'Guerra de tarifas' entre EUA e China puxa quedas de soja, milho e trigo

Preço do trigo caiu 2% e liderou queda na bolsa de Chicago nesta terça-feira (4/3). Foto Kirsten Strough - USDA
Preços dos grãos recuaram nesta terça-feira na bolsa americana.
Os contratos futuros de soja para maio de 2025 encerraram o dia em queda de 1,24% na bolsa de Chicago, negociados por US$ 9,990 o bushel, seu menor valor desde 9 de janeiro. Analistas creditaram o recuo às preocupações do mercado com o comércio exterior após a China anunciar a decisão de impor taxas sobre produtos agrícolas dos Estados Unidos.
importação de produtos agrícolas do país asiático. Os EUA também vão aplicar sobretaxas sobre matérias-primas de México e Canadá.
Chineses, mexicanos e canadenses têm sido os mais afetados pelas políticas tarifárias dos Estados Unidos. “A pressão de baixa sobre os preços futuros da soja deve prevalecer, [e] a demanda chinesa [deve] se deslocar para o Brasil. Em paralelo, os estoques podem aumentar nos Estados Unidos, pressionando ainda mais as cotações”, disse Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência de Mercado.
Derivados da soja, como farelo e óleo, também encerraram a sessão em baixa.
Os lotes de milho para maio fecharam o dia em queda de 1,04%, a US$ 4,5150 por bushel. A desvalorização deveu-se, em parte, à perspectiva de aumento da área de plantio do grão nos Estados Unidos, um reflexo, por sua vez, dos preços atrativos.
O analista Paulo Molinari descarta um efeito significativo das políticas tarifárias sobre os preços do cereal, já que a China já não vinha comprando milho americano. “Produtores da América do Sul, entre eles Brasil e Argentina, deverão ter aumento de demanda”, afirmou.
Já os contratos de trigo que vencem em maio de 2025 caíram 2,01% na sessão, para US$ 5,3675 por bushel. A preocupação com as condições das lavouras nos EUA e na região do Mar Negro ofereceu suporte aos preços nos últimos dias, mas, no pregão desta terça, o desempenho do cereal refletiu as incertezas sobre possíveis retaliações aos produtos agrícolas dos EUA no mercado internacional.
“Se os estoques dos EUA aumentarem devido à diminuição da demanda externa, os preços [dos grãos] podem sofrer desvalorização”, afirma o analista Carlos Cogo.
Romain Fournier, analista de commodities do site americano Market Screener, descreveu que o clima em Wall Street “piorou após o presidente Trump anunciar novas tarifas” e que a medida reacendeu temores de uma guerra comercial global, “resultando em uma liquidação no mercado de ações”. Os investidores seguiram em alerta ao longo do dia, aguardando possíveis repercussões das decisões do governo dos EUA sobre os indicadores econômicos (Globo Rural, 4/3/25)