Açúcar não vai sumir, diz Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil
As pessoas estão preocupadas em ter uma alimentação mais saudável, e grandes multinacionais do setor têm reduzido níveis de açúcar e sal nos produtos, mas é uma questão complexa, porque o consumidor quer também manter as guloseimas com o mesmo gosto. A avaliação é do CEO da Nestlé Brasil, Marcelo Melchior (Foto), em entrevista na série UOL Líderes.
Ele afirma que, por causa dessa demanda, a Nestlé vem lançando produtos com taxas reduzidas de açúcar, mas o sabor não pode ficar ruim. "Não podemos nos enganar e dizer que não vai mais haver açúcar", declara.
O brasileiro também tenta se alimentar melhor, mas nem sempre consegue isso porque, entre o discurso e a prática, há uma diferença. No entanto, é positiva a mudança de hábito, diz o executivo.
O podcast UOL Líderes traz entrevistas com presidentes, CEOs ou fundadores de grandes empresas nacionais e estrangeiras. O novo produto é uma ampliação do projeto UOL Líderes, existente desde julho de 2016, e que já colheu depoimentos de dirigentes de empresas como Coca-Cola, McDonald's, Embraer, Volkswagen, GM, Latam, Azul e Magazine Luiza (UOL, 5/12/19)
Diferente do que diz Nestlé, estudos mostram relação entre açúcar e doença
RESUMO DA NOTÍCIA
- Açúcar em excesso pode aumentar o risco de desenvolver diabetes
- Consumo excessivo de açúcar tem correlação direta com obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares
- Maioria dos alimentos não precisa ser adoçada
- Preferência pelo paladar se dá principalmente na infância
- Doces, chocolates e sobremesas devem ser consumidos apenas em situações excepcionais
Em entrevista à série UOL Líderes, o CEO da Nestlé Brasil, Marcelo Melchior, disse que "não é provado que o açúcar refinado ou mascavo fazem mal. Tudo isso é mais percepção do que ciência."
O médico endocrinologista Paulo Augusto Miranda, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), nega essa visão e diz que há pesquisas científicas comprovando que o açúcar faz mal, sim ."Um dos pontos mais importantes, e alguns estudos mostram realmente, é que há essa correlação entre o consumo excessivo de açúcar, principalmente bebidas adocicadas como refrigerantes ou sucos industrializados, e o desenvolvimento do diabetes", afirmou.
A SBEM recomenda que se evite o consumo excessivo de açúcar por ele ter correlação direta com obesidade, diabetes e as consequências associadas a essas doenças.
Segundo Miranda, o açúcar, além de causar a obesidade, é também um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes e doenças cardiovasculares.
"No passado achava-se que qualquer alimento que levasse à obesidade poderia aumentar o risco de diabetes. Mas essa ideia caiu por terra, isso porque se observa que o consumo excessivo de açúcar pode aumentar o risco de diabetes", afirmou o endocrinologista (UOL, 5/12/19)