A história de Paulo – Por Tarcisio Angelo Mascarim
Antes de entrar no mérito deste artigo, quero definir, com base no site Bíbliaon, o que são o perdão e o arrependimento, do ponto de vista da religião.
O perdão é uma das coisas mais libertadoras que se pode fazer. A falta de perdão é como uma pedra amarrada na perna de alguém, que a puxa para o fundo do mar.
Se Deus perdoou os nossos pecados e se nós queremos ser parecidos com Deus, que motivos podemos ter para não perdoar alguém?
Se nós perdoarmos, receberemos perdão. Esta é uma verdade que nos deve motivar. Se realmente compreendemos o que Jesus fez na cruz, o perdão deve fluir nos nossos corações.
O arrependimento é se sentir triste por causa de seu pecado e decidir mudar. Quem se arrepende rejeita o pecado e reconhece que precisa de Jesus para ser salvo. O verdadeiro arrependimento vem da convicção do pecado pelo Espírito Santo e leva você a mudar de vida, com a ajuda de Jesus.
O arrependimento vem do coração, mas é revelado na sua vida. Quem se arrepende tem uma atitude diferente: é humilde e tenta fazer o que é correto para agradar a Deus. O arrependimento é a condição essencial para a salvação.
Pois bem. A definição das palavras perdão e arrependimento me trouxeram a história do apóstolo Paulo que, antes de se converter, perseguia e prendia cristãos e até ajudou a apedrejar um crente. Mas, quando Jesus falou com ele, sua vida mudou. Paulo se tornou um grande pregador e escreveu 13 livros do Novo Testamento!
Com a ajuda do Google, tomo a liberdade de transmitir um resumo de sua história:
Paulo, nome romano de Saulo, nasceu em Tarso, na Cilícia. Tarso não era um lugar insignificante; ao contrário: era um centro de cultura grega, uma cidade universitária que ficava próxima da costa nordeste do Mar Mediterrâneo. Embora tenha nascido um cidadão romano, Paulo era um judeu da Dispersão, um israelita circuncidado da tribo de Benjamin e membro zeloso do partido dos Fariseus.
Paulo de Tarso como perseguidor: No livro dos apóstolos, somos informados que, quando Estêvão foi apedrejado, suas vestes foram depositadas aos pés de Paulo (At 7:58). Após esse episódio da morte de Estêvão, Paulo assumiu uma posição importante na perseguição aos cristãos, recebendo autoridade oficial para liderar tais perseguições e, na qualidade de membro do concílio do Sinédrio, dava o seu voto a favor da morte dos cristãos (At 26:10).
O próprio Paulo afirma que “respirava ameaça e morte contra os discípulos do Senhor” (At 9:1). Além de deflagrar a perseguição em Jerusalém, ele ainda solicitou cartas ao sumo sacerdote para as sinagogas em Damasco, para que levasse preso para Jerusalém qualquer um que fosse seguidor de Cristo, tanto homem quanto mulher (Gl 1:13), acreditando que ao fazer isso estava servindo a Deus e preservando a pureza da Lei.
Paulo partiu furiosamente em direção a Damasco com o intuito de destruir a comunidade cristã daquela cidade. De repente, algo inesperado aconteceu, algo que causou uma mudança radical, não só na vida de Paulo de Tarso, mas no curso da História. “E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convêm fazer.” (Atos 9:3-6)
Neste momento, houve o perdão de Jesus a Paulo pela perseguição aos cristãos e o arrependimento de Paulo pelos crimes praticados, transformando-se em Apóstolo de Cristo. Os homens que estavam com Paulo ouviram a voz, mas não compreenderam as palavras, ficaram espantados, mas não puderam ver a Pessoa. Por outro lado, Paulo viu o Cristo ressurreto e ouviu suas palavras. Esse encontro foi tão importante para Paulo que a base da sua afirmação para o apostolado está fundamentada nessa experiência.
Considerando que Paulo não havia sido um dos 12 discípulos de Jesus, além de ter perseguido seus seguidores, a necessidade e importância da revelação pessoal de Cristo para Paulo fica evidente. Essa experiência transformou Paulo de Tarso profundamente como pode ver:
- Respondeu ao chamado de Cristo: o primeiro aspecto da mudança na vida do Apóstolo Paulo pode ser percebido quando, imediatamente, ele responde à voz de cristo: “Senhor, que queres que eu faça?” Ali foi o começo de um novo relacionamento com Cristo.
- De perseguidor a pregador do Evangelho: a mudança radical que atingiu a vida do Apóstolo Paulo fica evidente na mensagem que ele começou a pregar na própria cidade de Damasco. Isso é impressionante, pois esse era o lugar a qual ele pretendia prender os seguidores de Cristo (At 9:1,2).
- Mudança de vida total: antes da conversão, Paulo não aceitava a divindade de Jesus, a ponto de acreditar que perseguindo seus seguidores como um animal selvagem (At 26:9-11), tentando forçá-los a blasfemar contra Jesus (1Co 12:3), estaria fazendo a vontade de Deus. Podemos dizer que ele via Jesus como um impostor. Agora, após a conversão, sua pregação não era outra senão anunciar que Jesus é o Filho de Deus (At 9:20). O Paulo duro, rigoroso, ameaçador e violento de outrora, agora demonstrava ternura, sensibilidade e amor, como podemos perceber em vários de seus escritos.
