CNC: Balanço Semanal de ALANÇO SEMANAL de 1º a 5/3/2021
Banco do Café foi preservado em votação da PEC Emergencial
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Com trabalho do CNC, Senado aprova texto da PEC 186 que mantém receitas orçamentárias do Fundo para uso exclusivo na cafeicultura.
O Plenário do Senado concluiu, ontem, 4 de março, a votação da Proposta de Emenda Constitucional 186/2019, a PEC Emergencial, que permite ao governo federal pagar o auxílio emergencial em 2021 por fora do teto de gastos do Orçamento e do limite de endividamento. Aprovada em segundo turno, a proposta segue para a Câmara dos Deputados.
Como reflexo dos trabalhos empenhados pelo Conselho Nacional do Café (CNC), coordenando as ações junto às cooperativas cafeeiras e aos parlamentares, em especial ao senador Rodrigo Pacheco, presidente da Casa, ao relator da matéria, Senador Márcio Bittar, ao Senador Jorginho Mello, em nome do qual agradecemos e cumprimentamos os demais senadores, e também ao gabinete do deputado federal Evair de Melo, vice-líder do governo no Congresso, presidente da Frencoop e da FrenCOMEX e vice das Frentes Parlamentares da Agropecuária (FPA) e do Café, o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) foi retirado da lista de fundos públicos que poderiam ter seus recursos utilizados para outras finalidades.
De acordo com Silas Brasileiro, presidente do Conselho, após vários dias de apreensão, ontem foi dia de comemorar a exclusão do Funcafé dessa lista, o que, conforme ele, representa uma vitória para a cafeicultura brasileira. “Após intenso trabalho do CNC e de vários líderes, temos que agradecer a compreensão demonstrada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e pelo relator da matéria, senador Márcio Bittar, além dos parlamentares que apoiaram a causa”, reconhece.
Segundo ele, a vitória conquistada no Senado Federal deve ser confirmada na Câmara dos Deputados, que ainda analisará o texto da PEC Emergencial. “Certamente, nossos deputados devem referendar a decisão dos senadores e, assim, os recursos para a nossa safra cafeeira estão garantidos. Desnecessário repetir o texto que enviamos aos senadores, no entanto focamos no fato de ser inconcebível o uso do fundo para outras finalidades, pois, conforme discriminado em lei, o Funcafé tem como finalidade única a aplicação de seus recursos que só podem ser utilizados para financiar a cafeicultura brasileira, sendo imprescindível para a política de renda ao setor.
Brasileiro recorda que a cadeia produtiva cafeeira é sustentada por 308 mil produtores, sendo 78% da agricultura familiar, gera, anualmente, US$ 5 bilhões a US$ 7 bilhões em vendas externas, 8,4 milhões de empregos e R$ 35 bilhões de renda no campo, em 1.983 municípios. “Recursos esses que são operados em sua maioria pelas nossas cooperativas, as quais geram riqueza e levam desenvolvimento sustentável para nosso país, garantindo a permanência do homem no campo e evitando as consequências trágicas do inchaço nos centros urbanos”, explica.
CNC mantém trabalho para alavancar consumo global de café
Atuação do Conselho tem influenciado os rumos de trabalho da Força-Tarefa Público-Privada da Organização Internacional do Café.
O Conselho Nacional do Café (CNC) participa ativamente da Força-Tarefa Público-Privada do Café (FTPPC), a mais nova instância de trabalho da Organização Internacional do Café (OIC).
Como membro de três grupos de trabalho (Transparência de Mercado; Produção, Fornecimento e Consumo Sustentável e Renda Próspera e de Bem-Estar), a entidade tem influenciado a construção do posicionamento brasileiro sobre temas sensíveis e com grande potencial de impactar o dia a dia de nossos cafeicultores.
Dentro da OIC, o CNC possui uma agenda propositiva voltada ao aumento do consumo global de café e ao aprimoramento das estatísticas. “Desde a instalação da Força-Tarefa, observamos um ganho de agilidade e aumento da participação do setor privado na Organização, entretanto, também estamos atentos à internalização de algumas pautas irracionais, que visam à premiação de ineficiências”, alerta o presidente do Conselho, Silas Brasileiro.
