30/08/2022

Abiove prevê 151 milhões de toneladas de soja para nova safra do Brasil

Abiove prevê 151 milhões de toneladas de soja para nova safra do Brasil

LAVOURA DE SOJA Imagem ReutersTom Polansek.jpg

Em meio à expectativa de uma safra maior, o presidente da Abiove, André Nassar, disse que a indústria está cautelosa nas compras.

 

A produção brasileira de soja deve alcançar um recorde em torno de 151 milhões de toneladas na safra 2022/23, estimou hoje (29) a associação que representa a indústria do setor, a Abiove, sobre a nova temporada cujo plantio começa em setembro.

 

No ciclo anterior, quando as lavouras foram afetadas por uma seca no último verão, o maior produtor e exportador global da oleaginosa colheu 126,6 milhões de toneladas, de acordo com os números da entidade.

 

Em meio à expectativa de uma safra maior, o presidente da Abiove, André Nassar, disse que a indústria está cautelosa nas compras, por incertezas relacionadas a preços da matéria-prima e margens, que possivelmente não seriam tão boas quanto foram no início de 2022.

 

Para Nassar, o avanço esperado para a nova safra vem na esteira de um aumento na área de plantio, que deve atingir 42 milhões de hectares. No ciclo anterior, o país semeou 40,9 milhões de hectares, segundo dados do governo federal mensurados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

 

Durante evento da consultoria Datagro, ele admitiu que, se a expectativa para a produção de soja em grão for confirmada, “o processamento não vai acompanhar esse crescimento todo”, mas também terá um viés positivo.

 

“Este ano (2022) o processamento é 48,6 milhões de toneladas… acho que tem uma tendência de crescer”, disse, citando que o esmagamento de soja pode chegar a um novo recorde de 49,2 milhões de toneladas em 2023.

 

Uma diferença entre a nova safra e a anterior, segundo Nassar, é que em 2021/22 as tradings começaram a temporada com margens melhores, mas que foram caindo devido ao aumento nos preços da soja –algo que ele não espera que vá acontecer da mesma forma em 2022/23.

 

Agora, porém, a indústria está cautelosa na antecipação de compras do grão.

 

“As vendas antecipadas estão ao redor de 12%, é um cenário de grande incerteza (sobre os preços da soja).”

 

Farelo e óleo

Sem detalhar a previsão de exportações de farelo para o ano que vem, Nassar comentou que os embarques estão em um nível considerado muito bom e a chegada da China como novo comprador será significativa, mesmo que o Brasil tenha limitações nos negócios com o país asiático, que já é um grande esmagador de soja.

 

 

“A gente não espera grandes compras de farelo da China… mas as pequenas compras serão importantes”, afirmou.

 

A abertura do mercado chinês para o farelo foi confirmada no final de julho, uma medida longamente esperada pelo setor, que até o momento vende somente soja em grão para a China, mas buscava expandir negócios com o produto de maior valor agregado.

 

Atualmente, as indústrias do Brasil estão em processo de habilitação antes de darem início aos embarques.

 

Sobre o óleo de soja, o presidente da Abiove destacou que as exportações deste ano devem atingir um novo recorde de quase 2,2 milhões de toneladas, diante do acesso a mercados que podem se consolidar nos próximos anos.

 

“O Brasil cresceu em alguns mercados que não eram tão grandes (importadores). Isso seria uma boa notícia para o ano que vem, mesmo se não mudar o mandato do biodiesel”, afirmou citando a possibilidade de avanço no segmento de óleo, mesmo se o percentual de biodiesel misturado ao diesel não mudar.

 

 

O biocombustível tem no óleo de soja uma de suas principais matérias-primas no Brasil.

 

Dentre os compradores relevantes de óleo brasileiro, Nassar destacou a Índia, China e Bangladesh.

 

“A gente percebe um interesse enorme de Índia e Bangladesh em diverdificar a compra, conversando muito com o Brasil”, acrescentou.

 

Um fator relevante para a manutenção do produto brasileiro nesses mercados em volumes maiores é o desempenho da Ucrânia, que é concorrente com o fornecimento de óleo de girassol, disse o executivo.

 

A guerra entre a Ucrânia e Rússia afetou o ritmo de produção e exportação de diversos produtos agrícolas ucranianos, dentre eles o óleo de girassol, abrindo espaço para o ganho de “market share” do Brasil com óleo de soja no mercado internacional (Reuters, 29/8/22)