Algodão: Análise Agromensal Cepea/Esalq Novembro 2019
Com agentes priorizando os embarques aos mercados externo e interno e diante da baixa oferta no mercado spot nacional, especialmente de pluma de qualidade, os preços do algodão subiram com força no correr de novembro. Entre 31 de outubro e 29 de novembro, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, avançou 6%. Esta foi a maior valorização mensal desde maio/18,quando o Indicador teve alta de expressiva,de 12%.
No spot nacional, poucos agentes estiveram ativos e as negociações envolveram pequenos volumes, com lotes que possuíam ao menos uma característica. Já a comercialização antecipada apresentou bom ritmo, principalmente com indústrias se abastecendo para o primeiro semestre de 2020. No geral, mesmo com alguns compradores ofertando valores inferiores aos pedidos por vendedores, agentes com necessidade de recebimento cederam e pagaram valores mais altos, principalmenteem negóciosenvolvendo plumade melhorqualidade.
MERCADO INTERNACIONAL
O mercado externo – que, vale lembrar, já se mostrava atrativo em outubro, quando as exportações de pluma atingiram recorde – esteve bastante favorável ao produtor brasileiro em novembro. Esse cenário foi resultado da forte valorização do dólar frente ao Real entre 31 de outubro de 29 de novembro, de 5,56%, que elevou a vantagem da exportação em detrimento do mercado doméstico. Nesse sentido, apesar de a média de novembro do Indicador, de R$ 2,5706/lp, ter superado em 3,04% a de outubro/19, ainda ficou 4,8% inferior à da paridade de exportação, que foi de R$ 2,7007/lp, na condição FAS (Free AlongsideShip), porto de Paranaguá (PR).
Em dólar, o Indicador à vista teve média de US$ 0,6150/lp em novembro, 17,9% inferior à do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente), de US$ 0,7493/lp, e 4% abaixo da do primeiro vencimentod a Bolsa de Nova York (de US$ 0,6406/lp). Diante dos valores para exportação mais atrativos, agentes seguiram realizando novos fechamentos para o mercado externo tanto envolvendo a pluma da temporada 2018/19 como da 2019/20, especialmente para entregas a curto prazo.
Dados do Cepea captados em novembro/19 indicam que as negociações para embarque ao mercado externo no curto prazo (até fevereiro de 2020) tiveram média de US$ 0,6910/lp, ficando 2,54% acima do registrado em outubro/19 (US$ 0,6739/lp), referente à pluma da safra 2018/19. Para exportação envolvendo a próxima temporada 2019/20, a média das informações captadas para o segundo semestre de 2020 foi de US$ 0,7015/lp em novembro, alta de 3,92% frente à do mês anterior (US$ 0,6750/lp).
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os contratos acumularam queda em novembro, influenciados pelo avanço do dólar, pelo recuo das exportações norte-americanas, pela queda do petróleo no mercado internacional, que tende a melhorar a competitividade da fibra sintética, e pelo impasse comercial entre os Estados Unidos e a China. Entre 31 de outubro e 29 de novembro, o vencimento Dez/19 se desvalorizou apenas 0,06%, fechando a US$ 0,6440/lp.
O contrato Mar/20 caiu 0,79%, a US$ 0,6536/lp, o Maio/20 recuou 0,72% (US$ 0,6639/lp)e o Jul/20,0,92%(US$ 0,6702/lp). ICAC – Informações divulgadas pelo Icac no início de dezembro indicam que o consumo mundial de algodão deve ficar em 26,2 milhões de toneladas na temporada 2019/20, apenas 0,3% maior que a safra anterior. De acordo com a Secretaria, o crescimento econômico global diminuiu para os níveis mais baixos em décadas, pois as disputas
comerciais entre os Estados Unidos e a China permanecem trazendo incertezas.
O setor, por sua vez, tem sido impulsionado nos últimos anos pelas indústrias têxteis do leste e do sudeste asiático, mas o FMI revisou as previsões e indica desaceleração global sincronizada que deverá impedir o crescimento das atividades de manufatura da região e a demanda por bens de consumo.
CONAB
De acordo com o segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento, a área na safra 2019/20 está projetada em 1,647 milhão de hectares, avanços de 0,58% frente ao relatório anterior e de 1,8% na comparação com a temporada 2018/19. Mesmo com a produtividade média prevista para recuar 1,6% na safra 2019/20 (1.658 kg/ha), a expectativa para a produção nacional aumentou 0,54% se comparado aos dados de out/19, indo para 2,73 milhões de toneladas (+0,2% frente à safra 2018/19).
Com área mais expressiva, Mato Grosso deve semear 1,101 milhão de hectares, aumentos de 0,78% frente à estimativa anterior e de 0,8% em relação à safra 2018/19. A produção mato-grossense teve reajuste positivo de 0,77% em relação à projeção anterior, a 1,81 milhão toneladas na temporada 2019/20 (-0,4% se comparada à safra 2018/19), enquanto a produtividade média deve cair 1,1% frente à safra anterior (1.643 kg/ha).
A Bahia, segundo estado mais representativo, teve certa estabilidade nas primeiras previsões da Conab, com área de 350 mil hectares, aumento de 5,4% frente à safra 2018/19. No mesmo comparativo, ainda que a produtividade média recue 3,4%, para 1.738 kg/ha, o volume produzido deve se elevar em 1,8%, totalizando 608,4mil toneladas.
CAROÇO DE ALGODÃO
Ao longo de novembro, agentes seguiram cumprindo contratos de caroço de algodão e derivados realizados anteriormente. Vale considerar que empresas alegavam estar com boa parte da produção já comprometida, especialmente de óleo. Além disso, a “queda de braço” entre os agentes ativos limitou mais fechamentos. No entanto, pecuaristas seguem realizando novas aquisições para atender à necessidade no curto prazo e complementar as pastagens.
Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em novembro/19 foi de R$ 419,57/t em Primavera do Leste (MT), elevação de 3% frente ao de outubro/19. Em Campo Novo do Parecis (MT), a alta foi de 2,1% (R$ 368,15/t) e, em Barreiras (BA), de 5,3% (R$ 531,45/t). Já em Lucas do Rio Verde (MT), houve queda no mesmoperíodo,de 2,6% (R$ 343,51/t).
MERCADO DE FIOS
O ritmo de negócios se aqueceu em novembro, mas ainda esteve aquém do esperado pelo setor. Muitas fiações estão com praticamente toda a produção comprometida, cenário que limitou o volume de comercialização. Assim, a maior parte dos fechamentos captados pelo Cepea foi para entrega imediata, sendo alguns programados para dezembro (Assessoria de Comunicação, 6/12/19)