Agro: Por que o Brasil bate recordes e os EUA têm déficit na balança?
Por Paulo Amaral
O agronegócio vive momentos diferentes no Brasil e nos EUA. Enquanto acumula recordes por aqui, por lá registrou déficit em 3 dos primeiros 4 meses de 2020.
No Brasil, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimento (MAPA), mais de 700 estabelecimentos agropecuários foram habilitados a exportar para 24 países desde janeiro do ano passado.
A consistência da expansão do setor pode ser medida pelo valor recorde das exportações do agronegócio no mês de maio, quanto bateu a marca de US$ 10 bilhões em exportações, superando o anterior, de US$ 9,65 bilhões, em abril de 2013.
Nos Estados Unidos, por sua vez, de janeiro a abril de 2020, as importações superaram em US$ 786 milhões as exportações, conforme informações do jornal Folha de S.Paulo.
O segredo do sucesso do Brasil
O agronegócio foi o único setor da economia nacional a conseguir crescer em meio à pandemia de coronavírus no País, subindo 1,9% no trimestre, enquanto o PIB apresentou retração de 1,5% no período.
Os segredos do sucesso da agronomia em meio ao aumento do desemprego, da retração do PIB e de toda a instabilidade causada pela pandemia de coronavírus são muitos.
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), a safra boa é um deles.
“O primeiro é o desempenho das lavouras e da pecuária, que têm obtido crescimento excepcional neste ano. O IBGE destaca o desempenho da produção de soja e do arroz, que têm apresentado elevado crescimento da produção”, pontuou José Garcia Gasques, coordenador geral de Avaliação de Políticas da Informação do Mapa.
“O IBGE destaca o desempenho da produção de soja e do arroz, que têm apresentado elevado crescimento da produção”, completou.
Desde janeiro do ano passado, o país abriu mais de 65 mercados para os produtos agropecuários nacionais. Desse total, apenas este ano foram 30 mercados conquistados pelo País.
“Isso mostra que o mundo olha o Brasil como grande fornecedor de alimentos, supridor de alimentos”, comentou a ministra Tereza Cristina.
Somente no início dessa semana, quatro unidades frigoríficas de aves e uma de suínos foram credenciadas pelo ministério.
“Temos tido sucesso com isso porque, além da grande safra que foi colhida neste verão, temos tido a logística absolutamente normalizada. Portanto, além do abastecimento dos 212 milhões de brasileiros, também temos conseguido cumprir a nossa missão de provedores de alimentos do mundo, comemorou a Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
De acordo com os dados do IBGE, o Governo Federal tem atuado intensamento na abertura de mercados para os produtos agro brasileiros e, por isso, colhendo frutos positivos.
Desde janeiro de 2019, foram mais de 60 mercados abertos para produtos como castanha-de-baru (Coreia do Sul), melão (China), gergelim (Índia), castanha do Pará (Arábia Saudita) e material genético.
Dólar alto também ajuda
Outro fator positivo é o dólar. O alto valor deve ajudar o setor a registrar a maior produção, em valor bruto, dos últimos anos: R$ 728 bilhões.
O valor, se atingido, representará 25% da economia brasileira no ano de 2020, e apresentará uma alta de 11,8% em relação à produção de 2019, antes da pandemia.
De acordo com a CNA, a reabertura econômica dos países da Ásia e da Europa serão fundamentais também para o sucesso da agropecuária brasileira.
A necessidade desses países de repor seus estoques farão com que a agropecuária do País abracem aproximadamente 60% das exportações do Brasil no ano.
Os motivos do déficit nos EUA
Os Estados Unidos, por outro lado, têm visto o estremecimento das relações com a China prejudicar o agronegócio do país.
Os números apontam que, de outubro de 2019 até abril deste ano, as receitas dos americanos com as vendas externas de produtos do agronegócio somaram US$ 81,9 bilhões, apenas US$ 3,9 bilhões a mais do que as importações.
De acordo com a Folha de S. Paulo, em março desse ano os chineses compraram apenas 209 mil toneladas de soja dos americanos, 85% menos do que em igual período de 2019.
Problemas à vista?
A reportagem apontou que o Brasil, apesar de estar em boa situação, pode enfrentar problemas em breve.
O Parlamento holandês teria rejeitado o acordo comercial entre a União Europeia e Mercosul justamente por conta de problemas ambientais e trabalhistas no Brasil.
O Comitê de Assuntos Tributários dos Estados Unidos abordou a mesma questão para vetar um acordo com o Brasil defendido pelo presidente Donald Trump.
O assunto poderá se tornar ainda mais polêmico em breve, quando forem divulgados os números oficiais do desmatamento no País, seguramente mais altos do que no ano passado (euqueroinvestir.com, 5/6/20)