09/06/2020

Agricultura digital vai crescer após pandemia

Drone da Embrapa

Drone da Embrapa. Produtores do País vão investir mais em manutenção Foto: Clayton de Souza/Estadão

 

Constatação é da consultoria global de gestão e estratégia Boston Consulting Group, que ouviu produtores de alguns países e revelou que brasileiros estão tão interessados em agricultura digital quanto os Estados Unidos.

O isolamento social em tempos de pandemia despertou no setor agropecuário a necessidade de adotar tecnologias que reduzam a dependência de mão de obra em algumas atividades e que aproximem produtor e consumidor. A constatação é da consultoria global de gestão e estratégia Boston Consulting Group, que ouviu produtores de alguns países e revelou que os brasileiros estão tão interessados em agricultura digital quanto seu principal concorrente, os Estados Unidos.

Assim, 45% dos agricultores brasileiros entrevistados disseram que planejam investir mais em automação depois que a pandemia passar, ante 50% nos EUA e Canadá e 27% na Alemanha. “Os brasileiros estão dispostos a empreender mesmo com o prolongamento da crise econômica da covid-19 porque não contam com subsídios elevados como os seus pares e buscam sempre ampliar as margens apertadas de rentabilidade”, diz Fleuri Arruda, diretor do BCG. 

Aprendizado

As incertezas com a pandemia fizeram o setor “despertar” para a agricultura digital, dizem os produtores. Segundo Arruda, além de diminuir a dependência de mão de obra, ferramentas digitais podem ajudar a entender mudanças em padrões de consumo. “A pandemia trouxe à tona esses problemas.” Para ele, tecnologias ligadas à gestão e que não exigem conectividade em tempo real devem ser as mais procuradas. 

Em escala

O estudo da Boston mostra, ainda, que 36% dos entrevistados brasileiros investem regularmente em digitalização. A maior parte está no Centro-Oeste e no oeste da Bahia. Produtores de pequeno e médio portes tendem a ganhar representatividade nesse processo, acredita Arruda, embora em menor intensidade. Entre as culturas, soja, algodão e cana-de-açúcar devem receber o maior volume de investimento em automação.

Online

A JBS vai conectar nas granjas sensores a softwares para ampliar e automatizar o monitoramento da produção de aves e suínos. O projeto “Granja 4.0” será aplicado no primeiro ano em cem granjas da região de Seara (SC). Em três anos, a meta é ter habilitadas 70% das 10 mil unidades que atendem à JBS, conta José Antônio Ribas Jr., diretor de Agropecuária.

Fora dispositivos tradicionais, de medição de consumo de água e temperatura, estão sendo desenvolvidos outros, como câmeras 3D para monitorar o comportamento dos animais. A partir daí, algoritmos de inteligência artificial recomendarão mais ações para produtividade e conforto animal. 

Big Brother

Nessa iniciativa, a JBS conta com a F&S Consulting, que desenvolve sensores, tecnologias de inteligência artificial e softwares, e com a TIM, que garantirá a conectividade das granjas com o exterior. Em cerca de 40% das propriedades do piloto, a Tim terá de instalar novas torres com 4G. “Meu sonho é ter granjas com câmeras 24 horas por dia ligadas, para que as pessoas vejam que nosso processo é limpo, transparente e de respeito ao animal”, diz Ribas (Broadcast, O Estado de S.Paulo, 8/6/20)