Abate de bovinos este ano é o maior nos últimos nove anos no país
FRIGORIFICO BOVINO (Imagem- Shutterstock-ASA studio).jpg
O abate de bovinos este ano é o maior dos últimos nove anos no Brasil, aponta levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), em relatório antecipado ao Broadcast Agro.
O Cepea observa também que o abate de fêmeas (vacas adultas e novilhas) representou 42,3% do total, praticamente a mesma proporção registrada em 2019, de 42,7%. A análise foi feita com base em dados de abates do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De janeiro a setembro deste ano, foram abatidos no Brasil 24,64 milhões de bovinos, ou 11,4% mais ante igual período de 2022 e 19,7% superior à parcial de 2021. "Em números absolutos, foram 10,41 milhões de fêmeas (vaca ou novilha), 23,4% a mais que em igual período de 2022, quando a participação das fêmeas estava em 38%", observa o centro de estudos.
Ainda conforme o Cepea, o abate apenas de vacas adultas subiu 20,3% de janeiro a setembro ante igual período do ano passado e o de novilhas, 31,2%. "Neste ano, já foram abatidos 3,133 milhões de novilhas, o que representa 12,7% do total de bovinos", diz. "A título de comparação, de janeiro a setembro de 2019, foram 2,939 milhões, participando com 12,03% do total."
Um dos motivos pelo abate expressivo de novilhas, segundo o Cepea, é que elas são "premiadas" em termos de preços pela qualidade e maciez da carne, chegando a receber o mesmo valor pago pela arroba do boi. "Além desse atrativo, ao se verem pressionados pela falta de chuvas (pastagens insuficientes) e por custos elevados de produção, muitos pecuaristas optam por comercializar animais mais jovens", prossegue o Cepea.
O fato de a porcentagem de novilhas nos abates totais ultrapassar os dois dígitos pelo segundo ano consecutivo pode sinalizar, além de uma mudança estrutural na cadeia em termos de oferta de animais, um maior uso de tecnologias no aperfeiçoamento da produção, assim como na redução do ciclo produtivo.
Com aumento no abate de fêmeas e condições desfavoráveis à reprodução, o setor poderá sentir "falta" de bezerros entre 2025 e 2026. "Por um lado, isso representa oportunidade para pecuaristas de cria, mas, por outro, traz preocupação aos de recria e engorda e também para a economia, dado que a redução de oferta de carne tende a influenciar na inflação", comenta, no relatório (Broadcast, 13/12/23)