04/04/2018

Agrishow cobra programas de incentivo à indústria e ao agronegócio

Agrishow cobra programas de incentivo à indústria e ao agronegócio

Empresários dizem que setor agrícola tem 'sustentado' o país na crise e pedem desoneração fiscal. Feira em Ribeirão Preto (SP) espera 150 mil visitantes e R$ 2,3 bilhões em negócios.

Os organizadores da Agrishow 2018 dizem que vão cobrar dos pré-candidatos à presidência da República propostas de incentivo à indústria e ao agronegócio, principalmente desoneração fiscal, justificando que os produtores rurais vêm “sustentando” o país durante a crise nos últimos anos.

Apesar de ser direcionada ao setor agrícola, a feira que acontece há 25 anos em Ribeirão Preto (SP) costuma receber políticos do todo o país. Em 2015, por exemplo, o presidente Michel Temer (MDB) esteve no evento, quando ainda ocupava a vice-presidência.

Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Carlos Marchesan afirmou que um documento com as principais reivindicações já está sendo entregue aos postulantes ao Executivo federal.

Marchesan explicou que medidas adotadas pelos governos nos últimos 35 anos levaram ao que chama de “desindustrialização” do país, e defendeu a volta do crescimento do setor. Mas, para isso, segundo o empresário, são precisos ajustes econômicos.

“Nós sabemos que a indústria é a que mais agrega impostos, a que mais agrega renda e a que melhor paga o trabalhador. Mas, ela perdeu a importância. Ela tinha 20% de participação no PIB e hoje tem 10%. Nem por isso, deixa de recolher 20% de impostos”, criticou.

O presidente da Abimaq citou ainda a reforma tributária nos Estados Unidos, afirmando que está diretamente ligada à geração de empregos, a partir do momento em que permite à indústria ampliar os investimentos.

“O presidente Donald Trump, quando fez essa reforma tributária, falou quatro palavras que não saem da minha cabeça: job, job, job, job. Quer dizer: trabalho, trabalho, trabalho e trabalho. É isso que precisamos para o Brasil, que o povo brasileiro volte a trabalhar”, disse.

Presidente de honra da Agrishow, o empresário Maurílio Biagi também defendeu a adoção de programas de incentivos ao agronegócio, afirmando que, apesar das dificuldades, o setor vem sustentando a economia nos anos de crise.

“Eu falo isso com certa tristeza porque, na verdade, a gente vem perdendo espaço em relação a outros segmentos da economia brasileira. A agricultura tem sido o esteio do Brasil, tem sido a atividade econômica que tem mantido o Brasil”, afirmou.

O discurso é replicado pelo atual presidente da Agrishow e vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Francisco Matturro, explicando que o setor continuou crescendo porque se “descolou” da política.

“O Brasil é o único país do mundo que pode fazer duas safras por ano, e faz. Em alguns lugares, já fazemos três. Nós temos gente – com adoção de tecnologia, integração lavoura-pecuária e, em alguns casos também a floresta – fazendo quatro safras por ano. Mas, essa safra não começou a ser plantada agora. O agricultor vem fazendo a lição de casa todo dia.”

A 25ª Agrishow acontece entre 30 de abril e 4 de maio, e espera receber cerca de 150 mil visitantes de 70 países. A expectativa dos organizadores é que o volume de negócios alcance R$ 2,3 bilhões, o que representa 8% de aumento em relação ao ano passado (G1, 3/4/18)