Agronegócio contratou mais do que demitiu em 2020, diz Caged
O mercado de trabalho em geral tem sido muito atingido pela pandemia, mas como em outras crises, o agronegócio se destaca no sentido oposto. Foram criadas 62,6 mil vagas no primeiro semestre, se comparado ao mesmo período em 2019.
O mercado de trabalho em geral tem sido muito atingido pela pandemia, mas como em outras crises, o agronegócio se destaca no sentido oposto.
A Larissa Soriano está numa nova fase da vida. Ela vendia espetinho num trailer, mas perdeu clientes com a pandemia. Agora trabalha numa usina de etanol, em Sorriso, no Norte de Mato Grosso.
“Quando chegou a época da pandemia, nós estávamos completando um ano de funcionamento, que foi quando eu tive que fechar. E desde então, eu fiquei dois meses desempregada. Foi quando apareceu a oportunidade de trabalhar aqui”, conta a encarregada de produção.
E mais gente está aproveitando as novas oportunidades no agronegócio brasileiro.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged, o setor econômico contratou mais do que demitiu em 2020. Foram criadas 62,6 mil vagas no primeiro semestre, se comparado ao mesmo período em 2019.
No Centro-Oeste, que tem a maior produção de grãos e carne no país, o agro compensou inclusive as perdas de vagas em outras áreas, gerando um saldo positivo para região de mais de dez mil empregos.
Uma cooperativa que armazena a soja e o milho que saem das fazendas - está lotada. Nesta época do ano, 30% do milho estocado são transportados para as usinas de etanol, e a maior parte é levada para os portos. De lá, o cereal é enviado pra dezenas de países no mundo.
O IBGE prevê uma safra recorde de quase 247,4 milhões de toneladas de grãos no país. Tanta produção, que falta espaço para estocar tudo. Bom para o empresário Marcelo Camilo, que está contratando funcionários para construir silos em fazenda.
“A maior parte dos nossos clientes, 'querem' fazer benfeitorias ou melhoras nas estruturas, então a gente engloba 80 pessoas, é garantindo sustento no período de uma obra como essa”, comenta.
Segundo o especialista em grãos, João Birkhan, a necessidade por alimento no mundo e a desvalorização do real frente a moedas estrangeiras, devem manter o agro em alta, mesmo com a pandemia.
“Nós estamos aumentando a exportação, a demanda do mercado internacional é muito grande e os preços estão compensadores. Isso significa que não haverá nesse seguimento nenhum desemprego. Pelo contrário, deverá aumentar até a procura de mão de obra, contribuindo para a manutenção de empregos em outros seguimentos e o melhor de tudo é que nós temos uma previsão para 2021 tão boa ou até melhor do que 2020” (Jornal Nacional, 1/8/20)