Açúcar: Quando chegar a hora da verdade – Por Arnaldo Luiz Corrêa
O mercado de açúcar fechou a semana com o vencimento outubro/2018 negociado a 10.84 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de 32 pontos em relação à semana anterior, ainda pagando a indigesta conta do estrago que a Índia pretende fazer com o mercado internacional de açúcar despejando até seis milhões de toneladas subsidiadas pelo governo indiano, para desespero daqueles – como o Brasil – que não vivem dessas benesses. O governo brasileiro deveria ser duro com a Índia por meio da organização Mundial do Comércio.
Diz o ditado que dinheiro não aceita desaforo. Produção estimulada por subsídios fantasiosos desestimula a produção daqueles países cujos produtores não conseguem sobreviver com os atuais níveis de preço do mercado internacional. Essa distorção vai estourar em algum momento. O Centro-Sul pode assistir ao inicio desse movimento já na próxima safra.
Não tenha dúvidas de que muita água vai rolar por baixo da ponte até o início da próxima safra de cana no Centro-Sul, mas vale a pena fazer alguns exercícios e simulações para entender o que nos aguarda o futuro decorrente da falta de investimentos no setor sucroalcooleiro, da falta de cuidados culturais nos canaviais envelhecidos e da quase inexistência de expansão que projetam para 2019/2020 praticamente a mesma produção de ATR que permanece no mesmo patamar por mais de uma dezena de anos consecutivos.
O superávit mundial de açúcar reduz-se a cada nova projeção que chega ao mercado, na maioria das vezes, de analistas com grande credibilidade, confirmando aquilo que todos sabemos, isto é, que monitorar a quantidade de cana e açúcar a serem produzidos na Índia em determinado momento demanda incansável exercício de futurologia e impecável calibragem na leitura da bola de cristal. São milhões e milhões de fornecedores de cana.
Com a ressalva já implícita de que ainda temos um longo caminho adiante, razoável número de usinas do Centro-Sul projeta uma redução na produção de cana para o próximo ano que, se combinada com um canavial envelhecido com uma ATR mais anêmica baixam a estimativa do Centro-Sul para preocupantes 520 milhões de toneladas de cana, um 7% abaixo da estimativa da Archer Consulting para este ano e o menor volume desde a safra 2008/2009.
Se existe veracidade nesse número precisamos avaliar quanto açúcar o Brasil disponibilizaria para o mercado internacional em 2019/2020. Independentemente do superávit fabricado na Índia, a retirada de açúcar brasileiro numa janela de duas safras (24 meses) é surpreendente. Explico: observando o volume médio de açúcar exportado pelo Brasil num período móvel de vinte e quatro meses (objetivando suavizar eventuais picos e baixas), chegamos a 52 milhões de toneladas de açúcar. Dificilmente o Brasil conseguirá exportar mais do que 22 milhões de tonelada de açúcar em 2019/2020 que, somadas com a estimativa desta safra corrente totalizam 44 milhões de toneladas de açúcar numa janela de 24 meses. Resumo: o Brasil vai enxugar do mercado oito milhões de toneladas de açúcar equilibrando o excesso de açúcar que está em poder dos indianos. Nesta década, numa janela de 24 meses, o mínimo que o país exportou foi 47.5 milhões de tonelada de açúcar. Mas, e depois?
Bem, embora o consumo de combustível ciclo Otto tenha caído 3% nos últimos doze meses em relação a igual período do ano passado, o número de veículos leves licenciados até agosto desse ano projeta 2,574 milhões de veículos até o final de 2018, um crescimento de quase 15% em relação ao ano de 2017. Cada veículo consome em média 1,200 litros de combustível por ano. Nossa tese é que com a eleição de um governo liberal, o consumo reprimido nesses últimos meses vai se recuperar projetando aumento substancial não apenas no licenciamento de veículos para 2019, mas também na expansão de consumo (açúcar e combustível).
Crescimento do PIB, como sabemos, é traduzido quase que exponencialmente em consumo de alimentos industrializados por parte das famílias de menor renda e combustível por parte da classe média. Uma indústria retraída como a sucroalcooleira não terá condições de atender a demanda adicional de açúcar no mercado interno (cujo preço deverá se elevar e negociar a prêmio do mercado internacional) nem do aumento da demanda do etanol.
As previsões de especialistas do mercado de petróleo são de que a commodity está mais propensa a negociar próximo de 100 dólares por barril do que voltar aos níveis de 60 dólares. Se elas se concretizarem, a alta do petróleo pode contrabalancear a provável apreciação do real (se o Brasil eleger um governo pró-mercado) em relação à moeda americana, diminuindo ou mesmo neutralizando o impacto.
Os fundos não-indexados continuam vendidos (pela posição referente à terça-feira passada) 113,669 lotes. Açúcar e café lideram as perdas no acumulado do ano: 22.8% e 22% respectivamente. Petróleo ganha 18% no mesmo período. Os fundos continuam sem a menor pressa para liquidarem suas posições vendidas a descoberto nas soft commodities enquanto os lucros aumentam. No entanto o cenário que se desenha para o setor sucroalcooleiro para o próximo ano pode fazer com que os preços busquem 13 centavos de dólar por libra-peso no último trimestre deste ano, até mesmo para encostar na arbitragem do etanol que hoje negocia a prêmio sobre o açúcar em NY. Vai ser interessante assistir esse mercado e a reação dos fundos quando chegar a hora da verdade.
ERRAMOS: No último comentário falamos que o endividamento médio das usinas era de US$ 157.65 por tonelada de cana moída. Na verdade, ele é de R$ 157.65.
O jornalismo que se faz no Brasil hoje é, com honrosas exceções, vergonhoso. Não existe mais a discussão de ideias e propostas, muito menos jornalismo investigativo, apenas as redações infestadas de esquerdistas que aplaudem “gênios” como Haddad, Ciro ou Marina. O mais curioso é baterem no candidato do PSL, Jair Bolsonaro porque ele – entre outras coisas – não entende de economia. Até parece que Lula e Dilma que levaram o Brasil para o fundo do poço em que se encontra hoje conheciam alguma coisa de economia.
Lula não deve ter dedicado um único dia do seu mandato para fazer alguma coisa para o Brasil. Só operou diariamente para roubar e saquear a Petrobrás e o país. Um bandido, criminoso, canalha que deveria apodrecer na cadeia se fôssemos um país minimamente sério. Dilma é uma figura caricata. Não consegue concatenar palavras nem ideias. Se não roubou, deixou roubar. Destruiu o setor sucroalcooleiro que dá milhares de empregos no campo por meio do congelamento do preço da gasolina que por sua vez favorecia a indústria automobilística. O etanol, combustível renovável, que participava com 55% de todo o combustível usado pela frota de veículos do país, caiu para míseros 42% hoje. Se mantivéssemos o ritmo daquela época, hoje certamente o consumidor pagaria menos para encher o tanque.
Essa quadrilha que dominou o Brasil por 13 anos só gastou dinheiro que não tinha, aumentou o déficit público e roubou mais que o ditador Suharto, da Indonésia, que perto da “petezada”, é batedor de carteira. Agora, nossa imprensa está desesperada porque pela primeira vez o Brasil “corre o risco” de dar uma guinada para a direita e muitos vão perder prestigio, porque por aqui, ser esquerda é chique. Em tempo, meu candidato, como já declarei aqui, é João Amoedo, do Partido Novo (Arnaldo Luiz Corrêa é diretor da Archer Consulting - Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda.)