06/05/2025

Milho recua em Chicago com baixa do petróleo no mercado externo

 Milho recua em Chicago com baixa do petróleo no mercado externo

Safra de milho dos EUA apresenta bom desenvolvimento. Foto Hartono Subagio Pixabay

Soja e trigo também fecharam em queda com condições favoráveis para a safra nos EUA.

A queda nos preços do petróleo favoreceu o movimento de baixa para os grãos na bolsa de Chicago, com destaque para o milho. Nesta segunda-feira (5/5), os lotes do cereal para março terminaram a sessão precificados a US$ 4,5425 o bushel, recuo de 3,14%.

De acordo com Ale Delara, sócio-diretor da Pine Agronegócios, o anúncio de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) vai aumentar a produção do fóssil derrubou os valores da commodity e arrastou junto o milho. O barril de petróleo fechou em baixa de 1,72%.

“Isso [queda do petróleo] pressiona os preços dos combustíveis nos EUA, e como a maior parte do etanol tem como matéria-prima o milho isso gera impacto na demanda”, diz o analista.

Ele acrescenta, ainda, que as condições favoráveis para o plantio da safra americana também jogaram a favor da desvalorização do cereal negociado na bolsa.

Soja

A queda do petróleo também influenciou o mercado da soja em Chicago. Os contratos com entrega para julho recuaram 1,18%, a US$ 10,4550 o bushel.

Além do recuo do fóssil, a soja não encontra espaço para grandes altas na bolsa, já que o plantio da safra americana em 2025/26 acontece sem grandes problemas.

Trigo

Em dia de queda generalizada para os grãos emn Chicago, o trigo também foi penalizado. Os papéis para julho recuaram 2,16%, a US$ 5,3125 o bushel.

As condições de clima para as lavouras americanas se mantêm favoráveis, fato que alimenta a expectativa com a safra que será colhida em menos de um mês.

Além disso, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), mostrou que a demanda pelo cereal do país perdeu força na última semana. O total de trigo inspecionado para exportação chegou a 310,32 mil toneladas no período de sete dias encerrado em 1º de maio, uma queda quando comparado com as 649,20 mil da semana imediatamente anterior (Globo Rural, 5/5/25)



Demanda por etanol e ração seguram maiores quedas nos preços do milho

ESPIGAS DE MILHO Foto  Maria Eugênia Embrapa

 

Cotações do cereal também caíram no exterior, influenciadas pelo avanço do plantio nos Estados Unidos e pelas vendas mais fracas.

 

O mercado brasileiro de milho seguiu pressionado na semana passada, com queda de preços em quase todas as regiões. Isso porque a oferta cresceu com o avanço da colheita da primeira safra e as boas condições da safrinha no Centro-Oeste e Sul.

 

Ao mesmo tempo, compradores mostraram-se cautelosos, aguardando melhores oportunidades. A demanda interna segue estável, com destaque para usinas de etanol e o setor de ração, que ajudam a limitar quedas mais acentuadas.

 

No exterior, o milho também caiu, influenciado pelo avanço do plantio nos Estados Unidos e pelas vendas mais fracas. O contrato com vencimento em julho fechou em US$ 4,69/bushel na semana anterior.

 

O que esperar do mercado do milho?

 

Análise da plataforma Grão Direto destaca pontos de atenção ao produtor de milho para esta semana. Acompanhe:

 

  • Oferta crescente e demanda cautelosa: o cenário climático segue favorável para a safrinha e a colheita da primeira safra avança. Com compradores mais retraídos, a tendência é de manutenção da pressão de baixa no físico, especialmente no curto prazo.
  • Demanda pode limitar quedas maiores: setores como o de etanol e ração mantêm certo apetite, o que pode evitar recuos mais agressivos, principalmente se houver repiques pontuais.
  • Atenção ao USDA: a divulgação do novo relatório de oferta e demanda (Wasde) em 12 de maio pode trazer volatilidade adicional para os preços internacionais. O ritmo de plantio nos Estados Unidos também continuará sendo acompanhado de perto.
  • Dólar: a moeda norte-americana segue em trajetória de enfraquecimento frente ao real, com foco nos dados econômicos dos Estados Unidos e na evolução das tensões comerciais com a China. Para esta semana, indicadores como o IPCA (Brasil) e o CPI (EUA) podem movimentar o câmbio e, por consequência, afetar diretamente a competitividade das exportações brasileiras.
  • Cenário externo mais calmo: a melhora no tom diplomático entre Estados Unidos e China também trouxe certo alívio ao mercado, reduzindo a busca por proteção e contribuindo para a valorização de moedas emergentes, como o real.
  • Impactos no agro: essa queda na moeda norte-americana afeta diretamente a competitividade das exportações brasileiras, tornando os produtos menos atrativos no exterior e pressionando os preços no mercado físico, especialmente para a soja e o milho. Porém, pode melhorar as condições de compras de insumos e implementos.

 

Recomendação ao produtor

 

A Grão Direto pontua que em um ambiente de ampla oferta e incerteza internacional, a gestão de margem se torna ainda mais estratégica.

 

“Fique atento a oportunidades pontuais de comercialização, aproveite momentos de repique nos preços e negocie com base em informações atualizadas. O cenário exige cautela, mas também pode oferecer boas janelas para travas de preços com rentabilidade”, diz a plataforma, em nota (Canal Rural, 5/5/25)