“A cada oito anos, dobramos o tamanho da empresa",diz presidente da Amaggi
Judiney Carvalho de Souza, presidente da Amaggi, um dos maiores grupos do agro. Foto Divulgação
Por Vera Ondei
Judiney Carvalho de Souza conta onde chegou a empresa fundada por um dos pioneiros do agro no Centro-Oeste, negócio que hoje pertence a cinco famílias herdeiras
A Amaggi, um dos maiores grupos do agro brasileiro, em 400 mil hectares das lavouras de suas fazendas, colhe 1,4 milhão de toneladas de soja, algodão e um pouco de milho, que são processadas ou vendidas em bruto. No negócio, controlado por cinco famílias herdeiras do fundador André Maggi, que criou a empresa em 1977, ainda entram outras 15 milhões de toneladas de soja de cerca de 5 mil produtores brasileiros e 7 milhões de toneladas de produtores da Argentina, do Canadá, dos Estados Unidos e do Paraguai. Esse é o retrato de uma das empresas que ocupa lugar de destaque entre as grandes do agro. A Amaggi faz parte do lista Forbes Agro100 2023.
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“Não gostamos de ser chamados de uma empresa de commodities; somos uma empresa de originação”, diz Judiney Carvalho de Souza, 51 anos, presidente-executivo da Amaggi. Em 2022, a André Maggi Participações, a Amaggi, faturou R$ 47,37 bilhões, valor 24% acima do registrado em 2021.
Com uma forte presença no esmagamento de soja, logística de exportação terrestre e portuária, energia, serviços financeiros e de corretora, a Amaggi tem mantido um Capex (despesa de capital para investimentos) de R$ 2 bilhões (US$ 400 milhões) por ano. “Nos últimos 10 anos, investimos R$ 20 bilhões”, diz Souza. “Desde que a Amaggi nasceu, a cada oito anos, dobramos o tamanho da empresa.”
De acordo com o executivo, essa constância nos resultados vem da construção e da execução de um plano estratégico revisto a cada três anos. “Hoje, temos 100% do que ocorre na Amaggi mapeado e acompanhado”, afirma. “E vamos continuar crescendo junto com nossos parceiros.”
Na área da produção, ele elenca uma série de tarefas que ecoam por toda a cadeia de fabricação de alimentos e que sustenta os demais negócios, como investir na agricultura regenerativa; criar um ambiente de maior segurança de preços para a soja não transgênica (a empresa é uma grande processadora desse grão na Europa); apostar em energia limpa, como a solar; aumentar a eficiência das exportações brasileiras pelos portos do norte do país; valorizar as matas intocadas (a Amaggi tem em suas propriedades 135 mil hectares de áreas nativas); aumentar, entre os produtores parceiros, as certificações; e acelerar a adoção de tecnologias trazidas pela conectividade que avança no campo.
Entretanto, desses desafios, o que Souza mais considera é a hercúlea tarefa de cuidar da formação de colaboradores para os trabalhos no meio rural. Entre campo e cidade, a Amaggi emprega 8.600 funcionários. “Não tem sentido você colocar uma máquina que pode custar R$ 8 milhões nas mãos de uma pessoa que não sabe guiar uma moto”, afirma ele. “Isso é um modo de dizer que é preciso investir na educação, porque ela muda a pessoa e muda o seu comportamento, a sua cultura”. Não foi por acaso a criação da Universidade Amaggi, uma plataforma para a formação continuada que reúne 14 escolas (Forbes, 22/1/24)