Agro brasileiro só tem a ganhar se ficar fora da guerra comercial

Mercado global de carne é dominado pelo Brasil e pela China, diz Marcos Jank. Foto Divulgação
O agro brasileiro só tem a ganhar se ficar fora da guerra comercial iniciada pelos EUA. Quem garante é o professor Marcos Jank, do Insper Agro Global.
“Se o Lula ficar sem falar nada por três meses, ajuda muito”, disse o especialista no Encontro de Confinadores da Scot Consultoria em Ribeirão Preto (SP) nesta quarta-feira (9/4).
Jank vê três hipóteses de desfecho da política de reciprocidade do presidente americano, Donald Trump. No cenário mais provável, Trump vai assinar “acordos cosméticos” com países que queiram negociar como Japão, Vietnã e outros da Ásia. Na segunda hipótese, vão ocorrer retaliações recíprocas mais amplas, como já fez a China e como ameaçam Canadá e a União Europeia.
Na última hipótese, Trump dobra a aposta e mantém tarifas altas, abrindo espaço para a China e prejudicando o consumidor americano. Esse seria o cenário do que Jank chama de a "Grande Depressão 2". "Estamos no meio de um furacão das duas maiores economias colocando tarifas acima de 100%", afirma o especialista.
Mercado de carne
Jank também destaco a importância do mercado externo para o desenvolvimento do setor de carne bovina brasileiro. "Nosso mercado interno está no limite, consumimos quase 100 quilos de carnes per capita por ano, e o que vai puxar o crescimento da nossa produção é o mundo."
Segundo o professor, quem domina hoje o mercado da carne no mundo é o Brasil, que tem superávit na produção, sanidade e confiança e é o maior exportador, e a China, que tem déficit e precisa importar.
Para elevar ainda mais as receitas das suas exportações, Jank diz que o Brasil precisa investir em produções de nicho para atender mercados mais exigentes. A abertura do mercado premium japonês e do mercado da Coreia do Sul devem ser as prioridades (Globo Rural, 9/4/25)