Para consultoria, exportação de soja supera 100 mi de toneladas
SOJA NO PORTO Foto Ivan BuenoAPPA.jpg
Volume até setembro e projeções para os próximos meses permitem o recorde.
Pela primeira vez, as exportações brasileiras de soja deverão ultrapassar os 100 milhões de toneladas. Há duas décadas, o país colocava apenas 20 milhões da oleaginosa no mercado externo. A estimativa é de Vlamir Brandalizze, da consultoria Brandalizze, de Curitiba.
Nos cálculos dele, as exportações até setembro já somam 87,3 milhões de toneladas, e as indicações para outubro são de um volume próximo de 6,5 milhões.
Nos dois últimos meses do ano, o país superaria o acumulado de 100 milhões, uma vez que ainda há 35 milhões de toneladas não comercializadas.
O desenrolar da safra nos Estados Unidos auxilia o Brasil. Os americanos estão colhendo mais rapidamente neste ano porque as plantas morreram mais cedo, devido ao clima quente.
O clima afetou as lavouras, e a produção esperada de 112,8 milhões de toneladas, projetada pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), não deverá ocorrer, segundo ele. Os novos números indicam de 110 milhões a 111 milhões.
Com o avanço das exportações brasileiras, as receitas neste ano serão recordes, mas poderiam ser bem maiores. No mês passado, as exportações brasileiras de soja ocorreram a um valor 18% inferior ao de há um ano.
No acumulado dos noves meses, a queda média dos preços foi de 11%, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
O Brasil obtém também uma fatia maior do mercado externo com o milho. As exportações deverão atingir 55 milhões de toneladas, segundo o analista, o que garante o país em primeiro lugar no ranking mundial.
O Brasil já havia assumido a liderança mundial por um ano, há uma década, quando uma intensa seca devastou a produção nos Estados Unidos.
Segundo Brandalizze, as exportações acumuladas até setembro do cereal somam 34,1 milhões de toneladas. As estimativas para este mês são de 9 milhões, restando pouco mais de 10 milhões nos dois últimos meses para o país completar os 55 milhões.
Milho tem, afirma ele. Há pelo menos 45 milhões de toneladas nas mãos de produtores. Como no caso da soja, as receitas com o milho poderiam ser maiores.
Os preços médios obtidos pelo Brasil nas exportações de setembro foram 19% inferiores aos de igual mês de 2022. No acumulado deste ano, a queda é de 9%.
Líder mundial em soja e em milho neste ano, o Brasil ficou perto de assumir também a liderança no farelo de soja.
O Usda chegou a prever a liderança brasileira, mas os novos números mantêm a Argentina à frente. O país vizinho exportará 21,5 milhões de toneladas, 400 mil a mais do que o Brasil.
Ao contrário da soja e do milho, os preços desse produto estão com alta de 2% no acumulado do ano (Folha, 6/10/23)