04/06/2018

Açúcar: Uma nova era de incertezas – Por Arnaldo Luiz Corrêa

Açúcar: Uma nova era de incertezas – Por Arnaldo Luiz Corrêa

O mercado futuro de açúcar em NY interrompeu a sequência de altas que estava tendo e encerrou a sexta-feira com o contrato com vencimento para julho/2018 cotado a 12.52 centavos de dólar por libra-peso após ter negociado próximo aos 13 centavos durante o pregão (a maior cotação desde março passado). Apesar da nuvem de incerteza formada com a saída do presidente de Petrobras (veja abaixo), o mercado de açúcar ainda conseguiu fechar a semana acima do preço da sexta-feira anterior. Resta saber por quanto tempo vai permanecer lá.

Os fundos reduziram suas posições vendidas a descoberto e estima-se que ela esteja nesta sexta-feira ao redor de 40,000 contratos. Boa parte da liquidez que possibilitou a eles saírem de suas posições foi dada, muito provavelmente, por fixações das usinas que viram os preços negociarem acima de R$ 1.000 por tonelada com a desvalorização do real. A pergunta para a qual o mercado gostaria de saber a resposta é se os fundos eventualmente virariam para comprados. Tudo é possível, mas a chance de isso acontecer num mercado em carrego é mais difícil.  

O consumo de combustíveis decepciona. A Agência Nacional do Petróleo informou que o total de combustíveis consumidos no período de doze meses, cobrindo abril de 2017 até março de 2018, foi de 53.5 bilhões de litros em gasolina equivalente, um aumento pequeno de 0.15% em relação a igual período do ano anterior. O destaque é para o hidratado cujo consumo cresceu um bilhão de litros no período, enquanto anidro e gasolina A caíram 169 e 458 milhões de litros respectivamente nos últimos doze meses.

A demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras é uma bala perdida no peito do setor sucroalcooleiro. A política de formação de preços de combustíveis introduzida por Parente desde junho do ano passado, não apenas colocou o caixa da empresa em ordem, mas por osmose, trouxe previsibilidade para o etanol. Com a saída dele - dizem que atraído por uma proposta irrecusável da BR Foods e, quem sabe, por não aguentar mais a pressão política inerente ao cargo – abre-se uma lacuna e aumenta a incerteza acerca da manutenção da política de formação por parte do claudicante governo Temer. Em sua carta de demissão, Parente pede ao presidente que mantenha a política de transparência na formação de preços.

Lamentavelmente, o Congresso brasileiro é formado, em sua imensa maioria, por gordas ratazanas que se alimentam de propinas, conchavos e troca de favores. O político brasileiro tem um enorme compromisso ético e moral com o próprio bolso. A perda de informações privilegiadas e de influência sobre a indicação de apaniguados para ocupar as diretorias da Petrobras, escolhidos a dedo pelos partidos políticos para assaltar os cofres da estatal brasileira, sofreram enorme revés após Parente assumir a estatal e dar-lhe um caráter profissional. Isso deve ter incomodado as ratazanas disfarçadas de políticos.

Essa corja funesta que habita o esgoto moral em que se chafurda a Capital Federal custa aos bolsos do contribuinte R$ 12 bilhões por ano (US$ 3.2 bilhões). Como comparação, o Congresso americano custa ao contribuinte daquele país US$ 4.6 bilhões ao ano. Considerando o PIB dos dois países, o Brasil gasta o dobro dos EUA, mas o poder de destruição dos políticos brasileiros não encontra paralelo no mundo ocidental.

O maior risco que o setor corre hoje não é mais o superávit mundial, mas o risco de que a Petrobras volte a ser instrumento de poder dessa súcia e que o comprometimento com o livre mercado se desvaneça. Nesse caso seriam enterrados com a Petrobras todo o setor sucroalcooleiro e quaisquer tentativas de expansão do setor, até mesmo do RenovaBio. Qual empresa colocaria seu capital para investir ou expandir de baixo de um cenário tão indefinido como esse?

Para o setor sucroalcooleiro, pode começar agora uma nova era de incertezas. O setor volta a ser refém, assim como todos nós contribuintes brasileiros, dos desmandos que a quadrilha de delinquentes impõe ao país. Não há saída para o setor sucroalcooleiro senão a apoiar de maneira peremptória a privatização da Petrobras. O candidato à presidência que tiver esse objetivo, terá o meu voto. Hoje, apenas João Amoedo, do Partido Novo apoia essa causa. Se o Brasil cair nas mãos de comunistas disfarçados como Ciro Gomes, Marina Silva ou qualquer outro néscio da esquerda, com perdão do pleonasmo, afunda de vez.

Resta-nos torcer para que o novo CEO da Petrobras a ser apontado pelo Conselho da empresa, esteja em linha com o pensamento do competente Pedro Parente e voltado ao mercado.

Em tempo, as ações Petrobras encerram o pregão na Bolsa de Valores cotadas a R$ 16.16, uma queda de 15%, enquanto as da BR Foods, encerraram a R$ 23.39 com alta de 9.2%.

A Agência de Gerenciamento de Risco (RMA) do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) anunciou nesta semana a disponibilidade de US$ 8,89 milhões para programas de educação e treinamento em gestão de risco. O financiamento permitirá que organizações como universidades, cooperativas e organizações sem fins lucrativos desenvolvam ferramentas educacionais e de treinamento para ajudar agricultores e pecuaristas a aprender como administrar com eficácia riscos e desafios de longo prazo. Enquanto isso, no Brasil.....

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