01/11/2021

As estratégias dos especialistas para evitar falta de água na soja

 As estratégias dos especialistas para evitar falta de água na soja

soja embrapa

Por Lucas Eurico Simões

Nas últimas três safras, somente o Rio Grande do Sul e o Paraná, segundo e terceiro maiores produtores brasileiros de soja, atrás apenas de Mato Grosso, deixaram de produzir mais de 15 milhões de toneladas de soja, o que resultou em prejuízo econômico da ordem de U$ 8 bilhões, considerando-se o valor de US$ 500 a tonelada, segundo levantamento feito pela Embrapa.

O que vem motivando a quebra na safra de soja no Sul do País é a deficiência de água para que as plantas se desenvolvam plenamente.

“Percebemos que a soja pode até suportar temperaturas mais altas, mas, quando há restrição de água, o dano para planta é muitas vezes irreversível”, avalia o pesquisador da Embrapa Soja José Renato Bouças Farias.

O pesquisador enfatiza a necessidade de uma mudança comportamental em todos os setores com o intuito de preservar a água e mitigar a falta dela.

Entre as ações de mitigação no processo de produção agrícola, Farias cita as reconhecidas práticas de manejo e conservação do solo e da água, a diversificação de culturas, a utilização do plantio direto na palha, a preservação de nascentes, rios e margens de rios (para aumentar a captação e recarga do perfil do solo e para evitar assoreamento), a adoção de boas práticas de cobertura do solo (para reduzir a evaporação e facilitar a infiltração de agua, diminuindo o escorrimento superficial que causa erosão), as práticas de sequestro de carbono, o respeito ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), entre outras.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com o início da primavera, em 2021, o clima passa a sofrer influência do fenômeno La Niña, que poderá impactar também a safra de verão, por causa da irregularidade de chuvas e da indisponibilidade de água.

Enquanto a variabilidade do clima é responsável por aproximadamente 50% da oscilação de produtividade das culturas agrícolas, os aspectos relacionados à genética e ao manejo da cultura e do solo respondem pelos outros 50%.

“Portanto, há uma série de tecnologias agronômicas a serem adotadas, em curto, médio e longo prazos, para minimizar os efeitos dos veranicos sobre a soja, assim como outros eventos climáticos adversos que têm se tornado frequentes e mais intensos”, completa Farias (Money Times, 29/10/21)