24/11/2017

WEG é acusada de concentração de mercado

WEG é acusada de concentração de mercado

Prestes a receber um parecer  da Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a aquisição da fabricante de turbinas TGM pela produtora de motores WEG é alvo de críticas pelos fabricantes de redutores, motores e turbinas.

Eles acreditam que, com a operação conjunta das duas companhias, a possibilidade de ‘venda casada’ é muito grande e pode expulsar concorrentes do mercado.

O temor de concentração de mercado é mais visível entre as companhias de menor porte do setor de máquinas e equipamentos, mas alcança também a gigante alemã Siemens, e todos tentam provar aos técnicos da autarquia que haverá dano ao mercado se a operação continuar sem restrições.

Procurada, a WEG preferiu não comentar o assunto. Em resposta a questionamentos do Cade, afirmou que seus equipamentos são usados como insumo na montagem de sistemas pela TGM, que não está disponíveis de modo avulso no mercado.

Além disso, lembra que a quantidade de produtos adquiridos para os sistemas da TGM é ‘muito pequena’ em comparação com a oferta total de motores e motoredutores da companhia.

Além disso, a fabricante de motores argumenta que a operação, na verdade, eleva a competição. Com a absorção da TGM, será possível à WEG fabricar turbogeradores e entrar em um mercado dominado pela Siemens e pela americana General Electric (GE). ‘A Siemens pretende evitar a formação de um novo concorrente. Todos os argumentos trazidos pela Siemens para contestar a operação carecem de base fática e deve ser desconsiderados pelo Cade’.

‘Em nossa visão, algumas medidas que as próprias empresas às vezes trazem ao Cade são incipientes, especialmente as comportamentais’, diz Mauro Cardoso, presidente da fabricante de redutores Zanini-Renk, único terceiro interessado no ato de concentração. A empresa tem receita bruta anual de R$ 130 milhões e emprega 340 pessoas.

“Entendemos que a aprovação não deveria ocorrer. E o ponto principal é que concentra o já frágil mercado de redutores no Brasil, contribuindo para a exclusão de rivais’, afirma.

Após a Zanini ser acolhida no processo como interessada, outras companhias se manifestaram contra a aquisição, ou ao menos demonstraram preocupação com uma possível concentração. Turbimaq e Siemens compartilham do receio da Zanini, enquanto grandes clientes dos setores sucroalcooleiro e mineração, apurou o Valor, admitem que pode haver ganho de poder de mercado com a verticalização.

‘É uma combinação de uma posição dominante com um mercado verticalmente relacionado’, reclama Cardoso. ‘Os clientes já adquirem pacotes e conjuntos em momentos iguais, lhes propicia descontos na cogeração, por exemplo. Essa dinâmica já propicia venda casada e a união facilita subsídios cruzados’, completa.

Na sua petição, a Siemens afirma que, mesmo motores sendo classificados como ‘insumos’ ou ‘sistemas auxiliares’, permanece o fato de que podem fazer parte de soluções de cogeração. Além disso, a importação dos motores não se mostra viável, muito por conta de custos de transporte e papelada;

‘WEG e TGM tornam-se gigantes com poder extraordinário em cogeração de energia, sobretudo’, diz José Roberto Stockman, proprietário da Turbimaq – que emprega 180 funcionários na fabricação de turbinas de menor potência. ‘As duas venderão todo um conjunto e poderão fornecer descontos mais facilmente. Ajudaria se – o Cade – impusesse uma delimitação de qual voltagem eles poderão vender, por exemplo’, sugere (Assessoria de Comunicação, 23/11/17)