Agrishow escolhe presidente sub judice da Faesp como “garoto-propaganda”
Os organizadores da 30ª edição da Agrishow, que será promovida em Ribeirão Preto no período de 28 de abril a 2 de maio deste ano, escolheram Tirso Meirelles, presidente sub judice da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo – Faesp/Senar, como “garoto-propaganda” deste que é o maior evento de promoção de uma das maiores feiras agrícolas no mundo e a maior feira agropecuária do Brasil. A Agrishow foi criada numa inciativa do produtor rural e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, no ano de 1994 e teve como presidente personalidades como a de Francisco Matturro, ex-secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Na condição de filho do comendador Fábio de Salles Meirelles - que se manteve por 12 reeleições na presidência da Faesp/Senar, ou seja, quase meio século, se tornando o mais longevo sindicalista patronal da história brasileira, marcou suas gestões como uma autêntica “capitania hereditária no agronegócio” e foi protagonista de escândalos e mal feitos denunciados pela mídia nacional - Tirso foi ungido pelo pai para sucedê-lo.
Nas eleições anunciadas para o começo do mês de dezembro de 2023, Tirso mostrou a que veio, organizando um pleito que acabou sendo anulado pela Justiça do Trabalho de São Paulo e em decisão mantida por unanimidade no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, por indícios de fraude e irregularidades. Ele sequer registrou o pedido de registro da chapa de oposição “Nova Faesp”, iniciando uma série de denúncias no âmbito da Justiça.
Tirso Meirelles chegou ao acinte de alugar o Theatro Municipal de São Paulo para realizar sua auto posse que seria no dia 14 de abril do ano passado. Centenas de autoridades e lideranças foram convidadas mas, atendendo a pedido de Paulo Junqueira, advogado e presidente do Sindicato Rural e da Associação Rural de Ribeirão Preto e também da Associação Rural do Vale do Rio Pardo, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região acabou suspendendo o evento.
A partir daí ele iniciou um processo de perseguição implacável contra os dirigentes de sindicatos que se opõem a ele, chegando a reduzir os recursos de transferência das verbas federais do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar na ordem de 60% a 80% no exercício de 2024 e a 100% neste exercício de 2025.
Na semana passada, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo reconheceu a violação dos direitos do Sindicato Rural de Araraquara obrigando a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo – Faesp/Senar, a transferir os recursos que foram retirados nos exercícios de 2024 e 2025. Outros sindicatos aguardam a manifestação do mesmo Tribunal de Justiça para que possam manter os cursos de formação e requalificação profissional através do Senar.
A abertura da edição do ano passado da 29ª edição da Agrishow foi marcada por dois eventos constrangedores. O primeiro, foi a transferência da abertura para o dia 28 de abril, um domingo, quebrando a tradição dos anos anteriores de abertura numa 2ª feira. A manobra atendia aos pedidos do governo federal já que no ano anterior, o ministro da Agricultura Carlos Fávaro, criou a falsa narrativa de que havia sido “desconvidado”. Na verdade, ele se sentiu constrangido porque o ex-presidente Jair Bolsonaro participaria de visita à feira no mesmo horário.
Governador Tarcísio de Freitas se esquiva de tentativa de abraço de Tirso Meirelles em evento no Palácio dos Bandeirantes. Foto Blog Faesp Senar
No ano passado, enquanto um pequeno grupo de autoridades e dirigentes da feira aguardavam na Agrishow a chegada do governador Tarcísio de Freitas, ele preferiu seguir do Aeroporto Leite Lopes diretamente para o cruzamento das avenidas Presidente Vargas e Prof. Fiuza, um dos pontos nobres da cidade de Ribeirão Preto, onde Paulo Junqueira organizava um mega evento contando com as participações do ex-presidente Bolsonaro, do governador do Estado de Goiás Ronaldo Caiado, de senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos, vereadores e dezenas de milhares de pessoas. Foi, segundo especialistas, o maior evento até então promovido em Ribeirão Preto e região.
Cana-de-açúcar e laranja
Dirigentes de sindicatos da oposição a Tirso Meirelles estão avaliando a possibilidade de reunirem parte dos inscritos nos cursos cancelados pela Faesp-/Senar por imposição e capricho dele, para realizarem uma onda protestos junto ao estande que a Faesp/Senar mantém na Agrishow. Eles também lembram que a compra de 10% do controle acionária da feira, feita pelo comendador Fábio de Salles Meirelles, encontra-se sub judice e há um processo que corre em segredo de justiça.
Vale ressaltar que os sindicatos perseguidos pelo presidente sub judice Tirso Meirelles representam e são responsáveis pelas duas das maiores commodities agrícolas do Estado de São Paulo e do País, a cana-de-açúcar e a laranja. “Vamos esgotar todos os recursos no âmbito da Justiça mas, ao mesmo tempo, não vamos nos calar e aceitar passivamente o comportamento irresponsável e predatório imposto por Tirso Meirelles que, antes de tudo, precisa junto com a sua diretoria, provar que são legítimos e autênticos produtores rurais”, afirma um dos líderes da oposição (Da Redação, 11/2/25)