17/02/2021

7 tendências em tecnologia e inovação para 2021

7 tendências em tecnologia e inovação para 2021

Gabriela Del Carmen

15 de fevereiro de 2021 Forbes TechNegócios

Relatório da Singularity University Brazil analisou diversas visões de futuro para apontar ferramentas e movimentos que vão impactar o mundo ao longo do ano

Estamos vivendo uma revolução tecnológica que passa pela transformação cultural e econômica das empresas e da sociedade. Percebemos isso com mais clareza do que nunca desde o início da pandemia de Covid-19 e o isolamento social. Muitas empresas tiveram que correr atrás do prejuízo digital para manter suas operações e não fechar as portas. E, nos próximos anos, as tecnologias exponenciais trarão mudanças ainda maiores em todas as áreas de nossas vidas.

Um relatório da Singularity University Brazil, realizado pela primeira vez pela comunidade global de aprendizado e inovação e adiantado com exclusividade à Forbes, analisou diferentes visões de futuros de seus especialistas e listou as tecnologias e os caminhos que podem impactar a vida de bilhões de pessoas nos próximos anos.

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“Tais movimentos trarão impactos sem precedentes sobre o PIB e sobre a geração de empregos em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil”, diz Ricardo Cavallini, professor da Singularity University e criador da Makers, consultoria de inovação. “Alguns países já acordaram para essa realidade e estão investindo com força total na nova economia exponencial.”

Veja, na galeria a seguir, quais são as 7 tendências apontadas pelo estudo “xTech Views” para 2021:

 

1)    A inteligência artificial e a automação como protagonistas da transformação digital: A expectativa é que 2021 seja um ano de continuidade e ajustes necessários na transformação digital das empresas que já iniciaram o processo de automação. De acordo com Alexandre Nascimento, expert em inteligência artificial da SingularityU Brazil e pesquisador filiado à Universidade de Stanford, em 2020 a experiência do home office fez com que as pessoas buscassem formas de automação para agilizar as tarefas e dar conta de todas as atividades domésticas e familiares. Por isso, aqueles que já experimentaram os benefícios da automação devem manter tal tendência em 2021, “independentemente da continuidade das políticas de home office, mesmo após a pandemia”, explica.

Segundo o especialista, a retomada do mundo físico não vai apagar tudo o que o mundo digital conquistou. Pelo contrário: os setores que também já se acostumaram com a vida no digital apostarão em uma experiência única para os seus clientes, unindo o melhor dos dois mundos. Nesse caso, a IA funciona como peça-chave para que as empresas ofereçam uma experiência rica e completa.

2021 também será um ano importante para as empresas atrasadas no processo de transformação digital. Para o pesquisador, essa é uma realidade que não pode mais ser ignorada no mundo dos negócios: as empresas que não investirem nas tecnologias digitais poderão pagar um preço elevado “sob o risco de perderem, rapidamente, sua relevância e experimentarem uma erosão de seu resultado no médio e longo prazos”, diz.

2)   “O campo do desenvolvimento humano é o que sentirá mais fortemente os avanços da neurociência”, afirma Carla Tieppo, expert em neurociência da SingularityU. A projeção é que tenhamos cada vez mais aplicativos e softwares voltados para o desenvolvimento humano para todas as idades e etapas da vida, de maneira escalável e individualizada.

Conforme as tecnologias de monitoramento e aprendizado se desenvolvem, o custo da individualização tende a cair drasticamente, facilitando a democratização do acesso e a aceleração do aprendizado. “Os desafios estão justamente posicionados na transferência de conhecimento entre os sistemas de aprendizado mediados por indivíduos para um sistema de aprendizado mediado por máquinas”, explica.

Graças às iniciativas que usam dados de atividade cerebral e corporal como indicativos de necessidades e oportunidades a serem exploradas, ao que tudo indica, os próximos anos serão marcados por uma grande aceleração no desenvolvimento humano e social.

3)   Para Eduardo Ibrahim, expert em economia exponencial da SingularityU Brazil, executivo, empreendedor e TEDx Speaker, estamos vivendo um paralelo com o que ocorreu com o fim da crise humanitária causada pela gripe espanhola e a distribuição da eletricidade. Mas, hoje, a nova crise espanhola é a Covid-19 e a inteligência artificial é a nova eletricidade. A grande diferença é que, atualmente, “as ideias já nascem digitais e sua velocidade de implantação é exponencial, por isso estamos assistindo à reconstrução da economia como conhecemos”, explica.

