16/07/2021

Seca em regiões produtoras de grãos traz preocupação nos EUA

 Seca em regiões produtoras de grãos traz preocupação nos EUA

Legenda:Plantadeira sendo testada para dar início aos trabalhos em Indiana - Foto: Drake Fleck/Twitter/Notícias Agrícolas

 Com temor de redução de safra, mercado externo reage e traz reflexos ao Brasil.

Definidas as áreas de plantio de grãos nos Estados Unidos, o momento agora é o de olhar o comportamento do clima. E ele, por ora, não dá bons sinais em algumas regiões produtoras dos Estados Unidos, principalmente nos estados de Dakota do Norte e de Dakota do Sul.

Nada grave ainda para a soja, diz a analista Daniele Siqueira, da AgRural. A soja ainda pode se recuperar. A preocupação maior é com o milho, devido ao tempo seco em Minnesota, importante estado produtor de cereais.

preocupação dos produtores é com previsões de tempo seco e temperaturas elevadas nesta segunda quinzena. Se confirmada essa estimativa, o milho terá perda de produtividade.

Não há dados ainda sobre eventual quebra de safra nos Estados Unidos, mas os estoques apertados colocam os preços em uma gangorra toda vez que há notícias de clima adverso.

 

Os dados mais recentes do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), apontam que os estoques finais de soja no final de agosto, término do ano comercial de 2020/21, serão de apenas 3,7 milhões de toneladas, um dos mais baixos da história do país.

Mesmo com uma safra normal, prevista em 120 milhões de toneladas em 2021/22, os estoques de 31 de agosto do próximo ano serão de 4,2 milhões, também um patamar bem restrito.

No caso do milho, os estoques finais também estão baixos e devem terminar o ano comercial de 2020/21 em 27,5 milhões de toneladas, o suficiente para apenas 26 dias. O do próximo ano sobe um pouco, somando 36,4 milhões de toneladas, o suficiente, no entanto, para somente 35 dias, segundo a AgRural.

Uma eventual redução de produção nos Estados Unidos preocupa o mercado porque o clima afeta também outras regiões produtoras de milho.

No Brasil, há uma quebra forte da safrinha. A Ucrânia, outro país fornecedor de milho ao mercado internacional, tem estimativas de calor para a próxima semana, o que poderá prejudicar a polinização do cereal. No ano passado, a quebra de safra ocorreu em agosto.

Já a Argentina, fornecedora de milho para o Brasil, está com safra melhor do que se esperava, mas o Paraguai, outro fornecedor aos brasileiros, foi afetado pelas recentes geadas, ocorridas também em lavouras nacionais.

 

As mudanças climáticas nos Estados Unidos influenciaram os preços em Chicago, com reflexos também no Brasil.

Sinais de eventuais perdas de safra pelos norte-americanos fizeram com que a saca de soja voltasse a R$ 164,5 no disponível em Cascavel (PR). A oleaginosa estava em queda até o final de junho, quando a saca foi comercializada a R$ 147.

Os preços do milho se distanciam cada vez mais dos de Chicago. O câmbio e a quebra interna de safra fizeram o valor da saca voltar aos R$ 100 em Cascavel nesta quinta-feira (15). Em Sorriso (MT), a saca saiu de R$ 65 há um mês para R$ 76 nesta quinta. No início de maio, estava em R$ 83 (Folha de S.Paulo, 16/7/21)