13/03/2019

Açúcar: Análise Conjuntural Cepea/Esalq

Açúcar: Análise Conjuntural Cepea/Esalq

O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (Estado de São Paulo) acumulou baixa de 4,48% em fevereiro, fechando a R$ 66,08/saca de 50 kg no dia 28. A média mensal foi de R$ 68,49/saca de 50 kg, 0,50% inferior à de janeiro (R$ 68,83/saca de 50 kg) e 28,66% acima da de fevereiro/18 (R$ 53,23/saca de 50 kg), em termos nominais.

 

O Indicador de Açúcar Cristal ESALQ/BVMF – Santos acumulou baixa de 2,92% em fevereiro, fechando a R$ 66,93/saca de 50 kg no dia 28. A média mensal deste Indicador foi de R$ 68,32/saca de 50 kg, 0,71% inferior à de janeiro/18 (R$ 68,81/saca de 50 kg) e 27,76% acima da de fevereiro/18 (R$ 53,47/saca de 50 kg), em termos nominais.

 

Na primeira quinzena de fevereiro, os valores estiveram firmes, com a saca chegando a ser negociada na casa dos R$ 70 nos dias 5 e 12. Já na segunda metade do mês, quedas mais expressivas começaram a ser observadas, o que fez com que o açúcar fosse negociado em torno de R$ 66 no final do mês.

 

Essa diferença de tendência entre as quinzenas foi influenciada pela mudança de postura por parte de algumas usinas, que baixaram os valores de suas ofertas para liquidar os estoques finais da safra 2018/19. Para março, algumas poucas unidades de São Paulo devem iniciar a moagem da cana referente à temporada 2019/20.

 

Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a quantidade de cana-de-açúcar processada pelas unidades do Centro-Sul somou 279,91mil toneladas na primeira metade de fevereiro, sendo que a produção de açúcar nesse período totalizou 1,65 mil toneladas. A produção acumulada de açúcar, por sua vez, totalizou 26,36 milhões de toneladas na safra 2018/19, contra 35,84 milhões de toneladas em idêntico período do ciclo passado.

 

No Nordeste, a demanda no mercado spot em fevereiro seguiu retraída e os preços, estáveis. Segundo agentes do mercado, alguns compradores estiveram estocados, enquanto outros adquiriram o produto de forma pontual. Já do lado vendedor, algumas usinas mais capitalizadas mantiveram firmes os preços de suas ofertas. Alguns colaboradores do Cepea acreditam que o mercado poderá melhorar após o carnaval, período no qual várias usinas estarão próximas do final da moagem.

A seca dos últimos anos afetou a produção de cana-de-açúcar em Alagoas, mas, nesta safra 2018/19, produtores e usinas registram recuperação. A Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas estima que serão moídas cerca de 16 milhões de toneladas de cana nesta safra, crescimento de 16% em relação à anterior. Esse acréscimo representa aumento de 1,2 milhão de toneladas de açúcar. Clima mais favorável contribuiu para a recuperação do setor e as 15 usinas do estado participaram da moagem deste ciclo.

 

Em fevereiro, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco teve média de R$ 74,04/sc de 50 kg, altas de 2,07% em comparação com janeiro e de 17,64% frente a fevereiro/18, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 71,49/sc, elevações respectivas de 0,21% em relação a janeiro e de 12,78% frente a fevereiro/18, também em termos nominais.

 

Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 62,39/sc, aumentos de 2,13% na comparação com janeiro e de 19,54% em relação a fevereiro/18. Quanto ao mercado internacional, os valores do demerara ganharam impulso em fevereiro, mesmo com estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicando estoque mundial ainda volumoso, de 53 milhões de toneladas de açúcar.

 

O mercado do petróleo impactou positivamente os preços internacionais do açúcar. Numa perspectiva mais para médio e longo prazos, alguns analistas estimam uma reversão na relação entre oferta e demanda no mercado internacional de açúcar, o que pode favorecer os preços da commodity. A consultoria Datagro, por exemplo, estima que o déficit poderá atingir 3,05 milhões de toneladas na atual temporada e que deve aumentar para a próxima safra 2019/20, podendo atingir 8,94 milhões de toneladas.

 

Já a consultoria INTL FCStone indica que o déficit na produção mundial de açúcar deverá ser de 700 mil toneladas, com a quebra de safra da beterraba na União Europeia, provocada pelo clima adverso. Também devido a problemas climáticos, a produção esperada é menor na Tailândia e na Índia.

 

Cálculos do Cepea indicaram que as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 18,04% a mais que as externas em fevereiro. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Março/19 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 59,99/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 55,01/tonelada. Segundo a Secex, as exportações de açúcar bruto (VHP) totalizaram 1,048 milhão de toneladas em fevereiro/19, volume 1,7% maior que o de janeiro/19 (1,03 milhão de toneladas), mas 0,2% inferior ao de fevereiro/18 (1,05 milhões de toneladas).

 

Em relação ao açúcar branco, foram exportadas em fevereiro 152,8 mil toneladas, volume 131,9% superior ao de janeiro/19 (65,9 mil toneladas), porém, 60,1% menor que o de fevereiro/18 (382,7 mil toneladas). O preço médio do açúcar bruto exportado foi de R$1.046,7/t em fevereiro/19, 1,3% maior que janeiro/19 (R$ 1.033,3/t), mas baixa de 6,2% em comparação com fevereiro/18 (R$ 1.116,0/t), em termos nominais.

 

Em relação ao açúcar branco, o preço médio foi de R$ 1.359,9/t, baixa de 6,3% em relação a janeiro/19 (R$ 1.451,6 /t) e alta de 11,4% em comparação com fevereiro/18 (R$ 1.220,8/t), em termos nominais. A receita com a exportação de açúcar foi de R$ 1,3 bilhão em fevereiro/19, alta de 12% frente a janeiro/19 (R$ 1,16 bilhão), mas queda de 20% em relação a fevereiro/18 (R$ 1,64 bilhão), em termos nominais (Assessoria de Comunicação, 11/3/19)