Açúcar está a caminho do pior trimestre em uma década
FOTO Paulo Fridman Bloomberg
O açúcar pode fechar o trimestre com o pior desempenho desde 2010 diante da maior oferta do Brasil quando o surto de coronavírus afeta as perspectivas para a commodity.
Os contratos futuros de açúcar bruto acumulam baixa de 20% neste trimestre. Com a queda dos preços do petróleo, é mais vantajoso para usinas brasileiras transformarem cana em açúcar do que em etanol.
A alta do dólar em relação ao real também incentiva mais exportações do Brasil, enquanto mercados de commodities, desde produtos agrícolas à energia, são duramente atingidos pela pandemia.
O choque do petróleo leva consultorias como a Green Pool Commodity Specialists a aumentarem as projeções para a oferta brasileira, reduzindo a probabilidade de déficit na safra 2020-21. E, por enquanto, o início da colheita do Brasil nos próximos meses também poderá trazer mais pressão.
“O início da colheita no Brasil deve fazer muita pressão no mercado e o açúcar vai herdar muita volatilidade do petróleo e do real”, disse Carlos Mera, analista do Rabobank, em Londres. “Por enquanto, o etanol será minimizado.”
Como exemplo da crise no mercado de energia, a BR Distribuidora e a Raízen, principais distribuidoras de combustível do Brasil, declararam força maior nas compras de etanol devido à menor demanda em razão do coronavírus.
Isso “significa que as usinas devem se voltar à produção de açúcar”, disse a ADM Investor Services International em relatório (Bloomberg, 31/3/20)