Abate de bovinos recua 8,5% em 2020 após três anos de alta, diz IBGE
O abate de bovinos no Brasil em 2020 caiu 8,5% ante 2019, após três anos de expansão, apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em pesquisa divulgada nesta quinta-feira, que contabilizou 29,7 milhões de cabeças abatidas sob serviços de inspeção sanitária federal, estadual ou municipal.
O recuo vem em meio a uma disparada nos preços da arroba bovina no Brasil para valores recordes, vista desde meados do ano passado, o que segundo o IBGE tem feito produtores segurarem o abate de matrizes devido à valorização dos animais.
“Estamos no chamado ciclo de alta na bovinocultura após um período de baixa. A arroba subiu de preço, o bezerro, um dos principais insumos de produção, está escasso e valorizado. Isso quer dizer que quem tem fêmea, retém para criação de mais bezerros”, disse em nota o supervisor da pesquisa, Bernardo Viscardi.
Com isso, o resultado de 2020 voltou ao patamar observado em 2016, quando 29,7 milhões de cabeças foram abatidas, enquanto em 2019 o número alcançou 32,4 milhões.
O único mês de 2020 com alta frente a 2019 foi junho, com 68,6 mil cabeças a mais que no mesmo mês do ano anterior, enquanto a queda mais intensa foi verificada em abril (menos 382,6 mil cabeças), acrescentou o IBGE.
No quatro trimestre do ano passado, foram abatidas 7,3 milhões de cabeças bovinas, queda de 9,6% frente ao mesmo período de 2019, o que significou o pior quarto trimestre desde 2010, destacou o instituto. Além disso, o resultado é 5,5% menor que o 3º tri de 2020.
Em termos estaduais, 24 das 27 unidades da federação apresentaram queda. As mais expressivas foram registradas no Mato Grosso (-573,6 mil cabeças), Mato Grosso do Sul (-346,1 mil cabeças), Bahia (-237,2 mil cabeças) e Goiás (-220,3 mil cabeças).
O único estado com mais de 1% de participação no abate bovino a apresentar alta em 2020 foi Santa Catarina (+59,5 mil cabeças).
Mesmo com o maior recuo, Mato Grosso continuou liderando o ranking do abate de bovinos, com 17,1% da participação nacional, seguido por Mato Grosso do Sul (10,9%) e São Paulo (10,5%), apontou o IBGE.
A redução nos abates, no entanto, não prejudicou as exportações brasileiras, que alcançaram patamar inédito em 2020, com a desvalorização do real tornando o produto mais competitivo, observou o IBGE, citando dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia.
Frangos, suinos
O abate de frangos e suínos, por outro lado, seguiu tendência de alta e teve marcas históricas, disse o IBGE.
Entre suínos, cujo abate vem em crescimento desde 2005, o patamar do ano passado foi recorde, em 49,3 milhões de cabeças, salto de 6,4% em base anual. No quarto trimestre, foram 12,50 milhões, aumento de 4,9% ante o ano anterior.
Contribuiu para o resultado o fato de que a carne suína é uma alternativa à bovina no mercado interno, segundo a pesquisa.
O abate de frangos cresceu 3,3%, para 6 bilhões de cabeças, um novo recorde da série histórica, segundo o IBGE. Foram 1,6 bilhão de cabeças no quarto trimestre, alta de 5,6% e também um recorde para todos trimestres.
“É uma carne com valor mais acessível do que as demais. Como não houve destaque de exportação, podemos considerar que boa parte desse aumento no abate foi destinado ao consumo interno”, disse Viscardi, que supervisionou a pesquisa (Reuters, 18/3/21)