Após o encontro que teve com Cristo, o Apóstolo Paulo chegou a Damasco e recebeu a visita de Ananias, o qual também o batizou (At 9:17,18). Foi ali mesmo, naquela cidade, que Paulo começou sua obra evangelística.
O que sabemos é que o Apóstolo Paulo pregou rapidamente em Damasco (At 9:20-22) e foi passar um tempo na Arábia (Gl 1:17), embora a Bíblia não esclareça o que ele fez ali, nem mesmo qual o lugar específico da Arábia. Depois, retornou a Damasco, onde sua pregação provocou uma oposição tão grande que precisou fugir para salvar sua própria vida (2Co 11:32,33).
A fuga em questão foi para Jerusalém (Gl 1:18). Havia completado cerca de três anos de sua conversão. Paulo tentou juntar-se aos discípulos, porém estavam todos receosos com ele, mas Barnabé se dispôs a apresentá-lo aos líderes dos cristãos. Entretanto, seu período em Jerusalém foi muito rápido, pois novamente os judeus procuravam assassiná-lo.
Por conta disso, os cristãos decidiram despedir Paulo, uma decisão confirmada pelo Senhor numa visão. Segundo o que ele mesmo afirma em Gálatas 1:18, ele ficou somente 15 dias com Pedro. Paulo então deixou Jerusalém antes que pudesse se encontrar com os demais Apóstolos e antes de se tornar conhecido pessoalmente pelas igrejas da Judéia, embora os crentes de toda a região já ouviam as boas-novas sobre Paulo.
“E não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo; Mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguia anuncia agora a fé que antes destruía.” (Gálatas 1:22,23)
O Apóstolo Paulo então foi enviado à sua cidade natal, Tarso, passando ali um período de silêncio, de cerca de 10 anos. Embora esses anos sejam conhecidos como o “período silencioso do ministério do Apóstolo Paulo”, é provável que o Apóstolo tenha fundado algumas igrejas naquela região. Estudiosos sugerem que as igrejas mencionadas em Atos 15:41 tenham sido fundadas por Paulo durante esse período. Certo é que Barnabé, ouvindo falar da obra que Paulo estava desempenhando, solicitou sua presença em Antioquia como um obreiro auxiliar, a fim de ajudá-lo numa promissora missão evangelística entre os gentios.
Após cerca de um ano, ocorreu um período de grande fome e, em Antioquia, providenciaram-se contribuições para auxilio aos cristãos da Judeia, as quais foram levadas por Paulo e Silas. Havendo completado sua missão, Paulo e Silas regressaram a Antioquia.
Esse período foi essencial no ministério do Apóstolo Paulo, pois foi ali que sua missão de levar o evangelho aos gentios começou a ganhar força. Foi enquanto estava em Antioquia que o Espírito Santo orientou a igreja a separar Barnabé e Paulo para a obra à qual Deus os chamara, e assim tiveram início as viagens missionárias do Apóstolo Paulo.
O trabalho evangelístico do Apóstolo Paulo abrangeu um período de cerca de 10 anos, acontecendo principalmente em quatro províncias do Império Romano: Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia. Paulo concentrava-se nas cidades-chave, isto é, nos maiores centros populacionais, pois, quando alguns judeus e gentios aceitavam a mensagem do Evangelho, logo se tornavam o núcleo de uma nova comunidade local. Assim, Paulo alcançou até mesmo as áreas rurais. Podemos resumir a estratégia missionária usada pelo Apóstolo Paulo da seguinte forma:
1- Ele trabalhava nos grandes centros urbanos, para que dali a mensagem se propagasse nas regiões circunvizinhas;
2- Pregava nas sinagogas, a fim de alcançar judeus e prosélitos gentios. Focava sua pregação na comprovação de que a nova dispensação é o cumprimento das profecias da antiga dispensação;
3- Percebia as características culturais e as necessidades dos ouvintes de modo que as aplicava na mensagem evangélica;
4- Mantinha o contato com as comunidades cristãs estabelecidas por meio da repetição de visitas e envio de cartas e mensageiros de confiança;
5- Estava atento às desigualdades presentes na sociedade da época, e promovia a unidade entre ricos e pobres, gentios e judeus, além de solicitar que as igrejas mais prósperas auxiliassem os mais pobres.
Em Atos 14:21-23, podemos perceber que o método de Paulo para estabelecer uma igreja local obedecia a um padrão regular. Primeiramente, era feito um trabalho dedicado ao evangelismo, com a pregação do Evangelho. Depois, havia um trabalho de edificação, no qual os crentes convertidos eram fortalecidos e encorajados. Por último, presbíteros eram escolhidos em cada igreja, para que a organização eclesiástica fosse estabelecida.
Seguiram-se as viagens missionárias de Paulo, que o tornaram, sem dúvida, um dos personagens bíblicos mais conhecidos por todos os cristãos, sendo reconhecido como o maior líder do cristianismo.
Talvez o texto que mais defina a biografia do Apóstolo Paulo seja exatamente este: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”. (2 Timóteo 4:7,8) (Tarcisio Angelo Mascarim é sócio e administrador da Mascarim & Mascarim Sociedade Advogados. Leia mais artigos no www.tarcisiomascarim.com.br)