01/11/2019

Adição de 10% de etanol à gasolina na Índia melhora mercado de açúcar

Adição de 10% de etanol à gasolina na Índia melhora mercado de açúcar

País consumiria 5 bi de litros, segundo a Unica, que tem missão a caminho daquele país.

A Índia poderá ser mais um país com boa participação do etanol na matriz energética. Os indianos deverão aderir à mistura de 10% do derivado da cana à gasolina até 2023.

Quando isso ocorrer, os indianos consumirão 5 bilhões de litros de etanol, conforme cálculos feitos pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

Atualmente, os indianos dispõem de 2,4 bilhões de litros no mercado interno, o que permite a mistura de 5,8% do derivado de cana à gasolina.

Uma missão da Unica chega à Índia neste sábado (2) para mostrar a experiência brasileira e reforçar a importância da produção de etanol.

Os brasileiros vão se reunir com produtores indianos, governo e farão uma palestra no Annual Asia Sugar & Ethanol Conference.

A nova posição da Índia reforça não apenas um avanço mundial da utilização do etanol como também serve de alívio para as contas do governo.

O país passou a ser o principal produtor de açúcar do mundo, ao somar 33 milhões de toneladas em 2018/19. Para tanto, o governo utiliza uma política de preços mínimos e subsidia as exportações.

A ação do governo indiano desestabilizou o mercado de açúcar nos últimos anos, trazendo prejuízos aos outros produtores. Brasil, Austrália e Guatemala entraram na OMC (Organização Mundial do Comércio) para contestar a política adotada pela Índia no setor de açúcar.

Nos cálculos da Unica, essa distorção do mercado trouxe os preços do açúcar para os menores patamares em dez anos. Só os brasileiros tiveram prejuízo de US$ 1,2 bilhão.

A adição de 10% de mistura de etanol à gasolina, aliviaria as contas do governo, retiraria pelo menos 4 milhões de toneladas de açúcar do mercado e melhoraria a qualidade do ar nas cidades indianas.

ÍNDIA

A safra de açúcar indiana foi revisada para 26,9 milhões de toneladas pela consultoria, com queda de 18,3% em relação à anterior. A redução se deve a efeitos climáticos desfavoráveis em algumas das principais regiões do país (Folha de S.Paulo, 1/11/19)


Produção de açúcar da Índia recua e déficit global aumenta, diz FCStone

 

Legenda: Trabalhadores carregam sacas de açúcar em Calcutá, Índia

A produção de açúcar da Índia em 2019/20 deve cair para 26,9 milhões de toneladas, 1,3 milhão de toneladas abaixo da projeção de agosto, devido a condições climáticas desfavoráveis, disse nesta quinta-feira a corretora e consultoria INTL FCStone.

A queda na produção na Índia levará a um déficit global de oferta de açúcar em 2019/20 de 7,7 milhões de toneladas, um desenvolvimento visto como crucial na redução de grandes estoques em alguns países produtores.

Na safra anterior, a Índia produziu 32,9 milhões de toneladas, segundo a FCStone, um volume que foi chave para pressionar os preços globais.

Anteriormente, a corretora esperava um déficit global de 5,9 milhões de toneladas.

  A FCStone também reduziu sua estimativa de produção para a União Europeia em 200 mil toneladas, para 16,5 milhões de toneladas.

As estimativas para outro país produtor importante, a Tailândia, permaneceram inalteradas em relação a agosto, em 13,2 milhões de toneladas, uma produção menor do que a registrada na temporada anterior (14,9 milhões de toneladas).

“A Tailândia ainda possui grandes estoques. Esperamos que suas exportações continuem fortes em torno de 10 milhões de toneladas por ano”, disse Ligia Heise, analista de açúcar do INTL FCStone.

Ela disse que uma forte atividade de exportação da Tailândia pressionará os prêmios de exportação brasileiros por um tempo, impedindo qualquer melhoria de curto prazo no negócio de açúcar para as usinas brasileiras.

A produção indiana foi impactada por chuvas excessivas, que afetaram a produção atual, mas poderiam ser positivas para a safra futura.

“Os reservatórios estão cheios na Índia e sabemos que para os produtores de cana o preço não importa muito, o que importa são as condições climáticas”, disse o analista Bruno Lima, durante um dos vários seminários em São Paulo na semana em que a cidade realiza o bienal Sugar Dinner.

“Quando as condições são boas para o plantio, você pode contar com mais açúcar vindo da Índia”, disse ele, indicando que, mesmo que os preços do açúcar melhorem com o déficit atual, esse movimento para cima pode durar pouco (Reuters, 31/10/19)