Abrapa cria programa de rastreabilidade da cadeia têxtil por blockchain
LAVOURA DE ALGODÃO
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), por meio do movimento Sou de Algodão, a marca de roupas Reserva e a varejista Renner lançam nesta quarta-feira um programa de rastreabilidade completa da cadeia têxtil. Batizado de "SouABR (sigla para Algodão Brasileiro Responsável)", o programa rastreia por meio de blockchain todo o processo de produção da peça - da semente de algodão ao varejo -, informam a entidade e as empresas em nota ao Broadcast Agro.
O selo vai oferecer informações sobre a origem certificada do algodão e o processo de produção da peça adquirida pelos consumidores brasileiros por meio da leitura de um código QR Code presente na etiqueta da roupa.
Pela etiqueta da peça certificada, os consumidores poderão conhecer desde a fazenda em que o algodão foi cultivado, passando pela fiação, à tecelagem ou malharia que desenvolveu o tecido ou a malha. Todas as peças rastreáveis do programa têm no mínimo 70% de algodão em sua composição e possuem certificação socioambiental, informam as empresas envolvidas.
A primeira coleção incluída no programa será lançada hoje pela Reserva para o público masculino. A Renner participará do projeto com uma coleção voltada para o segmento feminino a partir de 2022. Em 2023, o SouABR estará disponível para toda a cadeia têxtil nacional, projetam as companhias.
Segundo as companhias, o SouABR é o primeiro programa de rastreabilidade por blockchain da indústria têxtil e a primeira iniciativa em larga escala na cadeia têxtil nacional. O programa foi desenvolvido em um ano e meio e tem como objetivo promover a transparência do processo ao consumidor e mostrar que o algodão presente na peça de roupa tem na origem a certificação socioambiental, afirmam as empresas na nota.
"Tudo isso armazenado graças ao blockchain, que garante a rastreabilidade do algodão desde a propriedade de origem, com a garantia da certificação ABR, passando por toda cadeia têxtil até o produto na loja", explicou o CEO da EcoTrace, consultoria responsável pelo desenvolvimento da plataforma, Flavio Redi.
Para receber a certificação ABR, o algodão precisa cumprir 178 itens de verificação distribuídos em oito critérios: contrato de trabalho, proibição do trabalho infantil, proibição de trabalho análogo a escravo ou em condições degradantes ou indignas, liberdade de associação sindical, proibição de discriminação de pessoas, segurança, saúde ocupacional, meio ambiente do trabalho, desempenho ambiental e boas práticas.
"É uma jornada longa conseguir levar essa certificação até a palma da mão do consumidor. Nosso cliente está mais exigente e estamos buscando entregar o que ele pede: responsabilidade e transparência", disse o presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato. A Abrapa estima que 81% da produção brasileira de algodão possui a certificação ABR, de responsabilidade socioambiental.
A cadeia de fornecedores que participam do SouABR junto à Reserva são Fiação Fio Puro, Incofios, RenauxView, Vicunha, Dalila Têxtil, ByCotton, EGM e Lavinorte. "Quando se trata de sustentabilidade, é quase inevitável associá-la ao produto acabado. Mas ela começa muito antes, como, por exemplo, com a escolha da matéria-prima e, a partir daí, capilarizada para todo o processo produtivo", acrescentou o diretor de Produto da Reserva, Fernando Sigal.
"Este projeto em parceria com a Abrapa e a Reserva mostra como é possível conciliar moda, sustentabilidade e tecnologia com o propósito de que essa indústria seja cada vez mais transparente", completou o gerente geral de Sustentabilidade da Lojas Renner, Eduardo Ferlauto (Broadcast, 7/10/21)