Açúcar:India aprova subsídio de US$ 0,82 por tonelada de cana a produtores
O Gabinete de Assuntos Econômicos da Índia, presidido pelo primeiro ministro, Shri Narendra Modi, aprovou a assistência financeira de 55 rupias (US$ 0,82) por tonelada de cana-de-açúcar processada na safra de 2017/18 para compensar o custo da matéria-prima. Segundo anúncio divulgado nesta quarta-feira (2) pela Associação das Usinas de Açúcar da Índia (Isma, na sigla em inglês), o subsídio será pago diretamente aos produtores, em nome das usinas.
A assistência será fornecida às unidades que cumprirem as condições de elegibilidade, conforme decisão do governo.
A medida ocorre em meio a um cenário de estoques crescentes de açúcar no país, devido à combinação entre o aumento na produção doméstica e baixos preços globais, que tiraram a atratividade da exportação. O consumo abaixo do estimado também fez com que os preços domésticos ficassem deprimidos desde o início da safra. "Embora as perdas das empresas de açúcar sejam muito maiores, esse subsídio reduzirá uma pequena parte dos prejuízos", diz Abhinash Verma, diretor-geral da Isma.
O vice-presidente da ED&F Man Capital Markets, Michael McDougall, avalia em relatório que, com os subsídios, o preço do açúcar indiano ficará competitivo para o mercado exportador, a depender do destino, quando comparado ao valor do adoçante brasileiro embarcado via porto de Santos. "O Brasil, a Austrália e a Tailândia certamente se oporão (à assistência do governo da Índia), mas o tempo processual necessário para apresentar uma queixa à Organização Mundial de Comércio (OMC) e para que eles respondam permitirá à Índia pelo menos 30 dias (de subsídios)", estima.
Esta é a segunda vez em três anos que o governo indiano precisa intervir em prol das usinas para escoar o excesso de açúcar, devido ao fato de os preços da cana estarem altos demais em relação a outras commodities, lembra McDougall. O executivo alerta que a safra de 2018/19 pode ser ainda maior no país, pois há rumores de que a área dos canaviais aumentou 4% para a próxima temporada. "Estamos diante de uma grande incerteza em relação à produção futura da Índia e da Tailândia, sem sequer pensar no clima", ressalta (Broadcast, 2/5/18)