02/02/2022

Agronegócio está mais otimista com economia global do que com Brasil

AGRONEGOCIO -Foto Paulo Fridman Corbis via Getty Images com montagem logo pwc

AGRONEGOCIO -Foto Paulo Fridman Corbis via Getty Images

Instabilidade macroeconômica afeta percepção de executivos sobre o país.

Executivos do agronegócio brasileiro estão mais otimistas com o desempenho da economia global do que com o cenário para a atividade no país em 2022. É o que indica uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (1º) pela PwC.

Para 77% dos executivos do agronegócio entrevistados no Brasil, a economia mundial deve acelerar neste ano. Essa fatia cai para 57% quando o assunto é o otimismo com o crescimento do país, segundo o levantamento.

O quadro reflete principalmente a instabilidade macroeconômica vivida pelos brasileiros, indicou Maurício Moraes, sócio da PwC Brasil. Esse fator foi apontado por 57% dos executivos do setor como preocupação para este ano.

"A avaliação é que estamos passando no Brasil por uma instabilidade, que foi apontada como ponto principal pelos respondentes. A instabilidade macroeconômica faz com que se tenha menos otimismo", disse Moraes.

Os dados integram a 25ª edição da Pesquisa Global com CEOs da PwC, que ouviu mais de 4.400 executivos em 89 países. Desse grupo, 4% são brasileiros de diferentes setores, incluindo o agronegócio.

Os números relativos ao agro guardam semelhanças com recortes já produzidos pela PwC com outros setores.

No segmento de serviços financeiros, 81% dos CEOs brasileiros apostam no crescimento global neste ano. A fatia cai para 52% entre os que preveem melhoria do PIB (Produto Interno Bruto) do país em 2022.

No setor classificado como consumo, 82% dos CEOs brasileiros projetam crescimento global neste ano. A parcela recua para 63% em relação ao PIB do Brasil em 2022.

Segundo a PwC, a confiança dos executivos do agronegócio brasileiro aumenta quando o recorte é sobre o crescimento de suas empresas.

Para 74% dos líderes do setor, as receitas tendem a avançar neste ano. O nível é superior à média dos executivos brasileiros no geral (63%).

"O agronegócio é muito importante para o Brasil e vem aumentando ano a ano sua representatividade no PIB brasileiro, gerando riquezas e atraindo investimentos em toda a cadeia, principalmente em tecnologia. O otimismo é mais do que justificado pelos resultados que esta indústria vem obtendo nos últimos anos", afirmou Moraes (Folha de S.Paulo, 2/2/22)


Agronegócio está mais comprometido com descarbonização do que outros setores

Legenda: Resultados da pesquisa reforçam que o agronegócio está à frente no processo de descarbonização. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

 

Ao todo, 37% das empresas do setor dizem ter compromissos para zerar a emissão de carbono, mostra pesquisa da consultoria PwC.

Pesquisa global com CEOs de diversos setores realizada pela consultoria PwC revela que executivos do agronegócio brasileiro estão mais comprometidos com a agenda de descarbonização que os de outros segmentos. Segundo o levantamento, 37% das empresas do setor consultadas têm compromissos para zerar a emissão de carbono.

O resultado ficou acima da média nacional, que inclui outros setores, de 27% e também da média global, de 22%. Mais de 4.400 executivos em 89 países foram entrevistados para a 25ª edição do levantamento, divulgado para a imprensa nesta terça-feira, 1.º. Do total, 4% foram CEOs brasileiros de diversos setores, incluindo o agronegócio.

 Em relação a neutralizar a emissão de carbono, 47% dos executivos do agronegócio brasileiro afirmaram estar comprometidos com essa meta. A média dos CEOs de demais setores do País que relataram compromissos com carbono neutro foi 31% e a global, 26%. Dos executivos do agro comprometidos com a agenda, 43% informaram que os projetos estão em andamento.

Para o sócio e líder de Agronegócio da PwC Brasil, Maurício Moraes, os resultados da pesquisa reforçam que o agronegócio está à frente no processo de descarbonização, já que vem priorizando as questões ambientais há mais tempo, em parte porque tem uma relação natural com os fatores climáticos.

"O agro tem isso mais presente nas suas responsabilidades pela cobrança da sociedade sobre o setor. O número de CEOs do agro que responderam ter compromissos com descarbonização é muito maior que o dos outros segmentos", disse Moraes. Ele apontou, contudo, que esse tema precisa ainda alcançar as pequenas e médias empresas do setor, hoje concentrado nas de grande porte. "As questões sociais também precisam ser enfrentadas ainda mais pelo setor", disse.

Outro ponto destacado por Moraes é que se tratam de compromissos e metas mencionadas pelos executivos com resultados dos projetos ainda a serem acompanhados. "Há trabalho importante para ser feito. O agro tem anunciado que está com agenda de redução de carbono e net zero importantes, mas é preciso acompanhar como serão divulgados os resultados destes projetos. Para este ano, esperamos ver como essa questão vai evoluir", afirmou.

Moraes também chamou a atenção para o fato de que, apesar de a maior parte das empresas incluir agendas ESG (Governança ambiental, social e corporativa) na sua estratégia, estas metas não estão atreladas às métricas de desempenho dos executivos.

De acordo com a pesquisa, a maioria dos CEOs tem metas relacionadas à satisfação do cliente, engajamento de funcionários e automação ou digitalização incluídas em suas estratégias de longo prazo. Em relação às metas voltadas às emissões de gases do efeito estufa (GEE), apenas 13% dos executivos do agronegócio responderam possuir métricas de desempenho, como remuneração variável e bonificações, atrelados ao compromisso, enquanto 43% dizem que a agenda está na estratégia corporativa de longo prazo.

"Além de aumentar a presença dos temas na agenda estratégica, é preciso aumentar o comprometimento do grupo executivo com as metas. Normalmente, grandes temas estratégicos das companhias estão atrelados às metas de desempenho de quem vai executar a estratégia como prioridade. A leitura é de que há estratégia, mas não está sendo exigida de quem está no comando", disse o sócio da PwC Brasil.

Principais ameaças

Os executivos também foram questionados sobre as principais ameaças que podem afetar negativamente seus negócios neste ano. Para os executivos do agronegócio brasileiro, a maior preocupação é a instabilidade macroeconômica, seguida das mudanças climáticas. Para os CEOs brasileiros dos demais setores, os principais riscos são a instabilidade macroeconômica, riscos cibernéticos e a desigualdade social. Enquanto na média global as principais ameaças citadas foram riscos cibernéticos, riscos à saúde e instabilidade macroeconômica.

"Instabilidade macroeconômica e a desigualdade social preocupam mais no Brasil que no mundo. No mundo, o risco cibernético é a principal ameaça para executivos globais e relevante no Brasil, mas no agro a percepção deste risco é menor nos resultados", disse Moraes (O Estado de S.Paulo, 2/2/22)