Agricultura estima VBP de 2021 em R$ 1,10 trilhão
O Ministério da Agricultura calcula o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2021, estimado com base nas informações de setembro, eme R$ 1,103 trilhão, alta de 10% em relação ao valor do ano passado. "O valor das lavouras cresceu 12%, e da pecuária, 6,1%. Decompondo-se o VBP, verifica-se que as lavouras respondem por 67,7%, e a pecuária por 32,3%", disse a pasta, em nota. As maiores contribuições vieram de soja, milho, cana-de-açúcar, carne bovina e carne de frango. "Juntos, sua contribuição foi de 72,4%."
Ainda conforme o Ministério, os recordes de valor, obtidos em uma série de 32 anos, foram observados em algodão (R$ 29,8 bilhões), milho (R$ 121,6 bilhões), soja (R$ 360,3 bilhões) e trigo (R$ 12,8 bilhões). Na pecuária, os recordes foram obtidos em carne bovina e carne de frango.
Contribuições negativas ao VBP foram observadas em amendoim, banana, batata inglesa, cacau, café, feijão, laranja, tomate, mandioca e uva. "Os resultados do VBP deste ano carregam os efeitos de impactos climáticos ocorridos em 2020 e 2021. Falta de chuvas, secas e geadas afetaram produtos relevantes como milho de segunda safra, café, feijão e outros."
A pasta ressalva, entretanto, que as boas condições do mercado internacional e os preços internos favoráveis permitiram oe crescimento do agronegócio em 2021. "Quanto aos preços, podem-se destacar fortes elevações neste ano em algodão em caroço (27,4%), café arábica (22,2 %), cana-de-açúcar (10,0 %), milho (27,1%), soja (16,4%) e trigo (5,0%)."
O VBP corresponde ao faturamento bruto dentro do estabelecimento. É calculado com base na produção da safra agrícola e da pecuária e nos preços recebidos pelos produtores nas principais praças do País, dos 26 maiores produtos agropecuários do Brasil. O valor real da produção, descontada a inflação, é obtido pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (Broadcast, 14/10/21)
VBP cresce para exportador e cai para produtor voltado ao mercado interno
Receitas com feijão, mandioca, batata, tomate e outros produtos de consumo interno serão menores neste ano do que em 2020.
Os números do agronegócio são impressionantes neste ano. O VBP (Valor Bruto de Produção) das lavouras, considerando as receitas das 17 principais atividades agrícolas do país, deverá atingir R$ 747 bilhões dentro da porteira, com crescimento de 12% em relação a 2020.
Essa evolução tem um significado ainda maior porque a base de comparação é muito elevada. O VBP de 2020 já havia sido 22% superior ao do de 2019.
Os dados são do Ministério da Agricultura e foram corrigidos pelo IGP-DI. Eles apresentam uma situação bastante confortável para os produtos exportáveis, mas o cenário não é bom para os destinados ao mercado interno.
Da lista dos 17 produtos acompanhados pelo ministério, 11 deles deverão ter queda real no valor de produção deste ano, em relação a 2020.
Banana, batata, mandioca, feijão, mamona e tomate estão nessa lista de queda. Voltados basicamente para o mercado interno, esses produtos sofrem um revés duplo do dólar.
Primeiro, os produtores não têm o benefício das exportações. Quanto mais valorizada a moeda dos Estados Unidos, maior a receita em reais para os exportadores.
Ao contrário, as cadeias voltadas para o mercado interno sofrem a perda do poder de compra dos consumidores, devido à inflação e ao desemprego.
De outro lado, os produtores voltados para o mercado interno recebem todos os custos pesados trazidos pelo dólar, quando vão adquirir os insumos de produção, em sua grande maioria importados.
Pelo menos 84% das receitas totais do Valor Bruto de Produção deste ano ficarão com apenas cinco produtos, todos com grande presença no mercado externo.
A liderança é da soja, cujo valor de produção deverá atingir R$ 360 bilhões neste ano, 48% do total do VBP.
As receitas com as exportações da oleaginosa estão estimadas em US$ 39 bilhões. Considerado todo o complexo soja (grãos, farelo e óleo), esse valor sobe para US$ 47 bilhões.
Outros dois destaques são milho e cana-de-açúcar. No caso do cereal, as receitas somarão R$ 122 bilhões, com aumento de 6,2% no ano.
Já a cana, devido à forte demanda externa por açúcar e à aceleração interna dos preços do etanol, deverá render R$ 83 bilhões dentro da porteira, um valor acima do de 2020, mas ainda inferior aos R$ 112 bilhões de 2017 (Folha de S.Paulo, 15/10/21)