África aumenta participação nas exportações do agronegócio
Soja — Foto Divulgação Confederação Nacional da Agropecuária
União Europeia e Estados Unidos têm menor presença no mercado brasileiro.
Os países africanos aumentaram a participação nas exportações brasileiras deste ano. Já os europeus diminuíram. A Ásia continua sendo o carro-chefe.
Embora com participação ainda pequena em relação aos grandes importadores, os gastos dos africanos no Brasil superam os dos países do Mercosul e da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração).
As importações se concentram mais em açúcar, carnes e cereais. De janeiro a setembro, os africanos deixaram no Brasil US$ 7,3 bilhões em produtos do agronegócio, 8% a mais do que em igual período anterior.
Os gastos em carnes, principalmente com as de frango, atingiram US$ 1,12 bilhão; os com cereais chegaram a US$ 1 bilhão.
A União Europeia pisou no freio. As despesas dos países do bloco com produtos do agronegócio brasileiro recuaram para US$ 16,6 bilhões até setembro, 14% a menos do que em igual período do ano passado.
As maiores retrações dos europeus ocorreram nos setores de soja, café e cereais. A Espanha, importante na importação de milho, gastou 21% a menos neste ano do que em 2022.
Alemanha, com recuo de 22%, e Itália, com retração de 10%, também participaram menos do mercado brasileiro, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
A Ásia, principal destino da produção nacional, aumentou ainda mais a participação na balança comercial. Nos nove primeiros meses do ano passado, os asiáticos foram responsáveis por 51% das receitas obtidas pelo Brasil. Neste ano, a taxa subiu para 54%.Todos os principais parceiros da região elevaram as compras. Entre eles, China, Japão, Tailândia, Coreia do Sul e Vietnã.
Na América do Norte, os Estados Unidos vêm comprando menos, mas o México elevou os gastos no Brasil em 48% até setembro. Com essa alta, o país já absorve 2% das exportações brasileiras do setor.
Na América do Sul, o destaque vem sendo a Argentina. A quebra de safra no país vizinho, devido às condições climáticas desfavoráveis, fez os argentinos dobrarem a importação no Brasil. Tradicionalmente com pequena participação no mercado brasileiro, por cultivar as mesmas culturas, os argentinos subiram para o quinto principal importador do Brasil neste ano.
Exportações
O Brasil deverá atingir 157 milhões de toneladas nas vendas externas de soja, milho, farelo e trigo até o final deste mês. No ano passado, foram 146 milhões, segundo a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais).
Deflação no campo
Os preços dos produtos agropecuários caíram 1,41% neste mês no atacado, conforme o IGP-10 da FGV. No ano, a deflação acumulada é de 15,5% e em 12 meses atinge 17,4% neste setor.
As principais quedas nos alimentos se verificam nos preços de leite, soja, ovos, banana e mandioca. Cana-de-açúcar e carne bovina lideram as altas.
Novos números
A área a ser cultivada com soja deverá somar 45,1 milhões de hectares em 2023/24. Com uma produtividade média de 3.650 kg por hectare, a produção nacional poderá chegar aos 165 milhões de toneladas.
A estimativa é da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), que leva em consideração condições climáticas normais.
Com uma produção maior, o processamento interno de soja poderia chegar a 53,5 milhões de toneladas, gerando 41 milhões de farelo de soja e 10,8 milhões de óleo.
Preço em baixa
Dos 17 produtos da balança comercial brasileira relacionados ao agronegócio, e analisados pelo Itaú BBA, apenas 4 tiveram alta em setembro, em relação a igual mês de 2022.
Uma das quedas foi a da carne bovina, um dos principias produtos na balança comercial. Em setembro do ano passado, a tonelada dessa proteína valia US$ 6.000. Neste ano, está em US$ 4.537, uma queda de 24% (Folha, 18/10/23)