Açúcar: Brasil e Austrália vão combater subsídio da Índia à exportação
Grupos que representam as indústrias de açúcar do Brasil e da Austrália estão coordenando estudos junto a seus governos para questionar na Organização Mundial do Comércio (OMC) um possível subsídio à exportação de açúcar na Índia.
O diretor-executivo da União da Indústria de Cana-de-açúcar, Eduardo Leão, disse à Reuters que os dois países alcançaram um consenso sobre a necessidade de agir no nível da OMC se a Índia avançar rumo ao estabelecimento de um subsídio à exportação de açúcar.
O movimento pode ser realizado no momento em que a Índia caminha para superar o Brasil como maior produtor global de açúcar na temporada 2018/19.
A Unica vê subsídios como uma ameaça à recuperação dos preços globais do adoçante.
Analistas e operadores do setor de açúcar esperam que a Índia adote tal movimento em breve, uma vez que o país pretende colocar no mercado um grande excedente de oferta doméstica resultante de uma safra recorde neste ano. E há previsões de produção elevada novamente na próxima temporada, com o setor ampliando a produção com o apoio do governo.
"Nós ouvimos comentários de que a Índia pode anunciar um novo subsídio à exportação", disse Leão. "Isso não é admissível, nós vamos buscar uma ação do governo brasileiro", adicionou.
Os preços do açúcar bruto em Nova York se recuperaram nos últimos dias após tocarem uma mínima de 10 anos de 9,91 centavos de dólar em 22 de agosto, com projeções de dois anos de excesso de oferta e elevadas posições vendidas de fundos pressionando as cotações.
O Ministério de Comércio da Índia não comentou de imediato.
Autoridades indianas disseram mais cedo que as exportações de açúcar do país não violam as regras da OMC porque o governo não garante qualquer subsídio às vendas externas. Ao invés disso, a Índia concede subsídios para produtores de cana-de-açúcar.
O diretor da Unica disse que há conversas em andamento com representantes da indústria de açúcar da Austrália para uma estratégia conjunta na OMC se for necessário.
Não houve um comentário imediato da associação da indústria australiana (Reuters, 12/9/18)