Um exemplo é a pauta da diversidade de origens, com algumas proposições que visam ao constrangimento de torrefadores internacionais para aumentarem suas compras de países produtores, com menor nível de eficiência, em detrimento de Brasil e Vietnã.
Em contato estreito com a Representação dos Organismos Internacionais Sediados em Londres (Rebraslon), a adidância agrícola do Brasil e com as demais representações do setor privado do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), o CNC conseguiu evitar o avanço dessa pauta.
“Somente com investimentos em pesquisa, tecnologias e assistência técnica, a exemplo do que o Brasil tem feito, haverá melhoria na condição de vida dos cafeicultores e uma produção global sustentável. Atalhos para essa realidade nos parecem tentativas de intervir no livre mercado, uma atitude que não cabe à OIC”, argumenta Brasileiro.
Conforme ele, outra importante conquista foi a inclusão de um pilar de trabalho específico, na FTPPC, para a promoção do consumo de café, com foco nos países produtores e mercados asiáticos. “A atuação do CNC, em defesa do equilíbrio entre oferta e demanda, foi fundamental para a revisão da agenda proposta por ONGs, que visavam apenas à expansão da produção de café”, informa.
O presidente revela que, com base na argumentação do CNC, a revisão e a implantação do Guia da OIC para a Promoção do Consumo Doméstico de Café também será uma prioridade. Essa metodologia também poderá ser aplicada nos países asiáticos, onde o potencial de crescimento do consumo é enorme.
“Como sempre defendemos nas reuniões da OIC, o aumento do consumo global de café deve ser uma política prioritária, pois beneficia todos os países e possibilita o alcance de preços remuneradores aos cafeicultores das mais diversas origens produtoras”, conclui o presidente do CNC.
Futuros do café acumulam cinco sessões consecutivas de queda
Fundamentos positivos de mercado foram sobrepostos pelos riscos sanitários, com o avanço da pandemia, e econômicos no Brasil.
Os futuros do café iniciaram uma trajetória de baixa desde a última sexta-feira (26/02), à medida que os fundamentos positivos de mercado – aperto na oferta global e possibilidade de retomada do consumo com o avanço da vacinação em grandes consumidores – foram sobrepostos pela possibilidade de riscos sanitários, com o avanço da pandemia, e econômicos no Brasil, além da pressão no mercado de commodities como um todo.
Na Bolsa de nova York, os contratos do arábica registram cinco fechamentos negativos consecutivos. Ontem, o vencimento mai/21 encerrou a sessão a US$ 1,3215 por libra-peso, acumulando depreciação de 535 pontos. Na ICE Europe, o vencimento mar/21 do café robusta recuou – também pela quinta vez seguida – US$ 73 no intervalo, sendo negociado a US$ 1.385 por tonelada.
Em relação ao clima, o Mapa Climático da Safras Consultoria, com informações da Somar Meteorologia, aponta que as chuvas continuam nesse início de março no cinturão cafeeiro do Brasil. No Norte do Paraná e na região Oeste de São Paulo, o acumulado previsto é de 100 milímetros até a próxima segunda-feira (8).
“Já na faixa que se estende da Mogiana Paulista, passando por Sul, Cerrado e Matas de Minas e alcançando o sul do Espírito Santo, o acumulado em sete dias deve variar entre 35 mm e 70 mm”, aponta o relatório, que reforça que o maior volume de precipitações deve se concentrar entre hoje e domingo (7).
O dólar comercial ascendeu na semana até ontem. A divisa norte-americana vem sendo impulsionada pela persistente alta dos juros longos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos e, internamente, pelas incertezas políticas, fiscais e sanitárias. Parte do avanço, contudo, foi contida com a aprovação da PEC Emergencial. Na quinta-feira (4), a moeda fechou a R$ 5,6582, acumulando alta de 0,9%.
No físico, as cotações acompanharam o desempenho internacional do café e recuaram na semana, o que afastou agentes e desaqueceu o mercado. Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon se situaram em R$ 738,50/saca e R$ 447,89/saca, com recuos de 1,1% e 1,6%, respectivamente (Assessoria de Comunicação, 5/3/21)