16/05/2019

A Fapesp e a agropecuária paulista – Por Marco Antonio Zago

A Fapesp e a agropecuária paulista – Por Marco Antonio Zago

Legenda: O presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago

 

 

Investimento em pesquisa garante força produtiva.

Apesar das dificuldades econômicas do país, o PIB paulista cresceu 1,6% em 2018. Cerca de 15% desse produto econômico, da ordem de R$ 330 bilhões, vem do agronegócio, responsável também por 15% do emprego no estado. Estimular o agronegócio tem, pois, reflexos positivos na economia e na geração de empregos.

Para manter-se competitiva num mundo que muda rapidamente, em que a atualização científica e tecnológica migra continuamente dos laboratórios e universidades para o setor produtivo, a agropecuária tem que ser sustentada por pesquisa e inovação permanentes.

No estado de São Paulo, esse processo ocorre com vigor há várias décadas, garantindo a força produtiva e contribuindo para o progresso do setor no país, responsável por 20% do PIB brasileiro.

De que forma a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) participa deste esforço?

 

Estudo recente mostra que cada R$ 1 investido na pesquisa agropecuária tem, em poucos anos, retorno de R$ 11. Os investimentos da Fapesp têm um retorno 27 vezes maior. Esse retorno aparece de formas variadas, como aumento da produção e produtividade e aumento da geração de empregos. Em meados da década de 1990, o PIB per capita rural era 21% do PIB urbano, tanto em São Paulo como no Brasil; em 2014, havia subido para 31% no país e 53% no estado de São Paulo.

Portanto, investir em pesquisa agropecuária é uma excelente estratégia para desenvolver o estado e aplicar recursos públicos com eficiência. A Fapesp investiu R$ 3 bilhões (valores de 2013) na pesquisa de agricultura entre 1993 e 2013 e nos últimos dez anos financiou 4.500 bolsas e 2.600 projetos. Entre 1982 e 2013, os investimentos de Fapesp, Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) e Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) perfizeram R$ 417 milhões anuais, enquanto valor equivalente foi investido na área por USP, Unesp e Unicamp na formação de pessoal. 

Em consequência, a produção da agricultura paulista aumentou em mais de 90% nas duas últimas décadas, e o ganho de produtividade total cresceu 3,1% a partir de 1994, enquanto o PIB per capita rural subiu para 57% do PIB urbano em São Paulo quando comparado a 34% do restante do país.

A pesquisa apoiada cobre amplo espectro, desde questões de aplicação imediata —como soluções de adubação e dieta que reduzem a emissão de metano e aumentam a produtividade do gado de corte, identificação de genes que estão ligados à melhoria do gado bovino, preservação de polinizadores e aplicação de drones na agropecuária— até temas mais fundamentais, como uso da genômica para identificar genes que aumentam a resistência das plantas às mudanças climáticas e genômica para a piscicultura.

Em 30 anos, o etanol mudou o perfil de fonte de energia no Brasil: o uso de petróleo e derivados caiu de 62% para 38%, enquanto a bioenergia elevou-se de 14% para 32%. A Fapesp tem protagonismo neste processo e no debate internacional sobre bioenergia e sustentabilidade.

Uma característica adicional desse setor é a estreita cooperação entre universidades e institutos de pesquisa com o setor produtivo e empresarial, acompanhada de um número crescente de startups. O programa Pipe (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas), da Fapesp, apoia no momento 80 empresas tecnológicas nesse setor da economia.

A experiência das últimas décadas demonstra claramente que investir em ciência e tecnologia produz inovação, gera empregos e contribui para o desenvolvimento econômico (Marco Antonio Zago é presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo); Folha de S.Paulo, 16/5/19)