Quem tem medo do 5G? – Por Ronaldo Lemos
Seu impacto é tão profundo que toda a política de telecomunicações terá de se transformar.
Estamos desde já vivendo uma batalha silenciosa que vai revolucionar a forma como nos conectamos e usamos a internet.
Essa batalha atende pelo nome de 5G, a quinta geração de conectividade móvel. Seu impacto é tão profundo que todas as políticas de telecomunicações precisarão se transformar. Em um país que tem um déficit de conexão gigantesco, como o Brasil —que não consegue conectar nem mesmo suas escolas em internet de alta velocidade— , a pauta do 5G deveria estar na ordem do dia.
Mas o que é o 5G? A primeira diferença é a velocidade. A conexão com essa tecnologia atinge até 20 gigabits por segundo. Em outras palavras, usando o celular, será possível baixar um filme inteiro em alta definição em cerca de 12 segundos.
Mais do que isso, o 5G é projetado para funcionar como uma infraestrutura geral de conectividade e inovação.
Como sua latência é baixa (tempo para passar uma mensagem do emissor para o receptor), essa tecnologia é perfeita para permitir carros conectados (inclusive carros autônomos), jogos multiplayer pelo celular, realidade virtual e aumentada, telemedicina ou mesmo conectar todos os serviços públicos à internet, como eletricidade.
Há quem preveja que o 5G irá acabar com a necessidade das conexões por wi-fi. Celulares com 5G poderão se conectar diretamente por meio de várias modalidades, inclusive por infraestruturas
globais de satélite.
A promessa é que nunca mais haja “sinal fraco” ou celular sem conexão. É como se a conexão já viesse embutida no aparelho, não importando se você está na selva, no meio do mar, em uma fazenda
e assim por diante.
Mas há desafios também. O 5G precisa de faixas significativas de radiofrequência. Nos Estados Unidos, por exemplo, estão sendo alocadas frequências altas, conhecidas como ondas milimétricas.
O sinal nessas frequências permite velocidades elevadas de transmissão, mas são menos confiáveis em longas distâncias e têm dificuldades de passar por obstáculos (como paredes ou até mesmo chuva). Isso demanda uma arquitetura diferente de implementação, que requer mais pontos de acesso e microcélulas.
Além disso, o 5G requer um reforço na infraestrutura básica de conexão, como a instalação de mais fibra ótica.
Será preciso também outro tipo de aparelho celular. A competição por esses novos modelos já começou. A Motorola já adaptou o Moto Z3 para rodar 5G. Além disso, a Xiaomi lançou o modelo Mi Mix 3, que também está pronto para a tecnologia e começa a ser vendido na Europa neste ano.
A Samsung é outra que está preparando seu modelo. O objetivo de todas essas empresas é um só: deixar a Apple para trás na competição pelo 5G. A Apple anunciou que só irá lançar seu próprio aparelho com essa tecnologia em 2020.
Hoje, Alemanha, Estados Unidos e Japão já estão construindo suas redes nacionais de 5G. No entanto, é a China que lidera de longe essa corrida. O país construiu dez vezes mais pontos de acesso que os EUA, chegando a 14 pontos para cada 10 mil habitantes.
Enquanto isso, a discussão pública sobre 5G no Brasil continua incipiente.
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Já era Achar que jogar videogames é coisa de criança
Já é 100 milhões de pessoas assistindo à final do Super Bowl nos EUA
Já vem 200 milhões de pessoas assistindo à final de League of Legends pela internet (Ronaldo Lemos é advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (Folha de S.Paulo, 11/2/19)