17/05/2023

Abates em 2023 são de gado mais leve

Abates em 2023 são de gado mais leve

FRIGORIFICO BOVINO (Imagem- Shutterstock-ASA studio).jpg

Mais vacas e custos da alimentação influenciaram, segundo pesquisador.

Os abates de gado deste primeiro trimestre de ano foram de animais mais leves do que os de iguais períodos de 2021 e 2022. Em média, cada animal pesou 259,4 kg.

Por ora, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou apenas o número de animais abatidos e o peso total das carcaças no período. Quando o instituto fizer a divulgação mais detalhada, provavelmente vai indicar um número maior de abate de vacas.

A avaliação é de Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Para ele, deverá haver também uma oferta maior de gado mais leve, uma vez que a margem de ganho na criação é menor, e o preço do bezerro vem registrando forte queda.

Os números do IBGE podem mostrar também uma perda de produtividade, em relação aos mesmos trimestres anteriores. Mesmo assim, porém, ela continua elevada. É a terceira maior do período, inferior apenas às de 2021 e de 2022, quando os animais rederam 263 e 264 kg, respectivamente.

Evolução da tecnologia para engorda, nutrição, genética e melhoramento da qualidade do animal vêm permitindo um ganho de peso. Em 2000, o peso médio do animal era de 225 kg, volume que subiu para 239 kg em 2010, e para 253 em 2020, conforme dados do pesquisador.

A queda no peso neste ano pode ter sido, ainda, pelo retorno do animal que estava em fase de engorda para o pasto, devido aos elevados custos dos grãos. Uma tendência que pode mudar agora com o recuo dos preços do milho.

A saca do cereal está sendo negociada a R$ 59, segundo o Cepea. Há dois anos, neste mesmo período, estava em R$ 100.

Bernardino diz que está preocupado com a oferta de cereais no ano que vem. Há uma perda de margem da rentabilidade do produtor, que poderá utilizar semente e adubo de menor qualidade. "Não sei qual será o nível de tecnologia utilizado nas lavouras na próxima safra, mas isso poderá impactar no setor de proteínas", afirma ele.

De janeiro a março deste ano, foram abatidos 7,31 milhões de bovinos, 4,7% a mais do que no primeiro trimestre de 2022. Analistas da Agrifatto apontam esse aumento também como um movimento do ciclo pecuário, com mais fêmeas sendo descartadas devido aos baixos preços do bezerro.

No mesmo período, o peso das carcaças somou 1,9 milhão de toneladas, 3% a mais, segundo o IBGE.

Os abates de suínos e de frango também tiveram elevação neste início de ano. O setor de suíno está buscando o equilíbrio de mercado, após tantas oscilações, e o setor de frango aumentou o alojamento no ano passado e começou o ano mais firme, afirma Bernardino.

Os abates de suínos são incentivados também pela demanda externa. O volume exportado de carne de porco atinge de 70 a 90 mil toneladas por mês, um patamar antes ocupado pelo boi. Este já chega a 140 mil toneladas, em média.

O peso das carcaças de suínos subiu para 1,29 milhão de toneladas no primeiro trimestre, 3,5% a mais do que em 2022. O volume de frango foi a 3,43 milhões de toneladas, 6,4% a mais.

O IBGE aponta, no entanto, um recuo na captação de leite. Nos três primeiros meses do ano, foram industrializados 5,83 bilhões de litros, 1,6% a menos do que em 2022 (Folha de S.Paulo, 17/5/23)