Abilio tem prejuízo com ações
A aposta em BRF frustrou duplamente as expectativas do empresário Abilio Diniz. Além de a estratégia adotada na condução dos negócios, em parceria com a gestora Tarpon, ser alvo de fortes críticas do mercado, o investimento também não trouxe retorno financeiro até o momento. Se Abilio vendesse suas ações de BRF ao preço de ontem, teria mais de R$ 450 milhões em prejuízo.
Entre o fim de 2012 e o começo de 2013, ele colocou R$ 1,25 bilhão na compra de papéis da companhia – então cotados em R$ 40. O dinheiro investido era parte do que obteve com a venda de ações preferenciais do Grupo Pão de Açúcar após passar o controle e o bastão do negócio ao grupo francês Casino, com quem travou uma das mais ruidosas disputas societárias. Com a recuperação parcial de ontem, quando registraram a maior alta do Ibovespa, os papéis encerraram o dia R$ 25,16.
A empreitada de Abilio à frente da BRF foi uma ideia da Tarpon que encontrou entusiasmo no empresário e apoio na Previ. Não que o ex-dono do Pão de Açúcar necessitasse desse plano, mas a iniciativa era um jeito de entrar pela porta da frente no mundo dos "investimentos" estratégicos, no qual poderia aportar seu conhecimento empresarial e sua fortuna bilionária conquistada em companhias que tivesse interesse.
Hoje, a participação do empresário vale cerca de R$ 770 milhões. São cerca de 30,6 milhões de ações, divididas entre uma posição direta via fundo Santa Rita e outra indireta, em cotas do fundo Aspen. Durante sua gestão na BRF, Abilio recebeu cerca de R$ 130 milhões em dividendos, pagos principalmente sobre os resultados de 2014 e 2015.
Os rendimentos ajudam a reduzir o prejuízo, mas não o gosto amargo da empreitada, que está perto de terminar sob o escândalo do envolvimento da empresa em fraudes de testes de salmonela em carne de frango, investigadas na terceira etapa da Operação Carne Fraca. Procurado, Abilio não comentou.
As perdas em BRF, se realizadas, representam 5% do patrimônio do empresário e não deverão afetar sua disposição para os negócios. Apenas por meio dos fundos registrados na CVM – Península, Santa Rita e Aspen – o patrimônio de Abilio soma R$ 9 bilhões. Há R$ 3,6 bilhões aplicados em ações do Carrefour Brasil e R$ 2,9 bilhões em ativos imobiliários (lojas alugadas ao Pão de Açúcar) (Assessoria de Comunicação, 8/3/18)