10/12/2019

Trigo: Análise Agromensal Cepea/Esalq Novembro 2019

 Trigo: Análise Agromensal Cepea/Esalq Novembro 2019

A baixa disponibilidade de grão de qualidade, a desvalorização do Real frente ao dólar e preocupações quanto à safra e à comercialização do trigo argentino impulsionaram as cotações brasileiras do cereal em novembro. A postura retraída de compradores, que se mostram abastecidos, no entanto, limitou o movimento de alta.

 

No acumulado do mês (de 31 de outubro a 29 de novembro), os preços de lotes no Paraná e no Rio Grande do Sul subiram 5% e 6,5%, respectivamente. Quando comparadas as médias mensais, nota-se alta de 2% no Paraná, com o trigo a R$ 849,40/tonelada em novembro. Já no Rio Grande do Sul, a média de novembro foi 4,9% inferior à de outubro, a R$ 709,98/t. No mês, o preço do grão no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registrou alta de 2,3% no Rio Grande do Sul e no Paraná.

 

No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores apresentaram alta de 3,4% em Santa Catarina e de 2,5% em São Paulo. O dólar alto tem deixado compradores domésticos retraídos também para a importação. Entre 31 de outubro e 29 de novembro, a moeda norte-americana se valorizou 5,6%, com média mensal de R$ 4,1580. Tomando-se como base dados da Conab, até o dia 22 de novembro, a paridade de importação com origem na Argentina estava em US$ 245,17/tonelada para o produto posto no Paraná.

 

Considerando-se a média da moeda norte-americana até a data, o cereal importado era negociado a R$ 1.013,35/t, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná,estava em R$ 842,54/tno mesmo período, segundo o Cepea. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 238,02/t em novembro (até o dia 22), de acordo com a Conab, o equivalente a R$ 983,80/t em moeda nacional. Já o trigo brasileiro no estado sul-rio-grandense era negociado a R$ 702,15/t,conforme o Cepea.

 

CAMPO

O Deral/Seab indica que a colheita no Paraná foi encerrada, com produção média de 2.186 kg/ha. O Deral aponta que, até o dia 20 de novembro, 68,7%da safra paranaense havia sido negociada. No Rio Grande do Sul, a Emater indicou, em relatório divulgado no dia 28 de novembro, que a colheita está na reta final, com apenas 2% da área para ser colhida. Na região de Santa Rosa, a produtividade média foi de 2.974 kg/ha.

 

Nas regiões de Soledade e Ijuí, a área colhida e a produtividade diminuíram frente ao estimado inicialmente – a maior parte do trigo obteve PH entre 74 e 78. Em Santa Maria, faltando 1% da área da região a ser colhida, o PH do cereal está entre 64 e 72. Na região de Erechim, cerca de 20% do cereal é de baixa qualidade, com PH entre 70 e 72. Já na região de Caxias do Sul, algumas áreas registraram PH excelente (acima de 78) e outras, ruins. Em Santa Catarina, segundo colaboradores do Cepea, a qualidade do trigo, em geral, tem sido boa.

 

DERIVADOS

Em novembro, as negociações das farinhas ocorreram em ritmo lento e, em geral, moinhos apenas cumpriram contratos. No mês, as cotações das farinhas para bolacha doce, massas em frescas e massas em geral subiram 1,75%, 0,29% e 0,08%, respectivamente. Já as farinhas para panificação, integral, prémistura e bolacha salgada recuaram 1,57%, 1,19%, 1,14% e 0,38%, na mesma ordem.

 

Para os farelos, houve valorização de 1,16% para o a granel e 0,79% para o ensacado. O impulso veio da elevação nos preços do milho, o que aqueceu a demanda pelo derivado de trigo.

 

PREÇOS INTERNACIONAIS

 

Nos Estados Unidos, os futuros foram impulsionados pelo maior volume de vendas externas do produto norte-americano e pelas

chuvas na França, que estão atrasando o semeio. A seca na Austrália, que deve reduzir expressivamente a safra no país, a valorização do milho, a piora na qualidade das lavouras norte-americanas e a cobertura de posições vendidas também sustentaram os futuros.

 

Nesse cenário, considerando-se as médias de outubro e novembro, os primeiros vencimentos do trigo Soft Red Winter, negociados na CME Group, e do Hard Red Winter, na Bolsa de Kansas, avançaram 1,6% e 2,1% respectivamente, a US$ 5,1595 /bushel (US$ 189,58/t) e a US$ 4,2629/bushel(US$ 156,63/t)no último mês.

 

Na Argentina, por outro lado, os preços cederam expressivamente em novembro. Notícias de que o Brasil abriu cota de 750 mil toneladas de importação de trigo livre de tarifas preocupam triticultores argentinos – este volume representa 6% do consumo do País em 2018. Esse acordo, vale lembrar, foi assumido no início do mês por prazo indeterminado pelo governo brasileiro junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), em reunião do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex).

 

SECEX

Em novembro, segundo dados da Secex, as importações de trigo em grão somaram 446 mil toneladas, volume 26,5% inferior ao de outubro/19 e 9,7% menor que o do mesmo período de 2018. Desse total, 60,1% tiveram como origem a Argentina, 21,3%, os Estados Unidos, 7,7%, o Canadá e 5%, o Paraguai. As exportações,por sua vez, foram quase nulas.

 

Para as farinhas, as aquisições no mercado internacional foram 20,4% menores em relação a outubro/19, totalizando 25,6 mil toneladas. As vendas brasileiras no mercado externo foram de 1.483 toneladas, volume 46,1% inferior ao do mês anterior (Assessoria de Comunicação, 6/12/19)