ao mesmo tempo, uma infestação anormal por brocas-de-café reduziu o tamanho e o rendimento dos grãos, diminuindo a produção e possivelmente gerando ramificações na safra do ano que vem.

Estoques

A produção brasileira ficou abaixo da média dos últimos três anos porque as plantações tiveram dificuldades para se recuperarem da seca devastadora de 2014. Devido à demanda robusta, os estoques globais vêm encolhendo e deverão atingir o menor nível desde 2011, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA. Isso deixa menos folga caso as safras sul-americanas continuem enfrentando problemas climáticos.

América Central

Ainda há tempo para recuperação da safra do Brasil se as chuvas retornarem nos próximos meses. As colheitas abundantes dos produtores da América Central, liderados por Honduras, também podem ajudar a compensar os declínios da América do Sul. Além disso, os amplos estoques dos países importadores continuam pressionando os preços, disse Hernando de la Roche, vice-presidente sênior da INTL FCStone em Miami. Os futuros em Nova York caíram 5,5 por cento neste ano até sexta-feira.

“O mercado aguardará uma clareza maior em relação à safra”, disse De la Roche. “As chuvas serão muito importantes em janeiro e fevereiro” (Bloomberg, 4/12/17)