RS terá programa de incentivo à produção de etanol de grãos ainda em 2020
O Rio Grande do Sul deverá ganhar, ainda este ano, um programa estadual de estímulo à produção de etanol à base de grãos – soja e milho, principalmente –, tubérculos e cana-de-açúcar. O anúncio foi feito, nesta semana, durante a Expodireto Cotrijal, no município gaúcho de Não-Me-Toque.
A situação e as perspectivas do Pró-Etanol/RS foram tema de um painel realizado nessa sexta-feira 6, no auditório da Produção, no Parque da Expodireto Cotrijal. A minuta do programa já foi entregue ao governo do estado.
O coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Produção e Autossuficiência de Etanol da Assembleia Legislativa/RS, deputado Elton Weber, garantiu que o projeto será votado assim que chegar à Casa, levando, no máximo, 50 dias para a aprovação.
“O estabelecimento de uma política pública para o etanol é desejo antigo de prefeitos, empresários, pesquisadores e agricultores que colaboraram com o texto. O programa será um impulso para o Rio Grande do Sul como um todo, uma vez que dará segurança para quem vai investir e para quem vai quem produzir”, destacou Weber.
Segundo o parlamentar, o objetivo da primeira fase do projeto é fazer com que o estado possa se tornar autossuficiente, uma vez que hoje a produção gaúcha de etanol se limita a 0,3% do consumo estadual, de 1,5 bilhão de litros ao ano. Com isso, cerca de R$ 1 bilhão em impostos vão para outros estados.
“Quanto mais rápido a gente conseguir implementar uma proposta e um projeto, vamos ter retorno para todos. E deixar de mandar dinheiro para os estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso. Estes recursos poderiam estar aqui”, pontuou Weber.
Pró-Etanol/RS
O coordenador do Pró-Etanol/RS, o engenheiro agrônomo Valdir Zonin, lembrou que as discussões sobre o programa começaram em 2013, quando ninguém acreditava no etanol: “Desde então, construímos um trabalho bem alicerçado. Estamos agora aguardando a tramitação e aprovação da lei. A partir daí, teremos uma redução de 30 para 15% de ICMS para as empresas produtoras de etanol, viabilizando a produção e fomentando a competitividade em relação ao etanol que vem de outros estados”.
De acordo com Zonin, em um primeiro momento, para atender o consumo gaúcho será necessário produzir 1,5 bilhão de litros/ano. Para tanto, acrescentou, entre 15 a 20 biorrefinarias grandes precisariam estar em funcionamento. Atualmente, oito projetos de implantação de biorrefinarias de etanol já estão em andamento nas diferentes regiões do estado. Entre eles, o de Carazinho, da rede de postos Boa Vista, e o do Alto Uruguai (Viadutos).
Chefe da Embrapa Trigo, o engenheiro agrônomo Jorge Lemanski, ressalta que a criação do programa possibilitará o aproveitamento de terras ociosas no inverno. Ele reforçou que a otimização com culturas de inverno é um imperativo técnico, ambiental e econômico para o estado, que cultiva 5,8 milhões de hectares com soja e 700 mil hectares de milho no verão e atinge apenas 700 mil hectares de trigo e 500 mil de aveia no inverno.
Fronteira agrícola
“Temos uma fronteira agrícola necessária de ser utilizada. Sob o ponto de vista ambiental, é fantástico ampliarmos a área de cultivo do estado. Mais cultivares e mais intensificação do uso da terra reduzem o risco de quebra de safra. Melhorando a estrutura de solo, geramos mais trabalho e renda nas propriedades gaúchas”, sublinhou Lemanski.
Também se pronunciaram no evento as entidades parceiras: Fetag, Farsul, Emater, Cotrijal, Prefeitura de Não-Me-Toque, Coopercana, UFFS/Erechim, URI/Santiago, prefeitos, vice-Prefeitos, secretários, empresários e outras lideranças.
Representaram o Projeto da Biorrefinaria de Etanol Alto Uruguai/Viadutos, José Peracchi, da administração municipal; Adilson Machado, do STR local; professor Valdecir Zonin, da UFFS; Elizario Toleddo, assessor Regional; e Elon Jagugewski, do Sindicato Rural, além de estagiários da UFFS (Agro em Dia, 7/3/20)