04/05/2018

Agrônomo mais velho do Brasil conhece plataformas digitais na Agrishow

Aos 103 anos, Fernando conhece novidades revolucionárias para o campo na Agrishow 2018

Desenvolvida a partir da inteligência artificial, Alice responde dúvidas sobre plantio, colheita e outras etapas da produção. Tecnologia é uma das revoluções para otimizar produtividade no campo.

Sempre que perguntada, Alice tem a resposta pronta. Sabe tudo sobre produtividade de plantio e colheita, áreas com melhor rendimento. Alice é, na verdade, uma plataforma de tecnologia que centraliza todas informações da lavoura e pode ser acessada a qualquer tempo.

A revolução tecnológica da qual Alice faz parte impressiona quem lida com o campo há muitas e muitas décadas. Aos 103 anos, o agrônomo Fernando Penteado Cardoso, considerado o mais velho do Brasil, conhece as novidades com as quais não pôde contar na era analógica. Para ele, a agricultura digital está marcando um novo ciclo na produção de alimentos. Tanto Alice como Fernando são capazes de proporcionar longos papos.

Prazer, Alice!

A novidade, que visa facilitar a vida dos agricultores com dificuldades para trabalhar com uma grande quantidade de dados digitais, foi lançada pela Solinftec. A Alice foi desenvolvida para ser uma espécie de assistente virtual. Sempre que o agricultor tem dúvidas sobre as condições da fazenda, pode recorrer a ela.

A tecnologia, que usa inteligência artificial, é baseada em redes neurais e deep learning, que pode ser entendido como um aprendizado profundo e contínuo. Segundo o CEO da empresa Daniel Padrão, foi pensada sobre quatro pilares: captação dos dados, transmissão em rede, suporte para tomada de decisões em tempo real e automação.

Legenda: Relatórios gerados pela Alice ajudam o produtor rural a obter mais informações para administrar lavoura Agrishow 2018

“A informação, quando não é bem aproveitada, não serve para muita coisa. E muitos agricultores têm dificuldades para gerenciar uma grande quantidade de dados. E aí que entra a Alice, que é capaz de oferecer, de forma imediata, as respostas que o produtor precisa para tomar a decisão também imediatamente”, explica Padrão.

Por enquanto, a Alice está preparada para fornecer dados técnicos, mas já vem sendo treinada para encontrar porquês. Cerca de 20 pessoas trabalham para o seu aprimoramento.

“Nosso objetivo é que, em breve, ela já possa responder o motivo pelo qual uma área é menos produtiva que a outra ou se é recomendável plantar ou colher naquele dia, considerando as condições climáticas”.

Experiência de décadas

A tendência de que as tecnologias permitam, daqui a alguns anos, uma automatização quase completa de uma propriedade rural foi um dos temas da visita do agrônomo Fernando Penteado Cardoso ao estande da multinacional norte-americana Trimble. Ele, que vai completar 104 anos em setembro e já recebeu várias homenagens como o agrônomo mais velho do Brasil, conheceu lançamentos em tecnologia e participou de um debate com o gerente mundial de agricultura da empresa, Abe Hughes.

Cardoso, que se formou em 1936 pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ Piracicaba), afirmou que a possibilidade de coletar e recuperar dados digitais está provocando uma revolução na agricultura do planeta.

“Sou do tempo em que se aplicava inseticida no algodão, com uma pessoa andando no meio da lavoura e batendo uma varinha para que o pó do produto caísse na plantação”.

Hoje, com a evolução tecnológica, os equipamentos conseguem selecionar os locais exatos em que os defensivos serão aplicados. A própria Trimble expõe o WeedSeeker, que, acoplado ao pulverizador, direciona o herbicida exatamente para os pontos onde estão as plantas daninhas.

De acordo com analista de desenvolvimento de negócios Rodrigo Ribas, isso evita desperdícios e favorece uma economia de até 90% na aplicação. “Com o aumento dos custos dos produtos e o fato de que as plantas foram ficando mais resistentes, a demanda está crescendo agora”.

Automatizar os processos no campo é fundamental, segundo Hughes, para que o Brasil assuma o papel que se espera do país: produzir alimentos com qualidade e segurança para ajudar a matar a fome em todo o mundo.

Cardoso concorda que sistemas como esse são o caminho para a agricultura do futuro. “A agricultura de precisão está aí para que possamos semear na época certa e executar todas as tarefas de maneira mais eficiente” (G1, 3/5/18)