Açúcar: Estoques elevados na Índia impedem reação dos preços

A política de subsídios à exportação mantida pelos indianos vem distorcendo as negociações.

Os estoques elevados de açúcar na Índia impedem uma recuperação dos preços da commodity nos mercados internacionais, disseram especialistas, durante painel na 19ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, nesta segunda-feira (28), em São Paulo (SP).

Segundo o diretor da Cofco, Marcelo de Andrade, o volume estocado de açúcar na Índia está estimado entre 12 a 15 milhões de toneladas. De acordo com o executivo, nos últimos anos o Brasil perdeu muito market share para a Índia no mercado mundial de açúcar. A política de subsídios à exportação mantida pelos indianos vem distorcendo as negociações e consequentemente derrubando as cotações nas bolsas internacionais.

Na avaliação de Andrade, mesmo com a perspectiva de déficit mundial na produção de açúcar, os preços não devem subir em um prazo de um ano, devido aos elevados estoques indianos.

Também palestrante no painel, o diretor da Sucden, Luiz Silvestre, pontuou que além do fator Índia, a atual posição vendida dos fundos de investimentos nos contratos de açúcar também represa qualquer reação das cotações.

Segundo Silvestre, um quadro de recessão mundial também não pode ser desconsiderado como outro fator que inibe a recuperação dos preços do açúcar. Ademais, outro dispositivo baixista é a previsão de safra cheia na Índia no ciclo 2020/21. "Enquanto a competitividade natural do mercado não voltar -- sem subsídios indianos à exportação - , o cenário será de preços baixos", alertou Silvestre (Udop, 29/10/19)