Agricultura perde fôlego, exporta menos e importa mais
Exportações médias recuam 21% no mês passado; importações, puxadas por soja e arroz, aumentam 3%.
As exportações agropecuárias perdem fôlego neste início do quarto trimestre do ano. As vendas externas médias de outubro —consideradas as receitas obtidas por dia útil— ficaram 21% inferiores às de igual mês de 2019.
Já as importações, devido à aceleração nas compras externas de produtos básicos neste segundo semestre, aumentaram 3% no período.
A agricultura, assim, inverte o comportamento que vinha obtendo neste ano. Foi o único setor a aumentar as importações e a registrar queda nas exportações, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Os gastos com o aumento das importações têm como base soja e arroz, produtos que foram isentados de tarifa de importação recentemente. Essas importações, porém, não têm muita relação com essa liberação de importação, mas com o volume de produto já exportado, facilitado pela taxa de câmbio.
As compras externas de soja somaram 71 mil toneladas no mês passado. No mesmo mês de 2019, eram apenas 1.380. Com isso, as importações acumuladas neste ano já somam 599 mil toneladas, 379% mais do que em 2019.
Essas compras externas são necessárias porque o país já colocou 82 milhões de toneladas de soja no mercado externo até o final de outubro, 24% mais do que em 2019. As receitas deste ano somam US$ 28,1 bilhões, apenas com as vendas da soja em grão.
As exportações favoráveis ao arroz neste ano, devido ao real fraco, também forçam o país a aumentar as importações nessa reta final de ano. A partir de janeiro começa a chegar ao mercado a safra 2020/21.
Em outubro foram importadas 81 mil toneladas do cereal sem casca, 15% mais do que em igual mês de 2019.
Apesar da necessidade de importações, as empresas continuam cumprindo contratos de exportações. No mês passado, saíram 90 mil toneladas do cereal industrializado pelas fronteiras do Brasil, 59% mais do que em outubro de 2019.
Milho e trigo não apresentaram evolução de compras no mês passado. Ambos tiveram reduções também nas importações acumuladas no ano.
A importação de trigo recuou para 5,37 milhões de toneladas de janeiro a outubro, enquanto a de milho caiu para 876 mil no mesmo período.
As carnes bovina e de frango também ajudaram a enfraquecer as exportações de outubro. Ambas tiveram redução no volume comercializado no mercado externo. A suína, devido à persistente demanda chinesa, mantém ritmo forte de exportação, segundo a Secex (Folha de S.Paulo, 4/11/20)