07/05/2018

Aceito pedido de recuperação judicial do laticínio Mococa

Aceito pedido de recuperação judicial do laticínio Mococa

O juiz Sansão Ferreira Barreto, da Vara Judicial da Comarca de Mococa (SP), deferiu no dia 27 de abril o pedido de recuperação judicial da Mococa S/A Produtos Alimentícios, apresentado no dia 24 pela empresa. O tradicional laticínio paulista, controlado pela Kremon do Brasil S/A, Indústria e Comércio, tem dívidas de cerca de R$ 140 milhões envolvidas no pedido de recuperação.

A Mococa – fundada há quase 100 anos como uma fábrica de manteiga na cidade do mesmo nome e adquirida em 2003 pela goiana Kremon – recorreu ao pedido de proteção contra a falência após enfrentar um período de dificuldades financeiras que levaram ao fechamento de uma de suas unidades, em Cerqueira César, no interior de São Paulo, onde produzia leite longa vida.

De acordo com Julio Kahan Mandel, da Mandel Advocacia, que representa a Mococa, não há créditos com garantias reais envolvidos na recuperação judicial. Do montante total dos débitos, R$ 3 milhões são dívidas trabalhistas e R$ 8 milhões com credores micro e pequenos. O restante dos débitos é com credores quirografários, ou seja, sem garantia real. Entre os maiores credores estão a Tetra Pak, fornecedores de leite e bancos.

A Mococa chegou a ter escritórios comerciais em Goiânia (GO) e em São Paulo (SP), mas hoje concentra os negócios na cidade de Mococa, onde produz leite condensado, creme de leite, achocolatados e doce de leite. A companhia, que afirma ser a quarta maior na venda de leite condensado, emprega cerca de 500 pessoas. "Atualmente, devido à necessidade de redução de despesas e otimização de atividades, a empresa está enxugando sua estrutura societária, diminuindo sua abrangência geográfica e focando suas atividades nesta comarca, tanto em relação à produção, como na parte gerencial", relata no pedido de recuperação judicial.

Nos últimos anos, justifica a Mococa no pedido, suas receitas foram afetadas pela crise econômica que impactou o consumo de lácteos e as margens do segmento. A instabilidade que ocorre historicamente no mercado de leite também foi prejudicial, acrescenta. "Em que pese a forte presença de mercado (…), por razões estranhas à vontade e imprevisíveis, o volume de receitas das empresas foi reduzido, de forma que se viram impossibilitadas de satisfazer todos os seus compromissos". Com isso, a Mococa teve de demitir funcionários e recorrer a financiamentos bancários.

De acordo com Julio Mandel, a empresa teve faturamento de cerca de R$ 600 milhões no ano passado. Balanço patrimonial anexado ao pedido de recuperação judicial indica que a Mococa tinha dívidas bancárias (de curto e longo prazos) de R$ 108,9 milhões em 2017, alta de quase 124% sobre os R$ 48,6 milhões de 2016. O balanço mostra ainda que o patrimônio líquido da empresa estava negativo em R$ 163,5 milhões no ano passado. Além disso, a Mococa tinha R$ 117,3 milhões em obrigações tributárias.

O juiz Ferreira Barreto nomeou como administrador judicial da Mococa a Laspro Consultores Ltda, representada por Dr. Oreste Nestor de Souza Laspro. Para o advogado Julio Mandel, "a situação adversa que a Mococa enfrenta é de caráter meramente episódico, e a recuperação judicial propiciará o saneamento rápido da empresa" (Assessoria de Comunicação, 4/5/18)