Nesse sentido, vamos vivenciar um conflito entre modelos econômicos industriais, com as ideias dentro dos mercados, e tecnológicos, no qual elas ultrapassam fronteiras. Até 2030, a expectativa é que as moedas digitais soberanas e a descentralização do mercado financeiro se tornem norma. “A economia das ideias pode ajudar na transição desse momento porque seu objetivo final é realizar a inovação. Ganha quem tiver maior capacidade de implementar a enxurrada de ideias que estão fluindo no mundo todo.”

É provável que as transformações globais causem impactos maiores nos países emergentes, que terão que criar agendas para implementar as ideias a seu favor – ou serão engolidos por elas. “Não se trata mais de integrar tecnologias às áreas de conhecimento, mas de transformar as próprias áreas de conhecimento em áreas de base tecnológica. O pensamento econômico precisa ser renovado e ganhar um banho de tecnologia em todas as esferas de liderança, pois ele será responsável por determinar quais países e empresas sairão vencedoras da louca década de 2020”, considera Ibrahim.

4)   “O ano de 2021 tem tudo para ser bastante promissor no mundo do blockchain e das criptomoedas”, afirma Guilherme Horn, expert em blockchain da SingularityU Brazil e diretor de estratégia digital e inovação do Banco Votorantim. A tendência é que a valorização da criptomoeda cresça significativamente nos próximos anos.

Em 2020, após serviços como o PicPay e Square apostarem nos Bitcoins, a criptomoeda atingiu US$ 40 mil, atraindo cada vez mais confiança do mercado. Ontem (14), a criptomoeda já estava cotada a quase US$ 50 mil Durante a pandemia, muitos países adotaram as moedas digitais como refúgios importantes para hedge, devido à baixa correlação com outros ativos.

Atualmente, a China possui cerca de 100 mil pessoas utilizando sua moeda eletrônica. No Brasil, o Banco Central já revelou que pretende lançar o real digital em breve. “Este movimento segue ganhando força e poderá também ajudar a estimular iniciativas de tokenização no mercado de capitais, trazendo ganhos de eficiência e democratizando o acesso a capital”, explica Horn.

5)   Ao refletir sobre o desenvolvimento da inteligência artificial emocional, Leandro Mattos, expert em neurociência da SingularityU Brazil e cofundador e CEO da healthtech CogniSigns, vê um futuro no qual a tecnologia estará mais humanizada, podendo decodificar expressões faciais e relacioná-las com diferentes emoções. Nesse sentido, é possível que celulares, tablets e computadores sejam capazes de perceber nossas emoções e reagir como pessoas reais para nos ajudar. “Isso pode mudar não só a forma como nos conectamos com as máquinas, mas também nos aproximar mais uns dos outros, elevando assim a nossa condição humana de sociabilidade”, afirma.

A interface cérebro-máquina também assume papel central. Definida como a conexão direta entre o cérebro de um ou mais indivíduos, com dispositivos físicos ou digitais, proporcionando controle sobre estes, a iniciativa tem como objetivo auxiliar pessoas que sofrem com algum distúrbio do sistema nervoso. “Em um futuro próximo, essa tecnologia poderá ser utilizada por humanos, gerando possibilidades para o surgimento de novas formas de intervenções médicas em pacientes com Alzheimer, Parkinson, depressão e transtorno do espectro autista, por exemplo”, pontua.

Além disso, o especialista destaca o avanço da engenharia genética, fortemente amparado pelo desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19. “A tecnologia CRISPR deve se consolidar como um dos destaques desse movimento. Ela pode apresentar ao mundo a cura para doenças até então definidas como incuráveis, como câncer, AIDS e Alzheimer, dando início a um novo ciclo de desenvolvimento de terapias genéticas.”
Ao refletir sobre o desenvolvimento da inteligência artificial emocional, Leandro Mattos, expert em neurociência da SingularityU Brazil e cofundador e CEO da healthtech CogniSigns, vê um futuro no qual a tecnologia estará mais humanizada, podendo decodificar expressões faciais e relacioná-las com diferentes emoções. Nesse sentido, é possível que celulares, tablets e computadores sejam capazes de perceber nossas emoções e reagir como pessoas reais para nos ajudar. “Isso pode mudar não só a forma como nos conectamos com as máquinas, mas também nos aproximar mais uns dos outros, elevando assim a nossa condição humana de sociabilidade”, afirma.

