A onda 4.0 e as transformações no agronegócio
Por Gabriela Inocente
Nas últimas décadas, a revolução verde transformou as práticas agrícolas por meio da implementação de iniciativas tecnológicas, que favoreceram o aumento da produção de alimentos no mundo e no Brasil. No entanto, o progresso neste setor não para e agora estamos vivenciando uma nova revolução no campo, a ascensão da agricultura digital, que também é chamada por muitos especialistas como “agricultura 4.0”.
A inovação no campo é percebida facilmente nos dias de hoje, quando observamos os processos automatizados, por exemplo. No entanto, ela tem se tornado cada vez mais expressiva diante do mercado competitivo e, ao mesmo tempo, promissor. De acordo com estimativas das Organização das Nações Unidades (ONU), nos próximos 30 anos o agronegócio terá a missão de alimentar cerca de dez bilhões de pessoas no mundo.
De olho nas oportunidades que se abrem e impulsionado pelos avanços da tecnologia, na agricultura 4.0 diversas startups têm surgido com ferramentas inovadoras que vão além das máquinas de colheita, oferecendo praticidade e eficiência aos produtores rurais. Entre as principais tendências estão os drones, softwares de gestão, agricultura de precisão, marketplace, entre outras, que abrangem todas as etapas do agronegócio.
Com tais ferramentas, o produtor consegue visualizar suas propriedades à distância, por meio de softwares, controlando em tempo real o processo produtivo, identificando áreas com infestação de pragas e otimizando a tomada de decisões. Além disto, essas tecnologias também estão facilitando as transações do setor, já que hoje os produtores podem comprar e vender por meio de plataformas digitais, conforme a oferta do mercado e em poucos segundos, fechar o negócio e, ainda, gerar contrato com assinatura digital.
Todavia, a inovação no agronegócio ainda apresenta alguns desafios, especialmente no Brasil, como conectividade, por exemplo. Geralmente em áreas rurais, a infraestrutura de rede necessita de ampliação e melhorias para garantir conexão a todos. Outro problema é conscientizar os produtores sobre a segurança de dados, já que muitos têm resistência em expor informações sobre seu negócio na rede, e ainda priorizam as negociações por meio de reuniões físicas e contratos impressos.
De qualquer forma, a inovação já chegou ao campo e está revolucionando sua atividade. Cabe aos profissionais da área manterem-se atualizados para lidar com todas essas tecnologias que ajudam a modernizar processos, mas não substituem o trabalho do homem. Um software pode detectar problemas numa área, entretanto, quem determina com precisão a situação é o profissional de agronomia. Mas, ele precisa estar atualizado e cada vez mais capacitado para garantir seu espaço nesta nova era (Gabriela Inocente, formada em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) com MBA em Gestão Estratégica do Agronegócio pela FGV e atualmente docente do curso de Agronomia da Unopar de Arapongas)