A soja é uma máquina de fazer dinheiro
Exportações podem render US$ 53 bilhões neste ano, prevê a Abiove, associação das indústrias de óleos vegetais.
As receitas de exportações com o chamado complexo soja (grão, farelo e óleo) deverão atingir US$ 53 bilhões neste ano, um volume pouco imaginado há três anos.
Essas receitas deverão representar pelo menos 50% de todas as exportações do agronegócio brasileiro neste ano. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (20), são da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
O volume de dinheiro dentro da porteira também registra patamar recorde. Segundo o Ministério da Agricultura, o Valor Bruto da Produção da soja deverá somar R$ 353 bilhões, 48% das receitas de todas as lavouras neste ano.
O volume de recursos vindos do exterior se deve à aceleração mundial da demanda e à consequente alta de preços. Internamente, as receitas vêm da oferta maior de oleaginosa e do efeito do dólar sobre os preços nacionais.
Nas duas últimas safras, o consumo mundial superou a oferta de produto. Nesta que se inicia, produção e consumo mundiais devem empatar.
O Brasil se aproveitou das intrigas do governo Donald Trump com a China, quando as exportações americanas despencaram. Nesta safra 2020/21, porém, as vendas americanas atingiram recorde, derrubando os estoques dos EUA para os menores patamares da história do país.
O resultado foi uma alta acelerada na Bolsa de Chicago. Pelos valores de negociação naquela Bolsa, a tonelada de soja estava a US$ 310 em abril de 2020, valor que subiu para US$ 537 neste ano. Com isso, a saca de soja teve alta de R$ 96 para R$ 173 em Maringá (PR) no mesmo período, segundo dados da Abiove.
Os preços de Chicago, com auxílio do enfraquecimento do real, pressionaram também o farelo e o óleo, que subiram 38% e 116%, respectivamente, no mercado interno nos últimos 12 meses.
A disparada da soja ocorreu não só pela demanda chinesa e por estoques baixos nos Estados Unidos, mas também pela presença dos fundos de investimentos nesse mercado.
A elevação dos preços afetou produtores brasileiros de proteínas, o setor de biodiesel e os consumidores. Neste ano, a produção de soja deverá ser de 137,5 milhões de toneladas, bem acima dos 128 milhões de 2020, mas as exportações crescem para 85,6 milhões.
Os números da Abiove mostram, ainda, que a produção de farelo cai, e as exportações sobem, em relação a 2020, indicando um cenário não muito confortável para a cadeia de proteína.
Já a produção e a exportação de óleo ficam ajustadas (Folha de S.Paulo, 21/5/21)