A interface cérebro-máquina também assume papel central. Definida como a conexão direta entre o cérebro de um ou mais indivíduos, com dispositivos físicos ou digitais, proporcionando controle sobre estes, a iniciativa tem como objetivo auxiliar pessoas que sofrem com algum distúrbio do sistema nervoso. “Em um futuro próximo, essa tecnologia poderá ser utilizada por humanos, gerando possibilidades para o surgimento de novas formas de intervenções médicas em pacientes com Alzheimer, Parkinson, depressão e transtorno do espectro autista, por exemplo”, pontua.

Além disso, o especialista destaca o avanço da engenharia genética, fortemente amparado pelo desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19. “A tecnologia CRISPR deve se consolidar como um dos destaques desse movimento. Ela pode apresentar ao mundo a cura para doenças até então definidas como incuráveis, como câncer, AIDS e Alzheimer, dando início a um novo ciclo de desenvolvimento de terapias genéticas.”

6)   Para Peter Cabral, coautor do livro “Mobilidade, Muito Além de Trânsito” e expert em mobilidade digital da Singularity U Brazil, o protagonismo de agora em diante será dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), da ONU, com destaque para a comida, ambiente, saúde, educação e energia. A tendência é que os vertical farming projects, prática de cultivo em camadas empilhadas verticalmente, passem por novos impactos de custos, o que facilitará o acesso de seus produtos para a população.

Outra projeção diz respeito à definição do valor financeiro da floresta Amazônia, capaz de gerar políticas de incentivo à preservação e de abrir precedentes para descobrir novas fontes de riqueza. Já nas cidades, a tecnologia 5G deve revolucionar a internet das coisas, assim como a infraestrutura e os serviços urbanos. “Haverá impacto no desenvolvimento econômico, social e humano, das cidades e da segurança pública”, diz. O expert reforça que governos e empresas devem olhar para as necessidades de grupos demográficos que não possuem acesso à rede.

Mas a grande expectativa é sobre o shareholder capitalism, que deve se tornar cada vez mais relevante. “A pandemia mostrou que, para muitos fabricantes, não é necessário intermediários. Nesse cenário, ganham força os modelos D2C – Direct to Consumer. Isso reforça o conceito ‘15-minute City’ em cidades inteligentes. Qualquer percurso que demore mais do que 15 minutos a pé, de bicicleta ou veículo motorizado (individual ou coletivo) passará a ser percebido como custoso e complexo.”

Além da micromobilidade, veículos autônomos, conectados, elétricos e compartilhados despontam como outra tendência mundial. “A forma de pensar a vida está em transformação. Neste século, vamos buscar a longevidade, mas queremos envelhecer com bem-estar”, considera Cabral.

7)   O desafio para 2021 não é enfrentar a Covid-19 como já a conhecemos, mas sim as mudanças de comportamento e do ambiente de negócios que o vírus está causando. Ricardo Cavallini, expert em fabricação digital da SingularityU Brazil, considera que mesmo no mundo pós-vacina, o trabalho remoto é uma tendência que deve se manter nos próximos anos, o que gera impactos de segunda e terceira ordem no Brasil e no mundo. “As empresas vão repensar o escritório físico? Trabalhadores irão morar fora da cidade onde a empresa está localizada? Teremos mudança dos eixos RJ e SP? A fuga de talentos terá outra proporção e outra leitura?”, pergunta.

É certo que algumas dessas tendências não foram causadas pelo coronavírus em si, mas aceleradas por ele, gerando fortes mudanças no curto prazo que impactam diretamente no dia a dia da sociedade. “Impactos de segunda, terceira ou quarta ordem são difíceis de prever, mas vivenciaremos vários deles em 2021”, afirma (Forbes, 16/2/21)