Açúcar: Análise conjuntural mensal agosto Cepea/Esalq/USP
Durante todo o mês de agosto, os preços do açúcar cristal praticados no mercado spot do estado de São Paulo seguiram em movimento de alta. Na última semana, particularmente, usinas restringiram ainda mais o volume disponível para as vendas domésticas, e, assim, as cotações médias subiram para a casa dos R$ 84,00 por saca de 50 kg. Diante de uma safra mais açucareira, a alta das exportações tem sido o fator principal para o aumento dos preços. O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou alta de 8,50% em agosto, fechando a R$ 85,13/saca de 50 kg no dia 31.
A média mensal foi de R$ 81,44/saca de 50 kg, 5,27% superior à de julho (R$ 77,36/saca de 50 kg) e 35,58% acima da média de agosto/19 (R$ 60,07/saca de 50 kg), em termos nominais. Segundo a Unica, de abril/20 até a primeira quinzena de agosto/20, usinas paulistas moeram 224,485 milhões de toneladas de cana, aumento de 9,15% em relação ao mesmo período do ano passado. A produção de açúcar totalizou 15,825 milhões de toneladas, alta de 48,03% no mesmo período. Do total da cana processada, 53,38% foram direcionados à produção de açúcar e 46,62%, à de etanol. No Nordeste, a safra 2020/21 se iniciou em agosto.
A oferta do adoçante para o mercado interno esteve restrita, pois, para algumas usinas que começaram a moagem, a produção começou por VHP e etanol. Apesar do ritmo lento das negociações, os preços seguiram firmes. A segunda estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2020/21 de cana-de-açúcar no Brasil indica que a produção no Nordeste, onde o clima está favorável, deve aumentar 4,1%, estimada em 51,1 milhões de toneladas. A área tem previsão de aumento de 1,6%, e a produtividade, de 2,5%.
Em agosto, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco foi de R$ 91,98/sc de 50 kg, avanços de 5,83% frente a julho/2020 e de 19,72% em relação a agosto/2019, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 86,67/sc, altas de 1,03% em relação a julho/2020, e de 17,07% frente a agosto/2019, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 87,47/sc, altas de 3,67% em relação a julho/2020 e de 17,05% frente a agosto/2019. Quanto ao mercado internacional, na primeira quinzena de agosto, os preços do demerara foram impulsionados pela queda significativa na produção da Tailândia, devido à seca que atinge o país, que é o segundo maior exportador de açúcar do mundo.
Segundo o Conselho de Cana e Açúcar da Tailândia, o país produziu 8,27 milhões de toneladas de açúcar na temporada 2019/20 (encerrada em abril/20), 39% a menos que em 2018/19. Outro fator que elevou os preços foi a demanda chinesa. Após o encerramento das taxas de importação do produto, a China tem adquirido importantes volumes do adoçante. Já no final do mês, os preços do açúcar demerara perderam força com a perspectiva de que o aumento na produção brasileira de açúcar deve elevar substancialmente a disponibilidade do produto no curto-prazo.
Segundo a consultoria Green Pool Commodity Specialists, a região Centro-Sul brasileira poderá, já em outubro/20, armazenar de 12,5 a 13 milhões de toneladas do adoçante, o que seria um recorde histórico. A baixa demanda por etanol – ainda devido às medidas de distanciamento social decorrentes da pandemia do coronavírus –, o dólar supervalorizado, incentivando as exportações, e o clima predominantemente seco no Centro-Sul, o que auxilia a colheita, favoreceram a abundante produção de açúcar. Cálculos do Cepea indicaram que as vendas externas de açúcar remuneraram, em média, 2,22% a mais que as internas em agosto.