Milho recua em Chicago com baixa do petróleo no mercado externo

Safra de milho dos EUA apresenta bom desenvolvimento. Foto Hartono Subagio Pixabay
Soja e trigo também fecharam em queda com condições favoráveis para a safra nos EUA.
A queda nos preços do petróleo favoreceu o movimento de baixa para os grãos na bolsa de Chicago, com destaque para o milho. Nesta segunda-feira (5/5), os lotes do cereal para março terminaram a sessão precificados a US$ 4,5425 o bushel, recuo de 3,14%.
De acordo com Ale Delara, sócio-diretor da Pine Agronegócios, o anúncio de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) vai aumentar a produção do fóssil derrubou os valores da commodity e arrastou junto o milho. O barril de petróleo fechou em baixa de 1,72%.
“Isso [queda do petróleo] pressiona os preços dos combustíveis nos EUA, e como a maior parte do etanol tem como matéria-prima o milho isso gera impacto na demanda”, diz o analista.
Ele acrescenta, ainda, que as condições favoráveis para o plantio da safra americana também jogaram a favor da desvalorização do cereal negociado na bolsa.
A queda do petróleo também influenciou o mercado da soja em Chicago. Os contratos com entrega para julho recuaram 1,18%, a US$ 10,4550 o bushel.
Além do recuo do fóssil, a soja não encontra espaço para grandes altas na bolsa, já que o plantio da safra americana em 2025/26 acontece sem grandes problemas.
Em dia de queda generalizada para os grãos emn Chicago, o trigo também foi penalizado. Os papéis para julho recuaram 2,16%, a US$ 5,3125 o bushel.
As condições de clima para as lavouras americanas se mantêm favoráveis, fato que alimenta a expectativa com a safra que será colhida em menos de um mês.
Além disso, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), mostrou que a demanda pelo cereal do país perdeu força na última semana. O total de trigo inspecionado para exportação chegou a 310,32 mil toneladas no período de sete dias encerrado em 1º de maio, uma queda quando comparado com as 649,20 mil da semana imediatamente anterior (Globo Rural, 5/5/25)
Demanda por etanol e ração seguram maiores quedas nos preços do milho
ESPIGAS DE MILHO Foto Maria Eugênia Embrapa
Cotações do cereal também caíram no exterior, influenciadas pelo avanço do plantio nos Estados Unidos e pelas vendas mais fracas.
O mercado brasileiro de milho seguiu pressionado na semana passada, com queda de preços em quase todas as regiões. Isso porque a oferta cresceu com o avanço da colheita da primeira safra e as boas condições da safrinha no Centro-Oeste e Sul.
Ao mesmo tempo, compradores mostraram-se cautelosos, aguardando melhores oportunidades. A demanda interna segue estável, com destaque para usinas de etanol e o setor de ração, que ajudam a limitar quedas mais acentuadas.
No exterior, o milho também caiu, influenciado pelo avanço do plantio nos Estados Unidos e pelas vendas mais fracas. O contrato com vencimento em julho fechou em US$ 4,69/bushel na semana anterior.
O que esperar do mercado do milho?
Análise da plataforma Grão Direto destaca pontos de atenção ao produtor de milho para esta semana. Acompanhe:
- Oferta crescente e demanda cautelosa: o cenário climático segue favorável para a safrinha e a colheita da primeira safra avança. Com compradores mais retraídos, a tendência é de manutenção da pressão de baixa no físico, especialmente no curto prazo.
- Demanda pode limitar quedas maiores: setores como o de etanol e ração mantêm certo apetite, o que pode evitar recuos mais agressivos, principalmente se houver repiques pontuais.
- Atenção ao USDA: a divulgação do novo relatório de oferta e demanda (Wasde) em 12 de maio pode trazer volatilidade adicional para os preços internacionais. O ritmo de plantio nos Estados Unidos também continuará sendo acompanhado de perto.
- Dólar: a moeda norte-americana segue em trajetória de enfraquecimento frente ao real, com foco nos dados econômicos dos Estados Unidos e na evolução das tensões comerciais com a China. Para esta semana, indicadores como o IPCA (Brasil) e o CPI (EUA) podem movimentar o câmbio e, por consequência, afetar diretamente a competitividade das exportações brasileiras.
- Cenário externo mais calmo: a melhora no tom diplomático entre Estados Unidos e China também trouxe certo alívio ao mercado, reduzindo a busca por proteção e contribuindo para a valorização de moedas emergentes, como o real.
- Impactos no agro: essa queda na moeda norte-americana afeta diretamente a competitividade das exportações brasileiras, tornando os produtos menos atrativos no exterior e pressionando os preços no mercado físico, especialmente para a soja e o milho. Porém, pode melhorar as condições de compras de insumos e implementos.
Recomendação ao produtor
A Grão Direto pontua que em um ambiente de ampla oferta e incerteza internacional, a gestão de margem se torna ainda mais estratégica.
“Fique atento a oportunidades pontuais de comercialização, aproveite momentos de repique nos preços e negocie com base em informações atualizadas. O cenário exige cautela, mas também pode oferecer boas janelas para travas de preços com rentabilidade”, diz a plataforma, em nota (Canal Rural, 5/5/25)