11/10/2019

Safra de soja dos EUA cai para 96,6 milhões de ton; estoques recuam 50%

 Safra de soja dos EUA cai para 96,6 milhões de ton; estoques recuam 50%

Se guerra comercial acabar, China comprará mais nos EUA e preços sobem em Chicago, favorecendo Brasil.

Os novos números de oferta e demanda de grãos, divulgados pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quinta-feira (10), podem conter uma boa notícia para os produtores brasileiros.

Primeiro, o órgão americano confirmou a queda na produção de soja nesta safra. Os novos números indicam 96,6 milhões de toneladas. Foram 120,5 milhões na anterior.

Já o consumo deles cresce, embora pouco. E os estoques, recordes na safra anterior, deverão cair 50%, baixando para 12,5 milhões de toneladas nesta.

O Usda não mexeu nos números das exportações, estimadas em 48 milhões de toneladas.

A participação dos estoques finais dos americanos, em relação ao consumo total deles, sai de 23% em 2018/19 para apenas 11% em 2019/20.

Um fim na guerra comercial entre Estados Unidos e China, o que está sendo discutido nesta semana, aumentaria as compras dos chineses de produto americano.

Se isso ocorrer, os estoques reduzidos poderiam pressionar os preços em Chicago, favorecendo os brasileiros.

Por aqui, os dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) desta quinta indicaram que a área brasileira com soja sobe para o recorde de 36,6 milhões de hectares.

 

Com esse aumento de área, a estimativa de produção brasileira é de 120 milhões de toneladas. Ou seja, os chineses terão muita soja para comprar no Brasil.

Essa compra depende, porém, de uma recuperação da demanda na própria China e dos acertos finais dessa guerra comercial.

Os chineses, se houver o acordo, prometem elevar as compras de grãos nos Estados Unidos, olhando menos para a América do Sul.

Mas esse jogo vai depender do poder de venda dos americanos, que terão uma redução de 24 milhões de toneladas da oleaginosa na safra atual, em relação à anterior.

Os números do Usda para o milho também mostram vantagem do Brasil neste ano. Devido às previsões iniciais de queda na produção americanas, os produtores dos EUA reduziram as vendas externas, à espera de preços melhores.

Com isso, o mercado foi ocupado por Brasil e Argentina, segundo a analista da AgRural, Daniele Siqueira.

Os brasileiros colocaram o recorde de 40 milhões de toneladas de milho no mercado externo nos últimos 12 meses.

A produção americana do cereal deverá atingir 350 milhões na safra 2019/20. Algumas estimativas, porém, chegaram a indicar um volume inferior a 330 milhões no início da safra, devido ao atraso no plantio.

As exportações americanas, que atingiram 62 milhões de toneladas na safra 2017/18, deverão cair para 48 milhões em 2019/20.

Boa parte do mercado internacional já foi ocupada pelo milho brasileiro, argentino e ucraniano.

Agora são entidades nacionais que criticam fala de secretário de SP sobre defesa agropecuária.

A fala do secretário paulista de Agricultura, Gustavo Junqueira, de que a defesa agropecuária seria um “entulho”, continua rendendo críticas a ele. Desta vez, as manifestações vieram de entidades nacionais.

Em entrevista à Folha, publicada nesta quinta-feira (10), Junqueira já havia admitido que usou uma palavra inadequada em encontro do Consag (Conselho Superior do Agronegócio), realizado em São Paulo na segunda-feira (7).

Segundo ele, a crítica era contra a burocracia no setor.

Dimas Oliveira, presidente da Unafa Federação (Federação Nacional dos Servidores da Defesa Agropecuária) diz que “o que se fala é o que vale. É preciso cuidados na escolha das palavras”.

O presidente da federação acrescentou ainda que o gestor público deve ser isento na fala, principalmente no caso de São Paulo, que é um dos principais estados do país no agronegócio.

A defesa agropecuária não é uma inimiga, mas uma etapa importante do agronegócio. Ela segue as exigências não só do mercado interno como também as do externo, afirma Oliveira.

O presidente da Unafa diz que o setor vai convocar uma audiência pública para discutir as melhorias na defesa. Ele alerta, no entanto, que apenas desburocratizar, como se pretende, pode significar riscos para a população. Para ele, o Estado não deve sair da regulação.

O Anffa Sindical (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários), por meio de nota, também mostrou seu descontentamento com a fala do secretário.

Para a entidade, é preocupante que ainda haja quem não reconheça o trabalho do sistema nacional de defesa agropecuária, que atua com zelo e responsabilidade em prol da segurança alimentar, diz a nota.

Para a entidade, a fiscalização federal representa menos de 1% do orçamento do Ministério da Agricultura, e o investimento é muito vantajoso para a sociedade.

Uma fiscalização agropecuária eficiente depende de profissionais qualificados, e as alternativas apresentadas para a falta deles, como a terceirização da inspeção, colocam em risco a segurança alimentar e a balança comercial brasileira, afirma a nota.

O Anffa destaca também que um sistema de fiscalização precário só interessa a quem quer se aproveitar da falta de regulamentação para praticar a competição desleal (Folha de S.Paulo, 11/10/19)