Agricultura e Agronegócio - Parte 2 – Por Aparecido Mostaço
APARECIDO MOSTAÇO
“...Deus abençoe o homem que semeia o trigo, Que produz o leite, as frutas e a carne; Que sua bolsa esteja sempre próspera, seu coração sempre leve, Que seu gado e seu milho estejam sempre bem; Deus abençoe as sementes que suas mãos deixam cair no solo; Afinal, o fazendeiro (produtor) tem a missão de alimentar a todos.”
Defino o agronegócio brasileiro em duas palavras: eficiência e determinação.
É eficiente porque criou todo um ecossistema que envolve as cadeias de produção, insumos, máquinas, crédito, logística, tecnologia, academia de conhecimento, indústria de transformação, exportadores e varejistas, focados e direcionados para além de produzir alimentos, roupas, energia, geram lucro e progresso para todos.
É determinado porque não desiste diante de tantos obstáculos e adversidades que enfrenta, sejam climáticos com quebra de safras, falta de crédito, falta de seguro rural, dívidas altas, mas sempre acreditando que amanhã será outro dia e que ano que vem terá uma safra muito melhor e que o sol sempre vence a escuridão das dificuldades.
Nas últimas décadas, o setor aumentou ano a ano a sua eficiência, produzindo mais com menos e de melhor qualidade. E agora está focado em avançar na melhoria da governança. Toda essa eficiência é fruto de fazer o que precisa ser feito do jeito certo.
Na agricultura (e na vida) não tem meio termo, ou você faz o certo ou está errado, não existe meio certo e meio errado. Fazendo o certo, a produção agrícola de 2021 foi de R$ 743 bilhões, um novo recorde com quase 60% superior ao alcançado em 2020. Contribuindo com muitos impostos e empregos gerados.
Há muitos anos venho provocando uma reflexão, que o agro precisa de uma liderança corajosa e inspirada que saiba reformular e vender uma nova imagem de um agronegócio que respeita os seus valores, (que são consistentes), mas que seja comprometido em assumir um protagonismo maior e mais assertivo nas questões de governança ambiental e social. Da porta para dentro somos imbatíveis, da porta para fora precisamos melhorar muito.
É preciso sair das “cordas” da defesa e partir para o “ataque” inteligente de vender tudo aquilo que fazemos com excelência e começar a inovar em tudo aquilo que precisamos enfrentar e melhorar.
Precisamos enfrentar duas realidades imediatas; o agro deve ser o defensor número 1 do meio ambiente porque depende dele para produzir. Usando a analogia de Dawkins “O Rio que saía do Éden”, é como se tivéssemos um único rio para toda a água que precisamos, para tomar, para irrigar, para pescar, para viver. Se o rio secar, ou ficar inadequado para o uso, todos morreremos.
E o agro também, deve ser o defensor número 1 do combate a fome (hoje temos 33 milhões de brasileiros que não tem o que comer), porque é um dos maiores produtores de alimento do mundo. Seria incoerência se não se importasse com esse drama social. E um dos caminhos poderia ser a criação de um Fundo Garantidor de Segurança Alimentar, e claro, com toda contrapartida tributária dos governos.
Estamos vivendo em um mundo altamente competitivo, onde não basta você ser bom, você precisar mostrar para o mundo que você é bom. Bom no sentido de eficiência e bom no sentido de ter coração. E nesta guerra de narrativas é preciso ser muito eficiente, não apenas no campo, mas principalmente nos argumentos, na consistência dos dados e na excelente capacidade de comunicação (Aparecido Mostaço é CEO da Energia Humana Consultoria)